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Thiago Pethit apresenta o lado mais sexy do rock em novo disco e show no Rec-Beat. Confira entrevista

Músico divulga repertório de "Rock 'n' Roll Sugar Darling", lançado no final de 2014

Publicado: 13/02/2015 às 08:00

Thiago Pethit em foto de divulgação de "Rock 'n' Roll Sugar Darling". Crédito: Gianfranco Biceno/

Thiago Pethit em foto de divulgação de "Rock 'n' Roll Sugar Darling". Crédito: Gianfranco Biceno()


Thiago Pethit em foto de divulgação de "Rock
Quem comparecer segunda-feira (16), às 21h, no Cais da Alfândega, poderá pensar que entrou numa máquina do tempo direto para os anos 1970, ou uma época onde as jaquetas de couro, os topetes brilhantes e o cigarro no canto da boca eram indispensáveis para o lado mais sexy do rock n' roll. No palco do Festival Rec-Beat, o cantor e compositor Thiago Pethit apresenta, pela primeira vez no Recife, o repertório do disco Rock 'n' Roll Sugar Darling, lançado no final de 2014.

Com uma sonoridade mais crua e sexy que os dois trabalhos anteriores, Pethit inicia nova fase da carreira. No repertório da turnê, não devem faltar sucessos como Nightwalker, Moon e as novas Romeo e Quero ser seu cão. Em entrevista ao Viver o cantor sobre a composição do novo disco, os planos para o futuro e a relação com o Recife. Confira:

Entrevista >> Thiago Pethit


"Me sinto bem compreendido no Recife"


O novo disco tem sido elogiado com uma sonoridade mais agressiva e roqueira que os anteriores, como você vê essa mudança?
Acho que foi uma decorrência natural do que eu já vinha fazendo, todos os meus discos são meio que uma sequência natural um do outro. Ele reflete muito o meu estado atual.

Capa de "Rock Quais foram as maiores influências na composição?
Andei ouvindo sons mais agressivos, coisas mais sexy tipo Elvis Presley, músicas rockabilly dos anos 1950, uma coisa mais transgressora mesmo. Além das coisas que eu sempre gostei de explorar, como o glam rock de David Bowie, Iggy Pop, Rolling Stones, artistas que de alguma forma tentaram romper a barreira do convencional.

Há alguma ligação especial com o público recifense?
Com certeza, o público do Recife é um dos meus melhores. É uma cidade muito alternativa musicalmente, talvez mais até do que São Paulo, acho que é uma grande influência dos movimentos dos anos 1990 como o manguebeat, me sinto bem compreendido na cidade. É interessante notar que é diferente de, por exemplo, uma cidade muito pequena, que as pessoas anseiam por novidades por não ter acesso a certas coisas, Recife é uma cidade muito rica, e mesmo assim o público sempre parece querer mais! (risos).

Como está o repertório atual da turnê?
Estou tocando o disco novo praticamente inteiro, além de canções do discos anteriores que se encaixam no conceito do novo show. Algumas, como Moon e Nightwalker, se tornaram clássicos da minha carreira, são canções sempre muito pedidas. Então mesmo que às vezes eu precise dar uma nova roupagem a essas músicas, elas estão lá. Covers também fazem parte da apresentação, às vezes toco coisas como Joan Jett, Iggy Pop. Uma das músicas que já está estabelecida no repertório, por exemplo, é I wanna be your dog, do Iggy Pop com os Stooges, ela inspirou até uma música do disco: Quero ser seu cão.



Você também lançou um projeto visual de acompanhamento para as faixas no YouTube, como nasceu essa ideia?
Na época em que lancei o Estrela decadente (2012), disponibilizei o disco para streaming no YouTube com a capa de acompanhamento visual, prática muito comum entre os artistas, mas então eu parei para refletir que o YouTube é, em sua forma mais básica, um canal de vídeos, então comecei a tentar utilizar a ferramente para explorar novos recursos visuais, um conteúdo que servisse de paisagem enquanto o ouvinte confere o disco.

