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Entrevista Padre que arrasta multidão confessa: "Já mergulhei na misericórdia divina e em Jesus recuperei forças"

Por: Ana Luiza Machado - Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/01/2015 13:00 Atualizado em: 11/01/2015 17:43

 (Marcos Hermes/Divulgação)

Considerado "o padre que arrasta multidões", por reunir quase 2 milhões de pessoas em suas missas, o padre Reginaldo Manzotti está em Pernambuco neste domingo (11), onde participa do show de celebração dos 25 anos da Obra de Maria, junto com o padre Fábio de Melo. Em entrevista ao Diario de Pernambuco, Padre Reginaldo Manzotti contou que "já passou por altos e baixos". Falou dos desafios do seu ministério, sua relação com artistas seculares, das estratégias para atrair novos fiéis e também do perigo do fanatismo religioso.

O sacerdote paranaense de 45 anos já foi indicado ao Gammy Latino em 2013, gravou nove CD’s e três DVD’s e já vendeu mais de 1 milhão de cópias. É autor de sete livros, entre ele Milagres, que relata os sete milagres de Jesus. Padre Manzotti também apresenta programas de televisão e de rádio, transmitido por mais de 1.400 emissoras ao vivo, e tem como lema: Evangelizar é preciso.

Confira a entrevista:

Vários padres têm se destacado através do louvor, como é o caso do senhor, do padre Fábio de Melo (só pra citar alguns), feito shows para multidões, sendo chamados por  alguns como "artistas gospel". O senhor foi indicado ao Grammy Latino na categoria "melhor álbum cristão", em 2013, como conciliar a agenda de shows, gravações de DVD's, participações em programas, com as atividades paroquiais?

Realmente o trabalho pela evangelização é grande, mas com muito planejamento e pessoas que me ajudam consigo conciliar tudo da melhor forma possível. Valorizo muito a minha vida paroquial, sou pároco reitor do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe em Curitiba (PR) e sempre que estou na cidade celebro missa diariamente. Sempre que possível também participo das reuniões em minha Arquidiocese, esta semana participei do retiro do clero arquidiocesano. Posso evangelizar por todo o Brasil porque eu tenho no Santuário o meu porto seguro, por isso agradeço as lideranças deste Santuário que compreendem muitas vezes as minhas ausências em prol da evangelização.

O senhor costuma ser convidado a participar de gravações de álbuns de diversos artistas "mundanos", pra usar uma expressão bem antiga, como foi o caso da música que gravou com o ex-grupo de pagode ExaltaSamba, em razão dos 25 anos de carreira do  grupo. Sei também que o senhor convidou Luan Santana e Neguinho da Beija-flor para participar do seu último CD. Trata-se de uma estratégia para atrair novos fiéis e se aproximar, sobretudo da juventude?

É indiscutível a importância da música para a evangelização, ela alcança aonde a palavra não chega. Cantar com grupos/cantores seculares sempre é uma experiência interessante e todas tiveram uma história que promove o bem. Luan Santana, por exemplo, foi uma experiência única, ele é uma pessoa muito dócil, que inclusive cantou para o Papa Francisco, um rapaz de família, muito religioso, voltado para as coisas de Deus. Se com essas parcerias, conseguimos atingir um público que normalmente não alcançaríamos, é um ganho para a evangelização.

Há questões na igreja Católica que sempre existiram, mas que agora, diante da nova realidade da sociedade brasileira, têm causado constrangimento pelo sentimento de discriminação e consequente distanciamento do fiel à sua igreja. Como é o caso da proibição da comunhão para pessoas divorciadas e que contrariam novo casamento no civil. A Bíblia mostra que Cristo jamais fez acepção de pessoas, muito menos em relação a divisão do  pão com quem queria ter parte com ele, apesar dos defeitos  de cada um. O papa Francisco já mostrou que está atento a esta realidade. O que o senhor acha a respeito?


A Igreja não discrimina, pelo contrário,  preocupa-se muito com casais em segunda união, porque, geralmente, eles é que sentem-se excluídos e acabam deixando de freqüentar suas comunidades paroquiais. Por isso, na maioria das comunidades onde há a pastoral familiar, é disponibilizado um espaço para encontro de reflexão com esses casais que vivem uma nova união estável e  desejam seguir na caminhada de fé.
Os casais em segunda união podem e devem fazer parte da comunidade, criar seus filhos na fé e ter uma vida de comunhão espiritual. Para isso, a Igreja ensina que uma vez estando impossibilitado de receber Jesus sacramentalmente, no momento da própria Comunhão Sacramental, é possível fazer a chamada comunhão espiritual, que consiste no desejo de receber Jesus presente na Eucaristia, unindo-se intimamente a Ele pela fé. Se bem feita e dependendo da carga de afeto de quem deseja, a comunhão espiritual produz os mesmos efeitos que a Comunhão Sacramental.O Papa Francisco já convocou os bispos do mundo a se debruçarem sobre este assunto e tenho certeza que o Espírito Santo irá conduzir a Igreja da melhor forma possível.

