Rei do frevo
Claudionor Germano se despede dos palcos neste carnaval
Lenda da cultura pernambucana passa o bastão para o filho, Nonô Germano
Por: Fellipe Torres - Diario de Pernambuco
Publicado em: 29/01/2015 11:15 Atualizado em: 30/01/2015 12:06
Credito: Alcione Ferreira/DP/D.A Press e Arquivo/DP |
Claudionor aos 34 anos, em 1966. Arquivo/DP/D.A Press |
Saiba mais...
Começou a folia! Confira as prévias carnavalescas deste final de semana
Bloco dos forrozeiros, Sanfona do Povo, anuncia calendário de carnaval
Grupo Racionais MC's confirma show no carnaval do Recife
Claudionor e Nonô Germano recebem homenagem na Câmara Municipal do Recife
Ícone da canção francesa, Juliette Greco se despede dos palcos
Cantor Otto anuncia adiamento de festa carnavalesca Pra quem tá quente
Banda Eddie não fará parte do carnaval de Olinda
Claudionor se mantinha intérprete por amor à causa, enquanto trabalhava de auxiliar de escritório, vendedor de bebidas e de papel higiênico. Anos mais tarde, passou a comercializar produtos mais refinados, as obras de arte do irmão Abelardo da Hora, falecido há quatro meses. Recentemente, tentou unir a paixão pelo frevo à vocação para os negócios. Montou uma escola de dança, mas o empreendimento quase o leva à falência.
Arquivo/DP/D.A Press |
A prioridade, agora, é militar em favor do frevo. Repassar adiante os ensinamentos recebidos durante a convivência com os mestres Nelson Ferreira e Capiba, de quem gravou 132 composições. O decano da folia quer atuar em duas frentes – orientar a nova geração de cantores ("eles precisam corrigir tolices, como a colocação correta da sílaba tônica das canções") e apelar às rádios para dar espaço ao frevo. "Tem muita gente com coisa boa para mostrar e dependente de oportunidade. Nenhum artista sobrevive sem divulgação. Eu, por exemplo, gravei várias músicas bonitas e dignas de serem ouvidas, mas não me atrevo a cantá-las no carnaval, pois ninguém conhece", protesta. Por esse motivo, o repertório costuma girar em torno dos mesmos sucessos.
Arquivo/DP/D.A Press |
Sobre um dos nomes de maior destaque no frevo atual, o maestro Spok, Claudionor procura ser diplomático, mas discorda da abordagem feita pelo músico, homenageado do carnaval do Recife deste ano. "Ele é digno de respeito e aplauso, mas o gênero não se restringe ao frevo de rua. Por ter se limitado a essa vertente e deixado de lado o frevo canção e o de bloco, Spok apresenta um trabalho restrito, sem literatura. A gente não pode deixar de vangloriar a beleza das músicas líricas dos blocos". Ele critica quem canta frevo rápido, sem se preocupar com dicção e sentimento. "Capiba criava uma mulher imaginária e compunha uma declaração de amor para ela. É preciso interpretar com jeito, carinho. Se for ligeiro deixa de ser declaração e passa a ser chute na canela".
Crédito: Alcione Ferreira/DP/D.A Press |
A interpretação de Claudionor fez com que algumas músicas ficassem mais conhecidas como frevos do que o estilo original. Foi o caso de Pagode russo, Morena tropicana, Isso aqui tá bom demais, Estação da luz. "Sempre batalhei para que Alceu Valença fizesse um disco só de frevo, mas ele nunca teve coragem, porque tem nome enorme a zelar e medo do disco não acontecer", alfineta Claudionor.
A dobradinha Claudionor e Nonô Germano vai render várias apresentações, assim como aconteceu no Baile dos Artistas, no fim de semana passado. O ponto alto do repertório é a canção Filho de gato é gatinho, em cuja primeira parte o pai entoa um frevo de bloco choroso, sobre os muitos carnavais vividos, e o filho assume a segunda metade eletrizante.
7 de fevereiro
Abertura do carnaval do Recife, no palco Marco Zero 13 de fevereiro
Terça-feira de carnaval, no palco Marco Zero 17 de fevereiro
Orquestrão, no encerramento da Terça-feira Gorda 17 de fevereiro
Credito: Antonio Tenorio/Divulgacao |
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL
MAIS LIDAS
ÚLTIMAS