Artes cênicas Pernambuco participa do 24º Festival de Curitiba, que começa nesta terça-feira (24) Três grupos do estado foram convidados para o Fringe, a mostra paralela do evento, que segue até 5 de abril

Por: Tatiana Meira

Publicado em: 24/03/2015 09:30 Atualizado em: 23/03/2015 20:53

"Chuva chuvarada", que termina temporada domingo no Teatro Joaquim Cardozo, é uma das peças do Longânime a ser encenada em Curitiba. Foto: J. R.Junior/Divulgação
"Chuva chuvarada", que termina temporada domingo no Teatro Joaquim Cardozo, é uma das peças do Longânime a ser encenada em Curitiba. Foto: J. R.Junior/Divulgação
A maratona do Festival de Teatro de Curitiba começa nesta terça-feira (24) e segue até o dia 5 de abril, na capital do Paraná. Pernambuco não está na mostra principal - que garantiu para 2015 nomes estrelados na TV e do teatro nacionais, como Marco Nanini, Gabriela Duarte e Andréa Beltrão. Mas o estado será representado por três grupos no Fringe, a mostra paralela do evento. Dois deles têm origem no interior do estado. O Heteaçã, de Garanhuns, participa com o espetáculo de teatro de bonecos Mamulengo do Ambrósio. Já o Longânime, embora sediado no Recife, foi fundado em Macaparana. Vai a Curitiba pela segunda vez - este ano com uma mostra de teatro infantojuvenil, que inclui a apresentação de cinco espetáculos, oficinas e palestras, no Estúdio 455, espaço cultural recém-inaugurado na cidade paranaense.

O terceiro selecionado é o Máquina de Sonhos, que mostra The Célio Cruz Show, baseado no texto do dramaturgo pernambucano Newton Moreno, e com direção de Wellington Júnior. Segundo o diretor, a companhia foi criada após o exercício final de um curso de teatro e fez curtas temporadas de apresentações. "Não vamos tanto para sermos vistos pelos curadores e sim para que os atores possam vivenciar esta experiência, mais pelo lado da pedagogia do teatro", detalha Wellington Júnior, que acompanha os 12 integrantes do Máquina.

The Célio Cruz Show satiriza as bizarrices da televisão. Foto: Máquina de Sonhos/Divulgação
The Célio Cruz Show satiriza as bizarrices da televisão. Foto: Máquina de Sonhos/Divulgação


No elenco, André Monteiro, Ayrton Soares, Binha Lemos, Carlos Duarte, Diôgo Sant'ana, Landau, Luiz Carlos Filho, Natália Cozzan,Natália Oliveira, Romário Roma, Rodrigo Hermínio, Sabrina França e Shica Farias. O texto de Newton Moreno critica as aberrações da televisão atual, através de um show de calouros que trata de casos absurdos e reais ligados à homossexualidade. "É um circo de horrores, como é na vida real. O desafio será o formato da apresentação, pois aqui no Teatro Capiba fizemos em arena. E lá, nos Correios, em Curtiba, será um auditório, com plateia frontal", compara o diretor. As sessões serão de 28 a 30 de março (dia 28, às 17h, dia 29, às 20h e no dia 30, às 10h).

Do Longânime, que existe desde o final de 2005, após a realização de uma das edições do Circuito Pernambucano de Artes Cênicas, também viaja ao Paraná uma equipe de 12 pessoas. De acordo com Waldomiro Ribeiro, o Miro, um dos três integrantes que resistem da formação inicial do grupo, serão encenadas as peças Chuva chuvarada, O Claro caminho de Clara, Dias sem sol, Um menino num rio chamado tempo, além de cinco histórias que serão contadas no formato de lambe-lambe, em espaços ao ar livre no centro da cidade.

"Sentimos necessidade de aprofundar a discussão em torno do teatro para a infância e juventude, pois existe uma carência deste universo em Pernambuco", ressalta Miro, 29 anos, contratenor formado em Música pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ele reforça que 90% do elenco se formou na instituição de ensino (em artes cênicas, música, ciências sociais) e que parte do grupo também integra o Nupeti/UFPE (Núcleo de Pesquisa de Teatro para Infância). Em Curitiba, eles se apresentam a partir de 31 de março.

Ao lado do Longânime, Miro já levou os espetáculos a lugares como escolas públicas, salões paroquiais e centros sociais, espaços improváveis para receber as peças. "Continuamos com o perfil de divulgar nosso teatro pelo interior. Tanto que, em abril, devemos voltar a Macaparana, Limoeiro e São Vicente Férrer", adianta ele. Atualmente, o grupo está em cartaz no Teatro Joaquim Cardozo, na Madalena, com O claro caminho de Clara, finalizando temporada no próximo domingo (29), às 16h, com ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Mas também haverá uma sessão de Dias sem sol, como uma prévia para a fase curitibana.

O Fringe reunirá dez Mostras Especiais, sendo cinco novas: Mostra de Teatro Universitário Grutum!, que estreia no Fringe com produções de grupos universitários; Gloriah Vigor Mortis, que apresentará uma seleção dos trabalhos da companhia curitibana homônima, sob a direção de Paulo Biscaia; 20 anos do Pé no Palco, que celebra as duas décadas da companhia teatral criada por Fátima Ortiz; 1ª Mostra Pernambucana de Teatro para Infância, que vai inaugurar o mais novo espaço teatral de Curitiba, o Estúdio 455; e Ilíada Homero Grécia 2016, que reúne dez espetáculos com os cantos da obra grega de Homero.

Estreias

A Mostra Principal de 2015 do Festival de Curitiba conta com 29 espetáculos, sendo sete estreias nacionais e cinco atrações internacionais, sendo todas da mesma companhia, a norte-americana Elizabeth Streb, que abre o evento. Já o Fringe tem 393 espetáculos na grade.
Sishman, do cearense Bagaceira, é uma das estreias da mostra principal. Foto: Jotacilio Martins/Divulgação
Sishman, do cearense Bagaceira, é uma das estreias da mostra principal. Foto: Jotacilio Martins/Divulgação

Dentre as estreias, destaque para a única montagem do Nordeste, Fishman, do Grupo Bagaceira de Teatro, sediado em Fortaleza, no Ceará. Eles comemoram 15 anos de atuação com a peça, em que aprofundam a linguagem da companhia e fazem uma reflexão sobre a dramaturgia criada na região.

As outras produções são do eixo Sul-Sudeste, incluindo Abnegação II – O começo do fim, assinada pelo paulistano Tablado de Arruar, segunda parte de trilogia que trata das relações de poder dentro de um partido político e OE, solo de Eduardo Okamoto, que contrapõe a tríade espaço-ator-palavra. Pela primeira vez, nos 24 anos em que existe o festival, a abertura será realizada pelo Balé Teatro Guaíra, com o espetáculo Cinderela, de dança contemporânea, criado para marcar os 45 anos da companhia.

O Festival deste ano é apresentado pelo Banco Itaú e Tradener, tem patrocínio da Renault do Brasil, Petrobras, Copel, Fundação Cultural de Curitiba/Prefeitura de Curitiba e UEG Araucária e apoio da Itaipu Binacional.

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