Infância humilde e aluno aplicado: quem era o delegado pernambucano morto durante assalto em São Paulo

Fotos: Reprodução

O delegado Josenildo Belarmino de Moura Júnior, de 32 anos, que foi morto a tiros durante um assalto em São Paulo, estava na Polícia Civil paulista há menos de um ano e já se preparava para voltar a Pernambuco, sua terra natal.

O crime, registrado na terça-feira (14), é investigado como latrocínio (roubo seguido de morte). O Diario de Pernambuco teve acesso ao boletim de ocorrência do caso. Segundo o documento, o policial foi baleado no tórax e nas costas após o ladrão perceber que ele estava armado.

Natural de Chã Grande, no Agreste pernambucano, Belarmino, como era chamado, havia sido nomeado para o cargo de delegado em São Paulo em maio de 2024. Na capital paulista, participou do curso de formação da Polícia Civil e iniciou efetivamente o trabalho no fim de novembro.

Ele era delegado de 3ª classe no 11o Distrito Policial (Santo Amaro), bairro populoso da Zona Sul da capital paulista. A delegacia também foi responsável por registrar a ocorrência.

Um colega de Academia de Polícia Civil de São Paulo (Acadepol) usou as redes sociais para homenagear o amigo. “Foi uma das pessoas mais gentis e humanas que conheci. O coração desse cara era inestimável”, publicou. “Belarmino teve uma infância humilde. Era trabalhador e muito honesto.”

Em paralelo, o policial tentava vaga de delegado no curso aberto em Pernambuco e já havia sido aprovado na prova oral. A concorrência está em fase de avaliação de títulos.

Luto

Em post nas redes sociais, a Polícia Civil pernambucana lamentou a morte de Belarmino. “A PCPE expressa a solidariedade aos familiares e amigos nesse momento de dor”, diz o comunicado.

Em entrevista ao Diario, o delegado André Pereira, presidente da Associação de Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), também falou sobre o caso.

“É um delegado jovem, com histórico de muita aplicação aos estudos. Foi uma tragédia em relação à segurança pública de São Paulo”, declarou.

A entidade emitiu nota de pesar pela morte de Belarmino. “Sua partida tão repentina, aos 32 anos de idade, representa uma grande perda para a família, amigos, para a instituição e para todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e de trabalhar ao seu lado”, registra o texto da Adpesp.

“Doutor Josenildo entrou para a Polícia Civil do Estado de São Paulo como Delegado de Polícia no último concurso, concluindo o curso de formação em 2024, mas desde o início dedicou-se em atuar com seriedade, competência, ética e coragem, em defesa da justiça e da segurança da sociedade. Seu compromisso com a lei é um legado que permanecerá conosco.”

A ocorrência provocou, ainda, a reação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Um crime bárbaro e que não ficará impune! As forças policiais estão empenhadas à procura e captura do criminoso para que seja punido dentro do rigor da lei”, declarou.

O velório de Belarmino acontece nesta quarta-feira (15) na sede da Acadepol, Zona Oeste da capital paulista. Na quinta (16), o corpo será velado em Chã Grande.

Latrocínio

Segundo a investigação, o delegado foi abordado por um motociclista, que havia parado o veículo momentos antes, na Rua Amaro Guerra, por volta das 11h30. A dinâmica foi filmada por câmeras de segurança.

O criminoso estava de capacete, blusa de manga comprida e tinha uma bag de empresa de delivery acoplada à moto. Segundo testemunhas, ele estaria “dissimulando que faria uma entrega”, antes de atacar o delegado e pedir seu celular.

Uma testemunha relatou que o delegado chegou a retirar o celular e “tentou se virar” – momento em que o ladrão “agarrou a blusa da vítima” e notou que Josenildo estava armado.

“Ao perceber que portava arma, [o criminoso] efetuou diversos disparos contra sua pessoa, que alvejaram a região do tórax e costas”, registra o documento.

Foram roubados a arma funcional, com carregador, e o celular pessoal do delegado, sem marca informada no boletim de ocorrência. O ladrão deixou o coldre de plástico no local.