Política Juca Ferreira assume Ministério da Cultura O reduzido orçamento parece ser um dos principais gargalos. Em 2013, a verba foi de R$ 3,5 bilhões. Em 2014, caiu para R$ 3,26 bilhões, total que representa apenas 0,13% do orçamento federal

Por: Diego Ponce de Leon

Por: Nahima Maciel - Correio Braziliense

Publicado em: 01/01/2015 13:48 Atualizado em:


 (Crédito: Iano Andrade/CB/D.A Press)

Agora ministro de fato e de direito, o baiano Juca Ferreira terá que enfrentar um desafio completamente diferente da época em que já esteve à frente da pasta. O reduzido orçamento parece ser um dos principais gargalos. Em 2013, a verba foi de R$ 3,5 bilhões. Em 2014, caiu para R$ 3,26 bilhões, total que representa apenas 0,13% do orçamento federal e coloca o MinC entre os menores orçamentos da Esplanada dos Ministérios.

Desde novembro, quando Marta Suplicy pediu demissão do cargo de ministra da Cultura, o nome do sociólogo Juca Ferreira passou a ser o mais cotado para assumir a vaga. Principalmente por causa da nomeação de Juca, em setembro, como coordenador das propostas de Cultura para o plano de governo de Dilma Rousseff. A confirmação do sociólogo pela presidente encerra as especulações. A disputa estava entre ele e o escritor Fernando Morais.

Não será a primeira vez de Juca à frente do ministério. Entre 2008 e 2011, o sociólogo exerceu o cargo durante o segundo mandato do governo Lula. Nos primeiros quatro anos do PT, Juca serviu como secretário-executivo do MinC, a pedido de Gilberto Gil, então ministro da pasta.

Nascido em Salvador, na Bahia, em 1949, Juca se envolveu com política ainda enquanto estudante. Em 1968, no exato dia em que o Ato Institucional Nº 5 foi decretado, ele foi eleito presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Resistente ao regime militar instaurado, acabou exilado e viveu anos no Chile, na Suécia e na França.

No retorno ao Brasil, envolveu-se em diversos projetos culturais e sociais, e se destacou diante de pautas ambientais. Por causa da atuação política em Salvador, esbarrou com Gilberto Gil, que o levaria para Brasília anos depois. Recentemente, além de coordenar as propostas de cultura do plano de governo de Dilma, Juca trabalhou como secretário de Cultura do Município de São Paulo, no governo de Fernando Haddad.

Enquanto ministro, Juca elaborou e lançou o controverso vale-cultura, em 2009. O projeto acabou sendo aprovado somente no fim de 2012, durante a gestão Marta Suplicy, mas ainda não se revelou uma ferramenta efetiva aos cidadãos. No mesmo período, o sociólogo e ex-líder estudantil aproveitou para criticar o modelo atual da Lei Rouanet, mecanismo de fomento à cultura por meio de renúncia fiscal. Ele defendia uma reformulação da lei de modo a melhor atender a todas as regiões do país, e não favorecer somente o Sudeste, entre outros pontos a serem aperfeiçoados.

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Intelectuais e artistas revelaram os principais desafios que devem pautar a atuação do novo ministro

Recursos escassos
Ela admitiu que a gestão petista estava em débito com a Cultura, que era preciso trazer mais recursos”, conta César. Para ele, uma solução seria a aprovação da PEC 150, que fixa em 2% do orçamento federal o montante destinado à cultura.

Chico César, cantor e secretário de Cultura da Paraíba, que lembrou que a presidente Dilma Rousseff reconheceu a necessidade de mais dinheiro para a área, durante um encontro com artistas realizado no Rio de Janeiro

Abandono dos pontos de cultura

Eles precisam ser revalorizados. Alguns pontos de cultura hoje são uma caricatura do que foram. O projeto se revelou a coisa mais genial que aconteceu no Brasil nos últimos anos. Os pontos de cultura incorporaram setores da sociedade que estavam completamente alijados do processo cultural”.
Silvio Tendler, cineasta,
sobre outra questão a incomodar são: os pontos
de cultura, que se encontram em situação de abandono

Falta de investimento nos museus

A quantidade de museus que existe e que a gente não consegue ter uma noção é grande. Já visitei museus no Brasil que ninguém sabe que existem. São espaços maravilhosos, mas sem climatização, sem catalogação da obra, sem referências históricas do trabalho. Tínhamos que formar mais quadros no campo de museologia para atender isso tudo, porque a preservação disso é importante, não pode acabar”
Xico Chaves, artista plástico, responsável pelo setor de arte visuais da Funarte, que busca acesso aos museus, divulgação e preservação de acervos como prioridades na área de artes plásticas

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