No meio religioso existe a expressão: "a maioria das pessoas chegam a Deus por dois caminhos: ou pelo amor ou pela dor", qual foi o caso do senhor? E se puder, nos conte em que momento da sua vida o senhor teve "o encontro com Deus", se é que considera assim aquele momento em que foi um "divisor de águas".

O meu caso foi pelo amor. Conheci o amor de Deus na minha família observando os exemplos de espiritualidade da minha mãe e do meu pai, mas principalmente minha mãe que tinha uma devoção enorme ao Sagrado Coração de Jesus, lembro-me que nos momentos de tribulação ela sempre recorria ao Sagrado Coração e encontrava conforto. Entrei no seminário muito cedo, claro que não tinha a certeza de que eu seria padre, mas posso pontuar vários momentos onde tive a certeza que Deus estava me amparando. Somente para citar, lembro que quando minha irmã estava doente, pedi através de Nossa Senhora do Carmo que Deus a curasse e fui atendido. E também várias outras situações que pude sentir o carinho de Deus por mim.

 (Leo Aversa/Divulgação)
Qual tem sido a maior alegria e o maior desafio do seu ministério?


A minha maior alegria é também o meu maior desafio é evangelizar. Alegra-me o coração quando vejo uma pessoa que conheceu Jesus e decidiu mudar a sua vida para fazer o bem ao próximo. Isso é o Reino de Deus acontecendo na terra, quando a esperança alcança aquele doente terminal ou quando uma família ferida pelo alcoolismo ou qualquer outra enfermidade, encontra forças para perdoar e seguir em frente. E evangelizar também é o meu maior desafio porque ainda são muitos os que sofrem por não conhecerem o amor de Jesus Cristo.

Já pensou em desistir do sacerdócio alguma vez?


Desistir não, porém como qualquer pessoa em seu estado de vida, tenho altos e baixos, houve momentos de desanimo e preocupação em que mergulhei na misericórdia divina e em Jesus recuperei as forças e o vigor para continuar. Não consigo me ver de outra forma se não padre. Me realizo como sacerdote e se nascesse de novo, padre seria.

O senhor tem conta em algumas redes sociais, de que forma acredita que tais ferramentas ajudam na evangelização? E que experiências positivas tem tido desde que faz uso delas?

A evangelização é necessária e urgente. Sejamos sinceros, muitas pessoas hoje, tem o celular quase como uma extensão da mão, principalmente os jovens tem a maior parte da sua rotina no mundo virtual.  Por isso é extremamente importante a Igreja Católica achar uma forma de se comunicar com estes jovens e as Redes Sociais são um canal para alcançarmos estas pessoas. As Redes Sociais me aproximam das pessoas, vejo a partilha de internautas que estão nos Estados Unidos, Alemanha, espalhados por todo o mundo, unidos pela evangelização.

Hoje (07/01), no dia em que lhe escrevo, o mundo assiste aterrorizado às notícias sobre o atentado à sede da revista francesa Charlie. A motivação foi religiosa. De que forma o senhor acredita que a religião pode se tornar um mal para a sociedade, promovendo intolerância, discriminação e disseminando o ódio?

Não é a religião que faz mal para a sociedade e sim o fanatismo, tanto que várias entidades muçulmanas no Brasil e no mundo condenaram o atentado. Qualquer tipo de violência deve ser extirpado de nossa sociedade, principalmente aquelas que são utilizados em nome da religião. Me solidarizo e rezo pelas vítimas dessa crueldade.

O ano está bem no início, que mensagem o senhor deixa para todos neste novo 2015?

Temos um ano todo pela frente, como uma folha em branco. Devemos ter a coragem de confiar em Deus e deixar que Ele faça o melhor em nossa vida. Que todos os nossos planos e projetos sejam iluminados com a luz divina. Por isso, neste 2015, deixe-se encontrar por Deus e ver as maravilhas que Ele irá realizar.


 



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