![Genário Aquino diz ter sido vítima de perseguição política. (Foto: Reprodução/Redes sociais) Genário Aquino diz ter sido vítima de perseguição política. (Foto: Reprodução/Redes sociais)]() |
Genário Aquino diz ter sido vítima de perseguição política. (Foto: Reprodução/Redes sociais) |
A empresa Agroflorestal Serra das Abelhas Ltda, em Exu, no Sertão de Pernambuco, foi incluída na última atualização da Lista Suja do Trabalho Escravo, divulgada na quarta-feira (9). A Serra das Abelhas é administrada pelo empresário Francisco Genário de Aquino Miranda, o Genário Aquino (PSB), que disputou o cargo de prefeito de Exu nas eleições de 2024.
A fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego ocorreu em 2024. No local, foram identificadas oito pessoas em situação análoga à escravidão.
A Agroflorestal Serra das Abelhas funciona no Sítio Serra das Abelhas, na zona rural de Exu. A empresa também tem como sócia a esposa de Genário Aquino, Maria Cristina Gomes de Carvalho Miranda.
Os trabalhadores resgatados atuavam na extração de madeira dentro da cadeia produtiva do polo gesseiro do estado. Para a fiscalização, eles estavam em condições degradantes, insalubres e inseguras.
Os alojamentos no meio da caatinga eram construídos com lona e madeira pelos próprios trabalhadores e não tinha qualquer instalação sanitária ou proteção contra animais peçonhentos. O local também não tinha energia elétrica e água potável, sendo a única fonte de água um reservatório com anfíbios.
Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), os resgatados não utilizavam Equipamento de Proteção Individual (EPI). Eles trabalhavam cerca de 30 dias no local e o pagamento ocorria após esse período, ficando o valor recebido muitas vezes abaixo do salário mínimo.
“Esses trabalhadores eram arregimentados, em sua maioria, na cidade de Jardim Tavares, na fronteira com o estado do Ceará, por dois intermediários. Eles eram transportados pela empresa até o local da extração da madeira e precisavam levar tudo o que iam utilizar no tempo que ficariam isolados na mata”, contou a procuradora-chefe do MPT em Pernambuco, Ana Carolina Lima Vieira na ocasião.
Na época, foi realizada uma audiência para firmar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o empregador, que custeou o deslocamento, alimentação e pernoite dos trabalhadores após o resgate. O termo previa o pagamento de dano moral individual equivalente à rescisão dos trabalhadores, além de dano moral coletivo de R$ 15 mil.
Nas últimas eleições, Genário Aquino ficou na segunda colocação para o cargo de prefeito, com 11.152 votos, o equivalente a 48,82% dos votos válidos. O vencedor do pleito, Júnior Pinto (PSDB), venceu com 11.693 votos, o que representa 51,18% dos votos válidos. Genário Aquino concorreu a vice-prefeito em 2016, também sendo derrotado.
Defesa
Em conversa ao Diario de Pernambuco, o empresário destacou que os próprios trabalhadores se recusam a assinar a carteira de trabalho para não perder benefícios como o Bolsa Família. Ele diz ter certeza que a denúncia teve um viés político, por ele estar na disputa para prefeito.
"Estou desmotivado, pensando em fechar minha empresa, porque eu sou contra qualquer tipo de exploração do ser humano", diz. "Eu sempre quis ajudar as pessoas, tanto que fui candidato a prefeito e tive a votação que tive".
“Paguei o que tinha que pagar, paguei direitos, e atualizei tudo que eles pediram. Os procedimentos foram feitos. A empresa está rodando totalmente regular”, completa.
O advogado Nasário Duarte Bento, que faz a defesa do político, alegou que os trabalhadores foram fazer o reconhecimento do novo ponto de trabalho e decidiram ficar lá antes que a empresa se estruturasse no local. "Foi um mal-entendido", resume.
Segundo ele, na área que foi explorada anteriormente, os funcionários contavam com EPIs e banheiro químico. "Eles que se anteciparam dessa vez", contou. Ainda de acordo com o advogado, Genário Aquino cumpriu todas as exigências do acordo firmado com o MPT.