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Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Quase 24% dos imóveis visitados pelos agentes de saúde entre dezembro de 2024 e março de 2025 estavam fechados ou tiveram a entrada negada pelos moradores. Essas ações comprometem as medidas de combate ao Aedes aegypti e podem dificultar a redução dos casos da doença na capital pernambucana.
De acordo com a Vigilância Ambiental, no período analisado, foram inspecionados 465.749 imóveis, o que representa 76,06% do total visitado. Em 146.600 deles (23,94%), os agentes não puderam realizar a vistoria necessária. A recusa ou a ausência dos moradores impede a identificação e eliminação de criadouros do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Os dados revelam que, até a 12ª semana epidemiológica de 2025, Recife registrou 1.330 casos suspeitos de arboviroses, sendo 1.066 de dengue, 218 de chikungunya e 46 de zika. Destes, foram confirmados 183 casos de dengue e 49 de chikungunya. Apesar da redução de 74,4% no número de casos notificados em relação ao mesmo período de 2024, os especialistas alertam que o momento exige atenção e continuidade das ações preventivas.
Para contornar o problema dos imóveis fechados, a prefeitura tem intensificado as ações educativas e a conscientização da população. “Temos trabalhado para que os moradores entendam a importância de permitir a entrada dos agentes de saúde. A visita regular é essencial para evitar períodos epidêmicos”, afirma Vania Nunes, gerente de Vigilância Ambiental do Recife.
Campanhas
Além das escolas, os agentes de saúde têm promovido campanhas informativas em mercados públicos, borracharias, hospitais e praças. A iniciativa busca alcançar um público mais amplo e reforçar o papel preventivo das visitas domiciliares.
Uma das estratégias adotadas para ampliar o alcance das inspeções tem sido a realização de plantões nos finais de semana. “Muitas casas estão fechadas durante o expediente comercial. Por isso, realizamos visitas também aos sábados e domingos para tentar ampliar nossa cobertura e reduzir o índice de imóveis não vistoriados”, explica a gerente.
O monitoramento da infestação do Aedes aegypti em Recife conta ainda com o suporte das ovitrampas, armadilhas que capturam ovos do mosquito e permitem a análise da densidade populacional na cidade. Atualmente, 71 bairros são atendidos por essa tecnologia, com 2.518 ovitrampas instaladas. O objetivo é expandir esse sistema para toda a cidade, mas, para isso, será necessário reforço no quadro de agentes e na estrutura dos laboratórios responsáveis pelas análises.
Outra medida implementada é a instalação de Estações Disseminadoras, armadilhas que utilizam um mecanismo de dispersão automática de larvicida para reduzir a população do mosquito. A ação conta com o apoio da Fiocruz e do Ministério da Saúde e se soma às demais estratégias de controle da dengue.
Apesar dos esforços da gestão municipal, os especialistas reforçam que o combate à dengue depende diretamente da colaboração da população. Além de permitir o acesso dos agentes de saúde aos imóveis, os moradores devem eliminar recipientes que possam acumular água parada e realizar inspeções periódicas dentro de casa.
“A prevenção continua sendo nossa principal estratégia. Estamos ampliando a cobertura das visitas domiciliares e utilizando tecnologias para monitoramento e controle da infestação. Mas, sem o apoio da população, essa luta se torna muito mais difícil”, ressalta Vania Nunes.
Diante da proximidade do período chuvoso, quando a proliferação do Aedes aegypti tende a aumentar, a recomendação das autoridades de saúde é reforçar os cuidados e seguir todas as orientações para evitar a propagação da doença.