Rain28° / 30° C

CARNAVAL DO RECIFE 2025

Pela sexta vez, Ubuntu celebra cultura negra e abre caminhos para o Carnaval do Recife

Idealizado por Dona Carmem Virgínia, iabassê do Afoxé Ogbon Obá, o Ubuntu integra a programação oficial do Carnaval do Recife

Publicado em: 26/02/2025 19:42 | Atualizado em: 26/02/2025 23:14

 (Foto: Sandy James/DP Foto)
Foto: Sandy James/DP Foto

Com o carnaval batendo à porta do Recife, a Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, foi palco hoje da sexta edição do Ubuntu, consagração ao povo negro que reúne 29 grupos de afoxé. Por meio da dança, da música, das cores e do axé, os grupos pedem as bênçãos dos Orixás para a festa, enquanto levam a energia e as tradições do candomblé para a lavagem da avenida.

 

O Ubuntu homenageia aqueles que seguem na luta pela valorização da cultura negra e os que deixaram um legado na preservação das tradições afro-brasileiras. Conhecido como o “candomblé de rua”, o afoxé é uma das expressões mais marcantes da cultura africana e um símbolo da resistência negra no Brasil. 

 

Incorporado ao carnaval do Recife, ele transforma as ruas em um grande terreiro, onde a percussão, as cores dos Orixás e a dança celebram a ancestralidade e a diversidade cultural. Idealizado por Dona Carmem Virgínia, iabassê do Afoxé Ogbon Obá e proprietária do restaurante Altar Cozinha Ancestral, o Projeto Ubuntu nasceu em parceria com integrantes do Comitê dos Afoxés do Recife, formado por Marcos Silva, Jorge Féo e Dario Júnior, que também assumem a direção artística e religiosa da cerimônia.

 

“Este ano criamos uma comissão que é responsável por toda essa organização, porque a gente entendeu que o Ubuntu está crescendo cada vez mais e era preciso que cada um se organizasse para que o coletivo saísse perfeito. O Ubuntu deu certo, veio para ficar e é um marco para abrir o carnaval com as águas que a gente prepara logo no raiar do dia, com as ervas sagradas de todos os Orixás. Este é um ato de pedido por paz, amor, serenidade e, acima de tudo, de cuidado com a natureza, já que os Orixás são forças místicas da natureza”, afirma Carmem Virgínia.

 (Foto: Sandy James/DP Foto)
Foto: Sandy James/DP Foto

O trajeto da Avenida Rio Branco até o Marco Zero é marcado por um ritual de purificação, onde os participantes recebem um banho de ervas sagradas, chamado amaci (omíeró). A mistura de água com ewé (folhas sagradas) é preparada por ialorixás e babalorixás. Durante a lavagem, os grupos de afoxés conduzem os foliões em um ritual de purificação até o Marco Zero.

 

“A lavagem é feita com ervas de cheiro, flores brancas que têm a intenção de trazer harmonia, pacificar e trazer paz. E o ritual de mulheres de terreiro fazer esse movimento da lavagem. Faz com que a gente acredite que será um Carnaval pacífico e alegre”, explica Dario Júnior, um dos diretores artísticos da cerimônia. Além da celebração espiritual, o Ubuntu destaca a conexão entre a cultura afro-religiosa e a preservação ambiental. O evento ainda contou com apresentação da cantora Virgínia Rodrigues, acompanhada pelo violonista Léo Mendes e pelo grupo Edun Ara Sango.

 (Foto: Sandy James/DP Foto)
Foto: Sandy James/DP Foto
 

Mais notícias