Luto
REI DO BREGA: Reginaldo Rossi tem origem em uma família humilde dos Coelhos
Confira a trajetória do cantor pernambucano
Publicado em: 20/12/2013 10:51 | Atualizado em: 25/08/2020 14:41
O Rei tem origem em uma humilde família recifense do bairro dos Coelhos. Os pais naturais são Porfírio Rodrigues e Maria das Mercês, mas os pais legais são Adalgisa Rodrigues e Ivan Batista dos Santos, com quem foi morar no Rio de Janeiro, aos quatro anos, após perder o pai. Seu Porfírio era artista cômico, sapateador e cantor. Guardava com orgulho recortes de jornal nos quais aparecia, mas a relíquia foi perdida em uma das cheias do Recife. Quando Reginaldo tinha 13 anos, perdeu também a tia e voltou à cidade natal, junto com a avó Antônia. É da matriarca o sobrenome Rossi.
O gosto pela música deve-se a uma prima, estudante de música e responsável pela trilha musical dos estudos escolares de Reginaldo e pela apreciação da música instrumental persistente até o fim da vida. Mas ele preferiu se dedicar aos hits das rádios, reproduzidos nos bares da cidade, em casa e na escola. Até receber o convite para a primeira participação em um programa de televisão, da qual virou frequentador assíduo. O então aluno do Colégio Porto Carreiro foi convidado por um dos diretores para o quadro Meu colégio é o maior, do programa Atrações do meio-dia, em 1962.
Com apenas 19 anos, Rossi já mostrou a que veio: convocou seis garotas e entrou em cena com figurino à la Elvis Presley, cantando e tocando ao violão a música-tema do filme Fúria no Alasca. O jeitão namorador e o estilo espontâneo, marcas registradas da carreira, renderam vários outros convites. Rossi logo virou uma espécie de celebridade local, dividido entre a música, a faculdade de engenharia, curso que frequentou por quatro anos, e aulas de matemática. A banda Silver Jets, definida pelos integrantes como Beatles do Recife, foi o primeiro grupo, com canções do quarteto britânico, rock e sucessos da Jovem Guarda, popular entre os jovens da época, no repertório. Reginaldo dizia não se lembrar bem o motivo da saída da banda, mas, como acionista, herdou uma caminhonete e um piano velho.
Entre a estreia no Meu colégio é o maior e o lançamento do primeiro LP, O pão (1966), lançado pela Chantecler, foram quatro anos. A apresentação, em uma noite de sábado, lotou o salão de um galpão por trás da Igreja Velha de Jardim São Paulo, de acordo com o jornalista Wilde Portela, na biografia Reginaldo Rossi: O fenômeno, a única dedicada ao ícone da música pernambucana, escrita com base em várias entrevistas com o próprio artista, reportagens e uma (sortuda) dose de testemunho ocular. À banda de Portela, coube o show de abertura do lançamento de O pão, cuja repercussão já fomentou as bases do trono do Rei.
Em 1995, a carreira foi afetada por um grave acidente de carro. “O cantor e compositor Reginaldo Rossi sofreu fraturas de seis costelas e uma clavícula, além de ferimentos na cabeça, boca e nariz, numa colisão, ontem pela manhã, em Piedade, entre o Vectra JM 3112, que dirigia, e o ônibus da empresa São Judas Tadeu, placa ZP 3239”, noticiava o Diario de Pernambuco, no dia 9 de junho. Foram meses em recuperação, face ao risco de se tornar paraplégico.
Rossi se livrou do medo de não poder mais andar, mas precisou vender carro, casa, aparatamento, terreno e encarar uma série de dívidas. A recuperação, claro, veio da música. Com Reginaldo Rossi - Ao vivo (1998), Garçom, lançada em 1987, estourou nacionalmente, ele voltou a ser requisitado pela mídia nacional, atingiu um milhão de cópias vendidas e nunca mais teve questionado o título de Rei do Brega.
Veja um pouco da vida do Rei do Brega:
2011
Conquista o Prêmio da Música Brasileira, na categoria melhor cantor de canção popular, por Cabaret do Rossi (2010), concorrente ainda na categoria melhor álbum de canção popular
2008
Candidata-se a vereador pelo PDT. Não é eleito
2006
O primeiro DVD, Reginaldo Rossi - Ao vivo, reúne sucessos da carreira, como O dia do corno, Eu devia te odiar, Volta amor, Mon amour, meu bem, ma femme e Garçom
2000
Roberta Miranda grava Garçom, em A majestade, o sabiá (Cravo Albim)
1998
O disco Reginaldo Rossi - Ao vivo marca o retorno de Reginaldo Rossi às paradas nacionais. Garçom é a faixa de destaque
1995
Sofre grave acidente de carro e passa meses em recuperação. Recebe, da Fundação de Cultura do Recife, o título de Rei da Jovem Guarda do Recife
1987
Lança Garçom, música responsável por despontar seu sucesso no Sul e Sudeste do país no fim da década de 1990
1970
À procura de você, lançado pela CBS, afasta Reginaldo do rock e o aproxima da música romântica (Cravo Albim)
1965
Grava o primeiro LP, O pão, lançado no ano seguinte, pela Chantecler
1964
Funda o grupo Silver Jets, com repertório influenciado pelo iê-iê-iê dos Beatles e pela Jovem Guarda
1962
Faz a primeira participação na televisão, no programa Atrações do meio-dia. Interpreta a música-tema do filme Fúria no Alasca, acompanhado de seis garotas
1956
Volta para o Recife com a avó, Antônia, depois de perder a tia Adalgisa Rodrigues, a mãe de cartório
1947
Muda-se para o Rio de Janeiro, após a morte do pai
1943
Nasce Reginaldo Rodrigues dos Santos Rossi, filho de Porfírio Rodrigues e Maria das Mercês