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Rafael Vieira/DP |
Os investimentos na Ação Inverno foram detalhados, nesta quarta (9), pela Prefeitura do Recife. Segundo a administração municipal, é um conjunto de medidas estruturais e emergenciais para amenizar os impactos provocados pelas chuvas na capital.
Em 2025, serão destinados R$ 322,9 milhões de recursos próprios da administração municipal para a execução de obras de infraestrutura, ações preventivas em áreas de risco e ampliação da rede de acolhimento da população vulnerável durante o período chuvoso.
Isso significa que o investimento será 9,7% maior do que em 2024.
O plano, no entanto, não se limita aos meses de maior incidência de chuva, suas ações se distribuem ao longo do ano, em frentes que vão da macrodrenagem à inovação tecnológica.
O valor representa um aumento em relação aos investimentos feitos em anos anteriores. Em 2021, por exemplo, o Recife aportou R$ 96,6 milhões. No ano passado, investiu 314,5 milhões.
Desde então, o plano de ação vem sendo expandido, tanto em orçamento quanto em alcance.
Eixos:
Segundo a gestão municipal, a Ação Inverno 2025 está organizada em três eixos principais: Prevenção, Infraestrutura e Prontidão.
Entre os destaques estão as novas intervenções no Rio Tejipió, a construção de reservatórios na Imbiribeira, o reforço na urbanização de comunidades vulneráveis e a ampliação da cobertura da Defesa Civil.
Grande parte dos recursos será aplicada em obras de macrodrenagem e contenção de encostas, setores considerados críticos no enfrentamento às enchentes e deslizamentos.
No bairro do Barro, está em andamento a construção do Parque Alagável do Campo do Sena, que combinará área de lazer com função de retenção de águas pluviais.
A iniciativa faz parte do Programa de Requalificação e Resiliência Urbana em Áreas de Vulnerabilidade Socioambiental (ProMorar), que prevê, ainda em 2025, o investimento de R$ 44 milhões — dos quais R$ 16,4 milhões serão destinados exclusivamente à Bacia do Tejipió.
Já na Imbiribeira, estão sendo construídos três reservatórios subterrâneos nas ruas Itacaré e Itamaracá, além de mais sete unidades previstas ao longo da Avenida Mascarenhas de Morais, com o objetivo de desafogar a microdrenagem da área. Ao todo, as intervenções visam reduzir os alagamentos em pontos historicamente afetados do bairro.
Outro foco da gestão é a contenção de encostas. Estão previstas 18 novas grandes obras e a conclusão de outras 24 até o fim do ano. A aplicação de geomanta — material impermeável que impede infiltrações — será feita em 25 pontos de risco, cobrindo 15 mil m². Além disso, a Prefeitura promete entregar 200 novas escadarias e instalar 6,4 mil metros de corrimão em áreas de morro.
A Secretaria Executiva de Defesa Civil (Sedec) também ampliará suas frentes. O Programa Parceria, por exemplo, vai viabilizar 1.200 pequenas obras com participação da comunidade. O modelo prevê que a Prefeitura entre com o projeto, material e orientação técnica, enquanto a população contribui com a mão de obra. Entre os serviços estão o tratamento de encostas, melhorias em acessos e infraestrutura habitacional básica, como fossas sépticas e reforço de alvenarias.
Urbanização
Outro eixo do plano de inverno concentra-se na urbanização de comunidades diretamente impactadas pelas chuvas. Entre elas, destaca-se a Comunidade do Bem, na Imbiribeira; a Vila do Papel, em São José; e a Vila Brasil, no Coque. Nessas localidades, serão executadas obras de saneamento, abastecimento de água, pavimentação, drenagem, construção de equipamentos públicos e unidades habitacionais. Na Comunidade do Bem, está prevista ainda a inauguração do primeiro Centro Arrecifes da Cidadania, que funcionará como espaço de escuta ativa e prestação de serviços.
Com foco na proteção da população vulnerável, o número de abrigos emergenciais subiu para três unidades fixas, com capacidade total de 450 pessoas. Foram mapeados, ainda, 52 espaços que poderão ser ativados em caso de necessidade, elevando a capacidade de acolhimento para até 4.200 vagas — oito vezes mais do que no ano anterior. As unidades contam com estrutura para alimentação integral, banho, kits de higiene e atendimento técnico por assistentes sociais e psicólogos.
A Secretaria de Assistência Social e Combate à Fome implementará um sistema informatizado para cadastrar e monitorar as famílias abrigadas, além de inaugurar uma nova sede do Banco de Alimentos, com capacidade sete vezes maior que a anterior. Também será criada uma Central de Doações para arrecadação e distribuição de itens essenciais.
A Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) já iniciou as ações de limpeza de canais e canaletas, com um investimento de R$ 9,5 milhões. Serão beneficiados os 99 canais do município. Um dos destaques é a instalação de ecobarreiras, já implementadas em dez pontos, que impediram o descarte indevido de quase 200 toneladas de lixo apenas nos primeiros meses do ano.
As intervenções incluem, ainda, a roçagem, capinação e poda de árvores em áreas de risco, além da recuperação de escadarias, muros de arrimo, pavimentação e muros de contenção. No Pina, em Brasília Teimosa e na Madalena, obras pontuais buscam eliminar pontos críticos de alagamento. A limpeza de galerias e a educação ambiental nas comunidades também fazem parte do escopo de trabalho.
Nos dias de chuva, a coordenação das equipes municipais será feita pelo Centro de Operações do Recife (COP), vinculado à Secretaria de Ordem Pública e Segurança. A estrutura centraliza informações de 13 secretarias e órgãos, com uso de painéis e bases de dados geoespaciais para tomada de decisões em tempo real. Em parceria com a Neoenergia Pernambuco, o COP também monitora ocorrências relacionadas à rede elétrica.
A gestão dos riscos é organizada em quatro níveis de alerta: Mobilização, Atenção, Alerta e Alerta Máximo. A população pode acompanhar a situação da cidade por meio do site oficial da Prefeitura ou pelo app Conecta Recife, que oferece dados sobre clima, marés, trânsito e pontos de alagamento. Além disso, o aplicativo Alerta Chuvas envia mensagens personalizadas via WhatsApp com base em previsões meteorológicas da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC).
A Defesa Civil reforça que, em situações de risco, os moradores devem ligar para o número 0800-081-3400. A central funciona 24 horas e o atendimento é gratuito. O objetivo é atuar de forma antecipada para reduzir danos, evitar perdas humanas e garantir maior resiliência urbana diante do cenário de mudanças climáticas que já impacta diretamente a rotina das cidades.