Música Hugo Linns apresenta novo projeto de viola nordestina em São Paulo Edital do Rumos Itaú Cultural promove estreia de "A solidão do Sol em cinzas do ar" na capital paulista

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/03/2015 06:00 Atualizado em: 27/03/2015 11:28


Hugo Linns inaugura projeto em São Paulo. Foto: Olga Wanderley/Divulgação
Hugo Linns inaugura projeto em São Paulo. Foto: Olga Wanderley/Divulgação


Hugo Linns tinha 18 anos quando o professor Everton Sarmento, conhecido como Bozó, do Conservatório Pernambucano de Música, lhe entregou uma viola nordestina em mãos pela primeira vez. Bozó pretendia acrescentar a sonoridade do instrumento às peças de choro que desenvolvia junto ao grupo de estudantes do qual Hugo fazia parte. Nenhum deles havia se voluntariado para a missão, então o professor a designou a Hugo. “Foi assim que a viola me escolheu. Eu não a escolhi”, explica o artista.

Hoje, aos 38 anos e com duas décadas de experiência como instrumentista, Hugo Linns se prepara para apresentar novo trabalho, intitulado A solidão do Sol em cinzas do ar. Contemplado pelo Rumos Itaú Cultural, o projeto consistia, de início, na composição de dez melodias durante cinco meses de produção. Hugo escreveu ainda poemas para as canções, que devem virar disco em breve. No palco do Itaú Cultural, na Região Central da capital paulista, Hugo vai contemplar ainda músicas mais antigas, sucessos da carreira. A capital pernambucana está na lista de destinos planejados para o show.

Em entrevista ao Viver, Hugo Linns fala sobre a música instrumental, os projetos atuais e os planos para este ano.  Confira:

>> ENTREVISTA

Em que consiste o projeto que você apresenta este sábado, em São Paulo?

A solidão do Sol em cinzas do ar é um projeto que desenvolvi em parceria com o Itaú Cultural. Foi o único projeto de viola nordestina instrumental contemplado pelo Rumos, que é o edital nacional promovido pelo Itaú a cada dois anos. A proposta era compor dez canções em cinco meses. Decidi, depois, fazer poemas para cada melodia.

E haverá outros desdobramentos para esse trabalho?
Sim. O projeto deve virar disco, de preferência ainda este ano. As dez faixas já estão todas prontas, foram gravadas em estúdio e serão mixadas e masterizadas em breve. Eu quis aproveitar o projeto para trabalhar em meu próximo álbum.

Hugo se apresenta com três outros músicos, que o acompanham desde 2010. Foto: Olga Wanderley/Divulgação
Hugo se apresenta com três outros músicos, que o acompanham desde 2010. Foto: Olga Wanderley/Divulgação


O que será apresentado em São Paulo amanhã?
Esse show é inédito. Apresentarei as dez músicas do projeto desenvolvido com o Itaú Cultural e também algumas canções mais antigas.

Quais músicos o acompanham?
Eduardo Buarque (viola de 10 cordas), Rogê Victor (baixo acústico), Carlos Amarelo (percussão). Eles me acompanham desde 2010.

Sua formação musical ocorreu toda na capital pernambucana?

Comecei a estudar música aos nove anos de idade. Aos 14, me matriculei no Conservatório Pernambucano de Música, onde estudei durante sete anos. Cheguei a iniciar a Licenciatura em Música na Universidade Federal de Pernambuco, mas não concluí a graduação. Comecei a viajar bastante a trabalho e esses compromissos se chocavam com os horários da universidade.

O interesse pela música, ainda na infância, surgiu por influência de alguém?

Não. Foi uma iniciativa própria, veio naturalmente. Não há nenhum músico profissional em minha família.

E como escolheu a viola pernambucana?
Eu não a escolhi, ela me escolheu. Meu professor, Bozó, colocou uma viola dinâmica em minhas mãos pela primeira vez quando eu tinha 18 anos. Estávamos desenvolvendo projetos na área do choro, e ele queria acrescentar a sonoridade da viola. Como ninguém se ofereceu para o instrumento, ele me encaminhou essa missão. Não larguei a viola até hoje.

Quais os seus projetos atuais?
Além do A solidão do Sol em cinzas do ar, toco com o músico Walter Areia, no projeto Terno de Areia. Ainda  com o Terno de Areia, integro ainda o projeto Frevo Para Ouvir Deitado, do qual Monica Feijó também participa. Toco com as Fadas Magrinhas e outros nomes locais. Em abril, sigo com Renata Rosa em turnê pela Europa. Temos shows marcados na Bélgica e na França.



E projetos autorais, a quais tem se dedicado?
Estou amadurecendo o projeto Fuso, com o DJ Dolores. Tocamos em festival de arte e tecnologia e a junção da viola com a música eletrônica deu certo. Queremos desenvolver um disco. Vamos submeter nosso projeto ao edital Funcultura deste ano.

Como percebe a aceitação do público em relação à música instrumental?

Acho que a música instrumental tem conquistado mais espaço, especialmente nos últimos anos. Vem ganhando força. Não tem ainda a mesma abrangência ou os mesmos cachês da música com letra. O nosso público é mais seleto.

A que se deve, na sua opinião, essa menor abrangência?
Acredito que a principal diferença entre a música cantada e a música instrumental é que a segunda é mais subjetiva. Na música cantada, a letra passa a mensagem com objetividade, diretamente. A  música instrumental precisa ser sentida, interpretada, faz você pensar. Exige um apuro maior, é necessário parar, escutar, sentir.

SERVIÇO
A solidão do Sol em cinzas do ar

Show de Hugo Linns
Onde: Sala Itaú Cultural, em São Paulo (Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô)
Quando: Dia 28 de março (sábado)
Classificação indicativa: livre
Entrada franca (ingressos distribuídos com meia hora de antecedência)
Informações: (11) 2168-1776 / 2168-1777


MAIS NOTÍCIAS DO CANAL