8 de março

Dia da Mulher: militantes levam pautas sociais para as ruas do Recife

Temas como legalização do aborto, racismo ambiental e feminicídio foram abordados pelas participantes

Publicado em: 08/03/2024 19:40


Neste ano, o evento teve o mote ''Pela vida de todas as mulheres: Pela legalização do aborto. Contra o racismo ambiental e as violências. Não às privatizações!'' (Foto: Adelmo Lucena/DP)
Neste ano, o evento teve o mote ''Pela vida de todas as mulheres: Pela legalização do aborto. Contra o racismo ambiental e as violências. Não às privatizações!'' (Foto: Adelmo Lucena/DP)

As ruas da área central do Recife foram tomadas na tarde desta sexta-feira (8) por uma manifestação realizada por lideranças femininas para destacar a importância de debater pautas sociais no Dia Internacional da Mulher. O evento iniciou no Parque Treze de Maio e seguiu até o Pátio de São Pedro.

Neste ano, o evento teve o mote “Pela vida de todas as mulheres: Pela legalização do aborto. Contra o racismo ambiental e as violências. Não às privatizações!”. Pelo menos 4 mil mulheres e aliados participaram da manifestação. Os assuntos foram escolhidos nas reuniões coletivas e buscam chamar a atenção para importantes contextos percebidos a nível estadual e nacional. 

Entre os temas abordados na manifestação está o alto índice de feminicídio em Pernambuco. Dados do Observatórios da Segurança mostraram que Pernambuco lidera o ranking de feminicídio no Nordeste, com 92 casos, sendo 34,38% com arma branca e 62 casos cometidos por parceiros ou ex-parceiros.

O evento também levou para as ruas a pauta sobre a violência contra as mulheres transexuais. Em 2023, foram registradas pelo menos 66 tentativas de homicídio contra travestis e mulheres trans, segundo a 7ª edição do Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2023. O Brasil continua no topo da lista de países que mais mata  pessoas trans e travestis.

A legalização do aborto, pauta prioritária do movimento feminista, também foi um dos pontos abordados durante a passeada. Entre os anos de 2021 e 2022, pelo menos 483 mulheres morreram no Brasil tentando realizar aborto de forma insegura, segundo uma pesquisa da Gênero Número. 

O racismo ambiental, uma das pautas que ganha cada vez mais espaço nas discussões, também foi pontuado na manifestação. O tema surge diante da necessidade de discutir os impactos das mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis, composta por pessoas negras, pobres e periféricas, moradoras de morros e ribeirinhas, no contexto de Recife e Olinda, mas também dos povos originários. 

Já a luta contra as privatizações vem, principalmente, em oposição à venda de serviços públicos que envolvem segurança, saúde e água. 

"De uma maneira ou de outra, nós somos constituídos da comunidade que nos cerca. Então, todas as pautas têm a ver, principalmente, com as violências que os corpos de mulheres sofrem. Então nós estamos aqui pela vida de todas as mulheres. Quando a gente aglutina temas, a gente dá visibilidade. Eles precisam ser visualizados porque o patriarcado esconde a nossa presença, esconde as nossas pautas e esconde os nossos corpos”, destacou a membro da comissão de metodologia da manifestação, Domenica Rodrigues, de 45 anos.

Cerca de 40 sindicatos, organizações não governamentais, movimentos e coletivos marcaram presença. A ativista social Karina Santos, de 30 anos, marcou presença e destacou a importância do ato contar com aliados.

“Hoje é um dia de memória, de luta e resistência. Nós temos um ato com várias mulheres e cada mulher tem a sua particularidade e sua demanda. Vários movimentos sociais, movimentos sindicais e movimentos partidários levantam as bandeiras das mulheres.  Inclusive neste ato nós estamos vendo vários companheiros por entenderem a necessidade de se somarem à nós mulheres nesse momento. A nossa luta é por direitos e pela compreensão de que se nós estamos aqui hoje, foi porque outras mulheres lutaram no passado”, afirmou.

Além de ONGs, movimentos sociais, sindicatos e partidos, estiveram presentes no ato políticos, como a deputada federal Maria Arraes. 

“A gente precisa trazer esse diálogo para a nossa pauta diária. E eu percebo isso diariamente na Câmara, porque quando a gente ocupa esses espaços de poder como mulher, a gente percebe que se a gente não falar dos assuntos que são do nosso interesse, ninguém vai falar. Então por isso a importância de estarmos aqui com a sociedade civil reunida tratando sobre o combate ao machismo, ao feminicídio, destacando a importância da igualdade de gênero, da igualdade de raça, falando de racismo ambiental, racismo estrutural”, destacou.

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