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Acervo/IAHGB |
Fundado em 28 de janeiro de 1862, o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) é uma das mais antigas e respeitadas instituições culturais do Brasil. Localizado no coração do Recife, o Instituto é o mais antigo instituto histórico regional do país e um verdadeiro guardião da memória pernambucana, com um acervo riquíssimo que atravessa séculos de história e cultura.
Surgido a partir de críticas do imperador Dom Pedro II, que durante visita ao Recife, em 1859, notou o descaso dos intelectuais locais com o passado histórico da província, o IAHGP foi criado por um grupo de professores e alunos da tradicional Faculdade de Direito do Recife. A iniciativa resultou não apenas na fundação do primeiro instituto histórico estadual, mas também na formação de um centro de pesquisa e preservação que se tornaria referência nacional e internacional.
A primeira sede funcionou no Convento do Carmo, e após diversas mudanças, desde 1920 ocupa um imponente casarão na Rua do Hospício, nº 130, doado pelo então governador Manoel Borba. O edifício histórico, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), abriga documentos, objetos e obras de valor inestimável — como a prensa e o exemplar original do Preciso, impresso durante a Revolução Pernambucana de 1817, a mesma que rodou as primeiras edições do Diario de Pernambuco.
À frente do Instituto atualmente está o historiador George Cabral, doutor pela Universidade de Salamanca e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), cuja trajetória se entrelaça com a própria instituição. “Comecei a frequentar o Instituto em 2001 como pesquisador de mestrado. Em 2008, tornei-me sócio efetivo e hoje estou na minha terceira gestão como presidente”, relata.
Cabral destaca a importância do IAHGP como um dos principais centros de preservação do patrimônio cultural do estado. “Ele surgiu num tempo em que Pernambuco sequer possuía arquivo público ou museu histórico. Muitos bens culturais foram depositados aqui, e os conservamos com zelo, tornando-os acessíveis à população”, explica.
Entre os cerca de 16 mil volumes da biblioteca, os mapas raros, bustos, pinturas e marcos históricos, destaca-se também a Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, publicada desde 1863. Com textos de grande valor acadêmico e histórico, a publicação continua sendo um canal importante para a difusão do conhecimento.
Nos últimos anos, o Instituto vem ampliando suas ações para além de seus muros. Em 2015, deu início a um projeto de instalação de painéis de azulejo em bairros como Graças, Espinheiro, Boa Vista e Santo Antônio, contando a história por trás dos nomes das ruas e reforçando o vínculo da população com a cidade.
O presidente ressalta ainda os planos para o futuro: “Esperamos em breve contar com recursos para digitalizar todo o acervo e reabrir o museu com uma nova expografia. Nosso maior desejo é garantir a conservação e a acessibilidade desses materiais para as próximas gerações.” Mais do que um repositório de documentos, o IAHGP é uma instituição viva, que continua contribuindo ativamente para a formação de pesquisadores, estudantes e cidadãos.