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Música A banda de frevo que Wynton Marsalis fez questão de conhecer Primeira escola profissionalizante de Olinda, criada há 60 anos, Grêmio Henrique Dias recebeu a visita do trompetista norte-americano que tocou nas ladeiras de Olinda

Por: Raquel Lima - Diario de Pernambuco

Publicado em: 02/04/2015 10:16 Atualizado em: 02/04/2015 11:11


Ivan do Espírito Santo comanda banda de frevo. Crédito: Beto Figueiroa/ Trago Boa Notícia
Ivan do Espírito Santo comanda banda de frevo. Crédito: Beto Figueiroa/ Trago Boa Notícia

Tem dias em que a montanha vai a Maomé. Foi assim na noite desta terça-feira, quando Wynton Marsalis, com alguns integrantes da Jazz at Lincoln Center Orchestra, visitou o Grêmio Henrique Dias, na Cidade Alta, em Olinda. O músico fez questão de conhecer, poucas horas depois de desembarcar em Pernambuco, a banda de frevo do ponto de cultura. Cerca de 500 curiosos, entre eles músicos locais, esperavam nos Quatro Cantos.

"Essa é uma visita fantástica. A música pernambucana está sendo premiada com a atenção de um dos maiores músicos do mundo. Elé o Messi da música. É um artista completo, como intérprete, arranjador, solista. Novo, mas cheio de ideias", declarou emocionado Ivan do Espiríto Santo, maestro e integrante da diretoria do Grêmio, que mantém a banda com "dizimistas". "Cada um contribui com o que pode, mas o gasto aqui não é grande: é conta de luz, água e imposto. O cachê é dividido para os músicos e para manutenção de instrumentos", minimiza Ivan, professor voluntário do local há 15 anos, que também toca em bandas como Orquestra Contemporânea de Olinda e Areia e Grupo de Música Aberta.

Wynton Marsalis no Grêmio Henrique Dias. Crédito: Beto Figueiroa/ Trago Boa Notícia
Wynton Marsalis no Grêmio Henrique Dias. Crédito: Beto Figueiroa/ Trago Boa Notícia
Trinta instrumentistas, de 16 a 90 anos, se reúnem todas as terça e quintas-feiras, a partir das 20h. O mais novo é Cleison José, clarinetista de 15 anos. Ao lado dele, no mesmo naipe ou conjunto de instrumentos, Nilton Almeida, 90 anos. "Nem havia diretrizes no Brasil sobre ensino profissionalizante e essa escola já funcionava", arrisca o maestro. Empolgado, Ivan disse esperar que a visita impulsionasse o gênero pernambucano. "O frevo é nu. Falta literatura. Temos composições, arranjadores incríveis, mas não temos manual de composição e análise. Não tem cadeira na universidade nem no conservatório. O frevo precisa ser estudado, ter material circular. Em qualquer banca tem revista sobre o jazz. Do frevo, só sobre o passo. Nada do ritmo", analisa.


Assista ao vídeo da passagem de Wynton Marsalis por Olinda



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