Viver
Telona
Filme Amor, plástico e barulho retrata o mundo encantado do brega
Premiado longa-metragem pernambucano está em cartaz no São Luiz e no Cinema da Fundação
Publicado: 22/01/2015 às 10:11

Samuel Vieira e Nash Laila interpretam cantores do brega contemporâneo. Foto: Antonio Melcop/ Aroma/ Divulgação()
Amor, plástico e barulho retrata o brega como um mundo encantado. Antes de tudo, é um filme que não se propõe a ser realista. É baseado muito mais na fantasia e no imaginário. Como nos contos de fadas, há um clima de sonho - só que nem tudo é necessariamente maravilhoso. O lado glamuroso do movimento cultural pernambucano contemporâneo aparece na tela e é valorizado, mas há espaço para o risco da decadência. No final, o que fica é a magia.
[SAIBAMAIS] Dirigido pela pernambucana Renata Pinheiro, o longa musical entra em cartaz nesta quinta-feira (22) em diversas cidades do Brasil (no Recife, no São Luiz e no Cinema da Fundação). As atrizes Maeve Jinkings e Nash Laila brilham nos papéis principais: duas cantoras de brega de gerações diferentes que precisam aprender a conviver entre si, sem deixar a inveja contaminar as performances no palco.
Uma das coisas mais interessantes é a ausência de hierarquização. As imagens, fotografadas como pintura, em cenários deslumbrantes e cores explosivas, reafirmam que o brega não é “baixa cultura”. Renata, também artista plástica, usa a imaginação para recriar o riquíssimo universo livremente. Espécie de tributo ao que está ao redor dos recifenses, apesar de alguns fingirem que não enxergam.
%2bFicção e realidade
Cenários
REALIDADE - Boa parte do filme foi rodada no Bate Papo, casa de shows especializada em brega contemporâneo, no Arruda, que promove festas principalmente às segundas-feiras, o ano inteiro.
FICÇÃO - A decoração do Bate Papo no filme não é real. Os cenários foram criados e confeccionados por Dani Vilela, que ganhou o Troféu Candango de Melhor Direção de Arte no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

REALIDADE - A trilha sonora inclui sucessos que tocaram (e tocam) no Recife nos últimos anos. Chupa que é de uva, por exemplo, é cantada por Maeve em uma das cenas mais impactantes. Canções de Ângela Maria e Banda Torpedo estão presentes.
FICÇÃO - O filme é protagonizado pela banda fictícia Amor com Veneno. As músicas que tocam foram produzidas por DJ Dolores, com participação do guitarrista Yuri Queiroga, do cantor Dedesso (Vício Louco) e das atrizes Maeve e Nash, entre músicos convidados. As canções lembram o tecnobrega.
Personagens
REALIDADE - Figuras do mundo do brega, como o DJ Val e o cantor Dedesso (da Vício Louco), participam do filme, assim como figuras reais do cotidiano recifense, como a vendedora de bancos Quinha do Tamborete, do Coque.
FICÇÃO - Protagonizado pelas cantoras Jaqueline e Shelly (Maeve e Nash, premiadas como melhor atriz e melhor atriz coadjuvante no Festival de Brasília). Rodrigo Garcia (Paulete de Tatuagem), é o coreógrafo do grupo. O cantor Allan, vivido por Samuel Vieira (de Geração Brasil). Amanda Gabriel, preparadora de elenco, teve papel fundamental na construção dos personagens.

REALIDADE - As roupas dos personagens são inspiradas no cotidiano, mas diferentes do que se vê nas bandas e cantores da vida real. Não há marcas famosas, por exemplo.
FICÇÃO - A figurinista Joana Gatis desenhou quase todo o figurino e evitou comprar roupas ou pegar emprestado. Ela ajudou a criar um clima de fantasia, espécie de idealização do universo do brega. O acervo de tecidos e estampas utilizados é de uma riqueza impressionante.
Coreografias
REALIDADE - Os dançarinos das bandas de brega do Recife se inspiram nos bailarinos que acompanham estrelas da música pop, como Madonna, Beyoncé, Britney Spears e Jennifer Lopez.
FICÇÃO - As coreografias são combinação entre a linguagem dos dançarinos do brega contemporâneo com a estética dos musicais clássicos do cinema. Os movimentos foram dirigidos por João Lima, coreógrafo mais ligado à dança contemporânea (diretor corporal de Em trânsito e Brasil S/A).
Ouça a trilha sonora do filme:
Últimas

Mais Lidas
