Crítica Em turnê pelo Brasil, Foo Fighters faz show histórico em MG A banda de Dave Grohl começou o show às 21h18 desta quarta-feira com "Something from nothing", primeiro single do álbum mais recente, "Sonic highways". Grupo não tem agenda em PE

Por: Estado de Minas

Publicado em: 29/01/2015 09:15 Atualizado em: 29/01/2015 10:19


Banda saudou capital mineira, com direito ao ''hello Belo Horizonte'' do vocalista. Crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Banda saudou capital mineira, com direito ao ''hello Belo Horizonte'' do vocalista. Crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Em meio aos efeitos tecnológicos, projeções especiais e iluminação de última geração, o desenho da Igreja da Pampulha posicionado no palco gigante sinaliza o "muito obrigado" do Foo Fighters à receptividade de Belo Horizonte. A banda de Dave Grohl começou o show na esplanada do Mineirão às 21h18 desta quarta-feira, 28, com Something from nothing, primeiro single do álbum mais recente, Sonic highways (2014).

The pretender, carro-chefe do disco Echoes, silence, patience & grace (2007) deu sequência à introdução que tirou o fôlego do público na capital mineira. A multidão cantou junto, com os braços erguidos, acompanhando o refrão em um coro de milhares de vozes. Uma chuva de papel picado aqueceu ainda mais as emoções de quem aguardava há meses pelo grande momento. Desinibido, Grohl tomou conta da passarela montada em frente ao mega palco, aproximando-se do público que entoava seus versos. Exemplo de showman bem-humorado, chegou a insinuar que mostraria a bunda ainda durante a segunda canção do repertório.

O público já empolgado pela presença dos ídolos vibrou ainda mais com Learn to fly, hit máximo do álbum There is nothing left to lose (1999) que introduziu o grupo norte-americano às gerações de ouvintes pós-Nirvana. Nenhuma parte da letra — consagrada no clipe em que os músicos dão vida a diversos personagens a bordo de um avião — deixou de ser gritada pela multidão.

Breakout, outro sucesso do álbum de 1999, elevou ainda mais os gritos de fãs. Sem perder o dom de surpreender, Dave dividiu o palco com um vocalista da Monkey Wrench, banda cover do Foo Fighters, em um gesto que enganou o público por alguns instantes. My hero, do disco The colour and the shape (1998), antecipou o discurso de gratidão do vocalista.

"É a nossa primeira vez aqui e tem sido muito legal", disse Grohl. Ele comemorou o fato de o público brasileiro se entregar à discografia da banda, dando aos músicos a liberdade de tocar "tudo até pedirem para parar". Para Dave, o desafio é dos mais prazerosos: "eu quero tocar todas as músicas de todos os CDs", confessa o vocalista. "Meu nome é Dave, nós somos os Foo Fighters", declarou mais uma vez antes de seguir com o repertório recheado de favoritas.

Dave Grohl promete e cumpre: canções de todas as fases da carreira ganham vida no Mineirão.  Crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Dave Grohl promete e cumpre: canções de todas as fases da carreira ganham vida no Mineirão. Crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press


Congregation traz o repertório de volta ao último álbum, enquanto Dave Grohl anuncia que, tendo alcançado 20 anos de carreira, a banda pretende tocar músicas de todos os trabalhos em estúdio. Antes dela, Big me, do álbum homônimo de estreia (1996) cumpre a promessa de viajar por todas as fases da carreira. Em versão mais lenta que a original, a canção é acompanhada por palmas do público, que marcam o novo ritmo em um tom algo dançante.

Walk, do estrondoso e orgânico Wasting light (2011), ganhou pedido do frontman para que o público de BH  usasse as palmas como instrumentos complementares. "E aí, filhas da puta?", Dave incentivou, arriscando-se novamente na língua local e arrancando risos do público.

Pausa para covers: Another one bites the dust, hit do Queen em 1980, ganha versão do Foo Fighters com os vocais do baterista Taylor Hawkins. O músico é admirador da banda de Freddie Mercury e já interpretou faixas como Tie your mother down ao lado da banda Chevy Metal, especialista em versões. Em tom de improvisação, a sessão segue com leitura breve de Ziggy stardust, composição icônica e setentista de David Bowie.

Cold day in the sun
leva o público de volta à vasta discografia da banda, com esta menção ao disco Your honor (2005). Taylor manteve-se nos vocais para dividir a faixa com Grohl. In the clear, que no álbum Sonic highways conta com a participação da Preservation Hall Jazz Band, segue a mescla de material recente com joias do repertório.

Crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press


I'll stick around
retorna ao trabalho de estreia. Uma das primeiras canções do Foo Fighters a receber atenção da crítica, a faixa também serviu de base para o primeiro clipe na carreira da banda. Monkey wrench, de The colour and the shape (1997), é outro retorno às raízes post-grunge dos músicos. A composição de Grohl sobre o fim de seu casamento com Jennifer Youngblood ganhou uma extensa sessão instrumental.

Com um violão em mãos, Dave abriu uma vertente acústica no show com a melancólica Skin and bones, b-side consagrada em disco homônimo de 2006. Wheels, gravada para o Greatest hits de 2009, manteve o tom de equilíbrio entre balada acústica e guitarras leves.

Para romper o trecho downtempo do show, nada como um hit avassalador: Times like these ecoou pelo Mineirão, afastando qualquer desânimo possivelmente trazido pela sequência de músicas mais lentas. Segundo single de One by one (2002), a faixa de sucesso mundial levou a banda toda à passarela, para bem perto do público, que acompanhava cada acorde com os celulares em mãos — tanto para responder à empolgação da banda com sinais de luz quanto para registrar de perto aquele instante único.

Em seguida, um cover de Rush: Tom Sawyer, gravação de 1981 que tornou-se uma das assinaturas da banda canadense. O rock progressivo e oitentista também foi interpretado com os artistas bem próximos ao público, nas extremidades da passarela. A sessão de releituras  segue com um tributo aos ingleses do Yes, seguida de uma versão para Let there be rock, gravação do AC/DC lançada originalmente em 1977. O baterista Taylor Hawkins ainda retomou os vocais por mais uma vez, em dueto com Grohl, para dar vida a Under pressure, do Queen com David Bowie, de 1981.

De volta ao palco principal, o Foo Fighters reassume o comando da própria obra com All my life, faixa vencedora do Grammy de Melhor performance em hard rock, gravada no disco One by one (2002). Sucesso absoluto, a canção leva o público ao êxtase e formam-se rodas de "mosh" em todos os setores do estádio.

These days
, de Wasting light (2011), querida entre fãs e single aclamado pela crítica, foi o próximo hit no extenso arsenal da banda. Best of you, single que alçou a banda a novos níveis de vendagem do álbum In your honor (2005), também entrou na sequência de faixas consagradas que apontavam a reta final do espetáculo. "Não gostamos de dizer adeus", adiantou Grohl, ofegante após disparar tantos hits. "Nós só diremos isso", completou o vocalista, encaixando em sua conclusão os primeiros acordes de Everlong.

A composição de Grohl para The colour and the shape (1997) concluiu a jornada — nada cronológica, completamente afetiva — pela discografia, prometida pelo músico desde que pôs os pés no palco. A baqueta de Taylor atirada aos fãs ao fim da última canção certamente não será a única memória conservada pelos milhares de admiradores do grupo, que tiveram a chance de acompanhá-los na capital mineira.

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