Música

Virulência de Nelson Rodrigues influencia novo disco da Nação Zumbi

No Recife, show de lançamento acontece no dia 7 de junho, no Baile Perfumado
Por: AD Luna

Publicado em: 05/05/2014 23:30 | Atualizado em: 06/05/2014 16:46

Gilma Bola 8 (percussão), Pupillo (bateria), Lucio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Toca Ogan (percussão) e Jorge du Peixe (vocal). Integrantes da Nação Zumbi. Foto: Vitor Salerno/Divulgacao

“Foi de amor, droga mais que letal/ Quando não mata, aleija/ Faz esse temporal/ Foi, foi de amor/ Não tem contraindicação/ Dependendo da dose/ Acelera e racha o coração”. Caso algum cineasta tenha a ideia de produzir filme baseado nas obras de Nelson Rodrigues, poderia pensar em usar alguma(s) das canções de Nação Zumbi (slap/Natura Musical), novo disco da banda homônima. Parte das letras do álbum (como o citado trecho de Foi de amor), foi inspirada na visceralidade textual do jornalista, dramaturgo e escritor.

“O jornalista (e crítico musical carioca) Jamari França me falou, certa vez. que algumas letras nossas pareciam com coisas de Nelson Rodrigues. Isso ficou na minha cabeça por um tempo, então veio esse disco, que acabou formatado como um livro de crônicas, de inspirações nelson-rodriguianas”, conta o vocalista Jorge du Peixe.

Não é a primeira vez que a Nação acolhe observações vindas de críticos musicais para aplicar no seu trabalho. Em meados dos anos 2000, um jornalista sugeriu para eles a montagem de um show só com músicas da fase pós-Chico Science. E assim a banda o fez, meses depois. “Quando as críticas são legais, construtivas, você acaba dando atenção. São ideias que podem te fazer pensar”, expõe.

Na parte sonora, Nação Zumbi se destaca como um dos discos mais “solares” e dançantes do sexteto pernambucano. “É a velha ideia de fazer a diferença a cada disco. Esse é o grande lance”, destaca Jorge. As cantoras Marisa Monte, Laya Lopes (da banda cearense O Jardim das Horas) e Lula Lira (filha de Chico Science) participam do disco. A produção ficou nas mãos e mentes da dupla Berna Ceppas e Kassin.

Ao mesmo tempo que confirma a influência de Nelson Rodrigues, du Peixe explica que é complicado fechar questão sobre as fontes das quais ele e seus companheiros de banda beberam para compor as obras do novo disco. “As ideias vêm do cinema, dos quadrinhos, da literatura e da música”, relaciona.

Todas as composições de Nação Zumbi são assinadas pelo núcleo formado por Jorge du Peixe, Dengue (baixo), Pupillo (bateria) e Lucio Maia (guitarra), a exceção vai para O que te faz sorrir, também assinada pelo caruaruense Junio Barreto. Completam a formação oficial da Nação, os percussionistas Gilmar Bola 8 e Toca Ogan.

A pré-produção do disco começou em 2011, quando eles começaram a compor e montar os arranjos. “Gravamos em 2012. Mas, por conta de outros compromissos (a exemplo da turnê de Marisa Monte, da qual Dengue, Pupillo e Lucio Maia participaram), demos uma parada. Nesse tempo, eu refiz algumas vozes”, expõe Jorge du Peixe. Por falar em Maia, o guitarrista caprichou na pesquisa e escolha de timbres. Provavelmente, Nação Zumbi é um dos mais ricos da banda no que se refere a sons de guitarra.

Entre o lançamento do disco anterior (Fome de tudo) e o Nação Zumbi 2014 se passaram sete anos. “Foi um respiro essencial. Voltamos com novas ideias”, reforça Jorge du Peixe.

Clipe de Cicatriz, primeiro single do disco Nação Zumbi

Vendas
As vendas digitais de Nação Zumbi começaram nesta segunda (5). Ele já está disponível para audição e compra no Deezer e iTunes. Em breve, todas as músicas também podeem ser ouvidas no YouTube. A versão física chega às lojas de todo o país no dia 15 deste mês.

Shows
Os primeiros shows de lançamento acontecem nesta sexta e sábado, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. No Recife, a banda toca no dia 7 de junho, no Baile Perfumado.

Marisa Monte
“A gente já pensava nessa participação há muito tempo. Ela é única. É admirável a forma como conduz a carreira. Uma vez, depois de uma show (de Marisa Monte), fui conversar com ela no camarim. Falei que a música que pensamos para a participação era uma ciranda (A melhor hora da praia). E ela disse que adorava ciranda. A voz dela deu um ‘up’ na música”, elogia Jorge du Peixe.

Capa do novo disco do Nação Zumbi

Alguns destaques

A melhor hora da praia
Não se espante se ouvir essa música em alguma novela global. A faixa é uma inspirada ciranda contemporânea, amparada pelos vocais de Marisa Monte. Além disso, o selo slap pertence à Som Livre, pertencente às organizações Globo.

O que te faz sorrir
“Ela é bem solar”, palavras do próprio Jorge du Peixe. Novamente, temos vocais femininos no suporte. No caso, Laya Lopes e Lula Lira. Dá até pra se balançar com aquela dancinha de Vou não, quero não, de Reginho.

Defeito perfeito
“De perto a cor é outra/ Se enxerga inteiro/ O defeito aparece/ É bem diferente/ Nada é como se quer”, diz trecho da letra.  “É funkão, bem na linha Funkadelic”, sugere Jorge du Peixe.

Um sonho
É quase uma balada, com refrão bem melódico. A levada do caixa da bateria ora lembra um maracatu. Apesar da sua “doçura”, a Nação conseguiu encaixar bem suas poderosas alfaias.

Ouça todas as músicas de Nação Zumbi

 

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