As recentes manifestações e protestos no Brasil influenciaram as composições?
Com certeza. Apesar da minha música não ser "de protesto", eu procuro falar sobre o que acontece ao meu redor. Acho que é difícil viver no Brasil e não se influenciar pelo que vem acontecendo nos últimos 2 anos, é uma coisa até meio complicada pois acho que essa mensagem não fica tão explícita. Uma das músicas do meu disco, 1992, por exemplo, é influenciada por essa coisa de revolta juvenil, meio grunge.

Como você enxerga a cena de artistas independentes no Brasil?
Acho que temos uma cena independente sim. Apesar de ainda estarmos engatinhando, muitas conquistas vieram ao longo dos anos. O maior exemplo disso é o Emicida, ele é um empreendedor fortíssimo, e começou fazendo tudo sozinho, gravando, vendendo discos... A cena independente do Brasil na verdade ainda está muito ligada a editais, projetos culturais, isso gera uma "dependência" que ainda precisa ser superada, mas não é culpa dos artistas, é mais um defeito do Brasil como sociedade mesmo.



Em tempos de bandas lançando discos de graça, o formato "álbum" ainda tem algum valor?
Artisticamente, criar um álbum é muito satisfatório, porque todas as músicas se interligam em um conceito. Há pessoas que preferem ouvir só singles, mas é um trabalho muito mais complexo conceber um álbum inteiro. O que eu não acredito mais é no formato físico da coisa. Mesmo que o CD tradicional não deixe de existir, ele certamente terá que se adaptar no decorrer dos anos. Essa coisa de se ter o produto físico é muito forte aqui no Brasil, existe uma cobrança por parte do mercado, dos consumidores, eu ainda tento deixar o trabalho o mais interessante possível, porque penso, se preciso fazer, quero que seja do melhor jeito possível, então tomo muito cuidado com o material, formato, fotos.

Há planos de lançar o disco em vinil?
Por enquanto, não. A maioria dos artistas que lançam discos em vinil no Brasil contam com apoio de algum selo que pode bancar a produção, para um artista totalmente independente como eu ficaum custo muito grande, porque, como eu disse, teria que ser feito com esmero. Não gosto de fazer as coisas por fazer, então não faria um vinil só para dizer "Ah, eu tenho um disco em vinil!"

Quais os seus projetos para o futuro?
No momento, partir para a turnê de divulgação do Rock 'n' Roll Sugar Darling. Já fizemos 4 apresentações e temos shows marcados até agosto, então definitivamente será um ano de muito trabalho. Tenho conversado com diretores também sobre possibilidades de novos clipes, coisa para o futuro. No segundo semestre, também, devo me aventurar pelo cinema no longa SP é uma Festa, que, apesar do nome, não é uma comédia. A história gira em torno de três personagens autenticamente paulistanos lidando com relações pessoais na cidade. Meu personagem é um DJ homossexual que mora com duas garotas, a trama explora um pouco essas questões de relacionamento com família, amigos, etc... É quase um retrato da vida em São Paulo para quem está perto dos 30.



O que anda tocando no seu iPod?
Ultimamente não tenho escutado muita música, mas um dos artistas que mais me chamaram a atenção foi o Johnny Hooker, daí do Recife. Considero ele meio que meu "evil twin" (gêmeo do mal), até porque temos estilos musicais bem parecidos. Recentemente também me viciei em um cantor chamado Hozier, que se apresentou no Grammy, acho o som dele bem parecido com algumas coisas dos anos 1960 como I put a spell on you. Fora que a performance com participação da Annie Lennox foi sensacional.

Existe a possibilidade de uma parceria com Johnny Hooker?
No ano passado, fizemos juntos duas covers, uma música da Lykke Li (I follow rivers) e Wicked game, do Chris Isaak, esse material foi disponibilizado no YouTube recentemente. No futuro, acho bem possível que role uma parceria, sim.

Qual recado você deixa para quem vai conferir o show do Rec-Beat?

Venha quente que eu estou fervendo!

[SAIBAMAIS]

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