Interdição
Diretoria do Hospital Barão de Lucena afirma que interdição da unidade foi um acordo com o Cremepe
O Cremepe identificou um "grave desabastecimento de insumos" no hospital, que já foi referência no estado e recebe 10 mil pacientes por mês
Por: Adelmo Lucena
Publicado em: 20/01/2024 12:50 | Atualizado em: 20/01/2024 12:54
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A decisão de contra-referenciar as cirurgias de baixa e média complexidade para outros equipamentos de saúde do estado foi tomada um dia antes da visita do conselho ao hospital (Foto: Divulgação/SES) |
Após a interdição parcial do Hospital Barão de Lucena, localizado no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, na última quinta-feira (18), apontando "grave desabastecimento de insumos", a diretoria da unidade hospitalar informou que a decisão foi um acordo com o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe).
De acordo com a diretora do hospital, Ana Paula Lucena, a medida de contra-referenciar as cirurgias de baixa e média complexidade para outros equipamentos de saúde do estado foi tomada um dia antes da visita do conselho ao hospital.
“Recebemos o Cremepe no dia seguinte à nossa reunião interna e à nossa decisão, e eles nos perguntaram qual tinha sido a decisão em termos de contingência nesse momento desafiador. Repassamos a informação e eles concordaram com aquilo que nós fizemos, e para nossa surpresa, no dia seguinte, foi lançada uma nota por eles informando que eles iam fazer a intervenção parcial justamente com foco naquilo que já era uma ação tomada, uma medida tomada por nós dentro da unidade”, esclareceu.
A decisão de interditar a unidade impacta as cirurgias eletivas e vai durar 15 dias, podendo ser prorrogada por mais 15. Também existe a possibilidade de ser ampliada ou suspensa, caso o hospital apresente alternativas para o bem-estar da saúde dos pacientes.
“Independente de qualquer coisa, nós seguimos atendendo os nossos pacientes, permanecemos trabalhando com a força-tarefa que foi montada”, afirmou a diretora do hospital.
Conforme Ana Paula, o E-Fisco, sistema responsável pela arrecadação de tributos do Estado, liberou o orçamento em tempo recorde e o hospital está recebendo novos insumos desde a sexta-feira (19).
“Nós começamos, estamos aqui trabalhando, inclusive dando andamento a essa força-tarefa para protocolar os nossos processos, iniciar todas as licitações deste ano de 2024 e poder em breve reabastecer plenamente os nossos estoques”, finalizou a diretora do hospital.
Entenda o caso
O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco anunciou, na última quinta-feira 18), que faria uma "interdição ética parcial" no Hospital Barão de Lucena, no Recife, uma vez que há “uma dificuldade por parte da gestão pública de provisão de medicamentos, insumos e materiais básicos", segundo o presidente do conselho, Mário Jorge Lobo.
A direção do conselho relatou que foi informado para a gestão hospitalar que a adoção de mecanismos utilizados para a manutenção mínima dos serviços seria a "contrapartida para que o hospital volte à normalidade".
Segundo o presidente do Cremepe, há uma "necessidade urgente" de busca para a manutenção de cirurgias em dias anteriores de material anestésico, o que demonstrava uma certa fragilidade no processo de logística da instituição.
A interdição cautelar ética parcial baseia-se nos princípios fundamentais II, IV, VIII e XII do Código de Ética Médica (Resolução CFM nº 2217/2018), complementados pela Resolução CFM nº 997/80, artigo 35 da Res. CFM nº 1.541/98, capítulos II e III da Res. CFM nº 2.056/13 (Manual de Vistoria e Fiscalização da Medicina no Brasil) e suas alterações, e, principalmente, a Res. CFM nº 2.062/13, com a alteração realizada através da Resolução 2.120/2015.
A possibilidade de interdição ética já havia sido notificada no último mês de dezembro à direção do hospital, que teve 30 dias para solucionar os problemas encontrados pela autarquia, segundo o Cremepe.
O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) também se pronunciou por nota e informou que o hospital "expõe ao risco profissionais e pacientes que buscam atendimento na unidade de saúde".
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