Artes cênicas Livro sobre teatro para crianças em Pernambuco é lançado no Sesc Santo Amaro Jornalista e pesquisador Leidson Ferraz é o autor da publicação Panorama do teatro para crianças de Pernambuco - 2000-2010, que tem festa de lançamento às 17h, no Sesc Santo Amaro

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 07/03/2015 11:00 Atualizado em: 06/03/2015 17:20



A memória do teatro para crianças em Pernambuco avança várias casas em sua preservação com o lançamento do livro Panorama do teatro para crianças de Pernambuco - 2000-2010, do jornalista e pesquisador Leidson Ferraz. Fruto de cinco anos de pesquisa, a publicação faz um mapeamento amplo dos espetáculos para a infância e juventude encenados em Pernambuco na década passada. O alcance do conteúdo do livro não tem preconceitos e abrange desde peças profissionais até produções amadoras e estudantis. A festa para marcar o lançamento acontece a partir das 17h de hoje, no salão de festas do Sesc Santo Amaro.

A ideia do livro veio em 2010, com a participação de Leidson no Núcleo Sesc/PE de Teatro para a Infância e Juventude, hoje extinto. A reflexão sobre essa linguagem levou à coleta de fotos, fichas técnicas e outras informações que ajudassem a identificar quem fazia teatro para crianças no Estado inteiro. O resultado foi a catalogação de mais de 600 espetáculos e 28 municípios mapeados, com a ajuda de outros três pesquisadores: Biagio Pecorelli, Mônica Maria e Claudio Siqueira. “O meu grande objetivo é dar visibilidade a esse tipo de teatro, porque ele é muito desprestigiado. Muita gente nem sabe que em cidades como Caruaru, Arcoverde, Petrolina e Limoeiro há ações teatrais voltadas para crianças. As pessoas citadas no livro ficam orgulhosas, se sentem valorizadas”.

O espetáculo "A Terra dos Meninos Pelados", de 2002, com o Grupo Teatral Arte Em Foco, também faz parte do livro. Crédito: Taveira Júnior/Divulgação.
O espetáculo "A Terra dos Meninos Pelados", de 2002, com o Grupo Teatral Arte Em Foco, também faz parte do livro. Crédito: Taveira Júnior/Divulgação.

A divisão dos capítulos segue a ordem cronológica, com um por ano. A apresentação de cada um deles foi feita a partir de pequenos parágrafos, que falam não apenas sobre a situação do teatro para crianças no Estado, mas contextualizam a política cultural da década e falam, por exemplo, sobre festivais. “Não quis fazer o livro apenas com nomes e fichas técnicas. Pontuei coisas importantes desses dez anos, não apenas de teatro, mas de TV, cinema, premiações, polêmicas. Quis contar essa história visualmente, como se fosse um grande gibi, e abrir essas informações para um público maior”, afirma Leidson.

O processo de compilação de todo o material do livro, segundo o autor, esteve entre as maiores dificuldades do processo de feitura da obra. “Os artistas não têm cuidado com sua própria memória. Quase desisti de tudo, mas gosto do desafio de pesquisar. Foi muito complicado para chegar até as pessoas, mas encontrei muita gente disposta a ajudar, como atores e técnicos. Ao mesmo tempo, falei com algumas pessoas que não queriam mexer em seus acervos, mas mesmo assim eu insistia. Foi um trabalho de formiguinha”.

A peça "Avoar", de 2007, é outra que está registrada no livro. Crédito: Rafael Coelho/Divulgação
A peça "Avoar", de 2007, é outra que está registrada no livro. Crédito: Rafael Coelho/Divulgação

Leidson pontua ainda que o objetivo da publicação não é fazer uma análise qualitativa das obras, mas, mesmo assim, observa pontos importantes no teatro infantil desde o ano 2000. “Não vejo muita diferença de qualidade entre os espetáculos ao longo desse tempo, mas é possível perceber um retorno dos grupos de teatro, em vez de ter um elenco reunido apenas durante a temporada de uma peça. Acho também que a discussão sobre o fazer teatral para a criança é menor do que, por exemplo, nos anos 80. E, em termos de divulgação, o teatro para a infância está esquecido. Me interessa um teatro voltado a todas as idades, com respeito ao lúdico e à inteligência da criança”.

PESQUISAS DE LEIDSON FERRAZ

+Memórias da cena pernambucana
A série de livros teve quatro volumes lançados em 2004, 2005, 2006 e 2009 e foi escrita pelo pesquisador, com parceria, no primeiro volume dos pesquisadores e professores Rodrigo Dourado e Wellington Júnior. As publicações são dedicadas a relembrar a história do teatro local, com depoimentos de atores e grupos que atuam ou atuaram no Estado a partir da década de 40 do século passado.

+ Teatro para crianças no Recife - 60 anos de história no século XX
A pesquisa - um desdobramento do trabalho que Leidson lança hoje -  consumiu dois anos de trabalho e foi lançada no ano passado. O processo resultou em um DVD de dados, disponível também no site do Centro Brasileiro de Teatro Para a Infância e Juventude (CBTIJ). Para a publicação em livro, o material foi dividido em dois volumes e o primeiro deles, que engloba o período entre os anos 30 e os anos 60, deve estar disponível ainda este ano. Ainda não há previsão para a publicação do segundo volume.

+ Um teatro quase esquecido - painel das décadas de 1930 e 1940 no Recife
Esta é uma das duas pesquisas em andamento realizadas por Leidson, com prazo de término até junho. A ideia é mapear a publicação do teatro para a infância e também para adultos nestas duas décadas. A intenção do autor também é a de publicar um livro, mas a data não está definida.

+ Teatro tem programa!
A pesquisa, com prazo para terminar em junho, já coletou mais de 600 programas de peças de teatro do Recife em cartaz ao longo do século 20. O material será digitalizado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e estará disponível no site da instituição em alta resolução.

+atrações
A festa de lançamento do livro, “para crianças grandes”, segundo o autor, vai ter como atrações um show da banda Mini Rock e discoteagem do jornalista e professor da UFPE Thiago Soares. Integrantes da Escola Pernambucana de Circo estarão na recepção e o Palhaço Chocolate vai fazer uma participação especial. Durante o evento, o livro será vendido ao preço promocional de R$ 20. Após a data, a publicação pode ser encontrada na Livraria Cultura e em entidades como o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão no Estado de Pernambuco (Sated) e a Federação de Teatro de Pernambuco (Feteape).



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