Arte Artista plástica Dani Acioli explora beleza e poder feminino em telas As mulheres pintadas e desenhadas pela artista plástica e jornalista se mostram, muitas vezes, como Evas contemporâneas, sem roupa ou pudor, em suportes variados como telas, pratos, pôsteres, adesivos.

Publicado em: 27/04/2015 10:00 Atualizado em: 27/04/2015 10:49

Crédito: Nando Chiapetta/DP/D.A Press
Crédito: Nando Chiapetta/DP/D.A Press

Páginas de cadernos escolares, pedaços de papelão e fotografias foram transformados, desde cedo, em suportes para captar a subjetividade de Dani Acioli, que criou um mundo em imagens capazes de trazer a ela a consciência de ser artista. As experimentações de forma e cor feitas na infância e adolescência deram lugar a um discurso visual, que traz o feminino como ponto central de suas obras.

As mulheres pintadas e desenhadas pela artista plástica e jornalista se mostram, muitas vezes, como Evas contemporâneas, sem roupa ou pudor, em suportes variados como telas, pratos, pôsteres, adesivos. “Só agora consegui me mostrar com algo mais planejado, elaborado. Voltei a pintar mesmo há três anos. Antes, reproduzia os desenhos e os vendia como pôster, mas sentia muita falta de usar a tinta para pintar”.

Hoje, o jornalismo ficou em segundo plano com relação às obras. Agora, é representada pela Galeria Suassuna e é uma das convidadas para a exposição Joanas, em cartaz em 28 de maio no Espaço Nuvem, comemoração aos 25 anos da Galeria Joana D’Arc, com representações da francesa que se tornou mito. “Falo da fortaleza feminina, do se mostrar, se tocar. O sexo mexe com o mundo. Quero empoderar a mulher, e isso não tem de irritar ou incomodar ninguém”.

Nas obras, Dani opta por trabalhar tanto o corpo da mulher através de um prisma um mais onírico, trazendo figuras sobrenaturais ou míticas, embora, na série Estudo estado físico, em papelão, o ponto de vista seja um pouco mais realista e cru. “Gosto de brincar com o que não seja real. Uma mulher com rabo de peixe é parte de um discurso forte do que a mulher deseja. Antes, meu desenho era mais infantilizado. Quero ver as minhas mulheres maduras, demonstrando seus sentimentos”. Outro ícone do feminino com o qual ela passou a se relacionar artisticamente é o de Iemanjá. “Não há nada mais poderoso do que a força dessa orixá, mesmo que você não acredite no candomblé. Ela mexe muito com a sensualidade”.

O trabalho com a cor e as manipulações nos desenhos também sofreram modificações ao longo do tempo. A exploração das possibilidades gráficas do traço, por sua vez, deu origem a um trabalho novo, com adesivos a serem colocados em azulejos. Ao mesmo tempo, a consolidação como artista a faz aceitar referências mais antigas, como o cordel, embora este não seja o foco atual de sua pesquisa. “Meus desenhos eram em preto e branco e o aparecimento da cor foi um processo mais novo. Comecei a fazer desenhos em nanquim sobre papel colorido e exploro uma paleta mais variada. Mas toda a investigação tem a ver com a criação. É um momento importante, profundo”.

Confira algumas obras de Dani Acioli:




Suportes

 
Papelão e telas

O trabalho com papelão começou quando passou a usar as sobras das embalagens nas quais vendia seus pôsteres, em uma retomada desse suporte usado ainda na infância e adolescência. Assim, pensou a série Estudo estado físico. A palavra também aparece de forma indireta, na preparação de seus quadros. “Preparo minhas telas antes de começar a pintar com pedaços de jornal. Gosto muito de lidar com a ‘sujeira’ do quadro. A leitura de textos que me toquem também é um ponto de partida para a minha criação”.

Pôsters, adesivos e pratos

Os suportes se prestam mais à reprodução e permitem à artista trabalhar elementos gráficos, que podem remeter mais a seu traço ou a partes do corpo feminino, como o rosto ou o contorno do bumbum. “Também manipulo desenhos, quando estão em suportes possíveis de serem reproduzidos digitalmente, como os pôsteres”.

 

Onde encontrar

As obras de Dani Acioli estão à venda na Galeria Suassuna, que fica na Praça de Casa Forte, 454, Casa Forte. Entre outros artistas representados pela galeria, estão Cavani Rosas e Romero de Andrade Lima. O local é aberto à visitação de terça a domingo, das 15h às 22h, com entrada gratuita.



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