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Operação em dois estados

Rainhas das Armas: esquema de venda ilegal armamento e munições envolvia dona de centro de bronzeamento, guardas municipais e PMs

Ao todo, 21 pessoas foram presas na operação realizada no Grande Recife e em São Paulo

Publicado em: 24/01/2024 12:44 | Atualizado em: 24/01/2024 16:29

Armas e munições foram apreendidos com quadrilha (Foto: Divulgação/PCPE)
Armas e munições foram apreendidos com quadrilha (Foto: Divulgação/PCPE)

Um esquma de venda ilegal de armas de fogo para facções criminosas que atuam em Pernambuco foi desarticulado pela Polícia Civil, onde a atuação da célula criminosa envolvia a proprietária de um centro de bronzeamento artificial, guardas municipais do Recife e policiais militares. 

Além disso, a quadrilha também é apontada pelo comércio de tráfico de drogas interestadual, que interligam a venda de cocaína oriunda de São Paulo à Pernambuco. 
 
Esse é o resultado da  Operação “Rainha das Armas”, deflagrada na terça (24). Os detalhes da ação de repressão qualificada da polícia foram divulgados nesta quarta (24), em entrevista coletiva à Imprensa, na sede da Polícia Civil, no bairro da Boa Vista, na área Central do Recife.  
 
Ao todo, foram presas 21 pessoas, sendo 17 em Pernambuco e quatro em São Paulo (SP). 

Foram cumpridos 15 mandados de prisão preventivas, quatro em flagrante e autuadas duas pessoas que durante o curso das investigações.. 
 
Entre os capturados estão a dona do centro de bronzeamento, que liderava a quadrilha e inspirou o batismo da operação, a "Rainha das Armas".
 
Também foram presos três guardas municipais da capital pernambucana, um homem que já tinha passagem pelo sistema carcerário, que é o marido da líder do grupo criminoso. 
 
Contra os PMs pesam suspeitas de envolvimento no esquema, mas não houve prisões até agora. 
 
Ao todo, com a deflagração da operação, a polícia apreendeu 20 armas de fogo e centenas de milhares de munições. 

 Foram bloqueados R$ 2 milhões em bens da quadrilha, além do bloqueio de quatro imóveis, localizados em Tamandaré, no Litoral Sul do Estado, um veículo e relógios de luxo. 
 
"Só com um dos investigados, foram apreendidas mais de 52 mil munições", afirmou o delegado Álvaro Grako, da Delegacia de Roubos e Furtos (DPRF), um dos responsáveis pela investigação. 

Como era o esquema
 
O equema da venda ilegal de armas de fogo tinha base em 'laranjas".
 
Com participação dos guardas municipais, a quadrilha comprava armas legais e revendia para facções criminosas que atuam em diversas regiões do Estado. 
Os detalhes da operação foram repassados em coletiva à imprensa, nesta quarta (24) (Foto: Wilson Maranhão/DP)
Os detalhes da operação foram repassados em coletiva à imprensa, nesta quarta (24) (Foto: Wilson Maranhão/DP)

Os suspeitos atuavam no Grande Recife e tinham envolvimento também com tráfico de drogas. 
 
Os entorpecentes vinham de São Paulo. O esquema usava traficantes "mulas" para trazer cocaína para Pernambuco. 

Inclusive, durante a deflagração da operação, quatro mulheres foram presas por transportar as drogas, sendo três nas cidades paulistas de São Paulo e Santo André, e uma outra no Terminal Integrado Rodoviário do Recife (TIP), no bairro do Curado, na Zona Oeste da capital.  
 
O esquema pagava as passagens de avião na ida, e de ônibus, na volta, sempre de noite, para evitar blitze nas estradas federais.

O delegado responsável pelas investigações, Álvaro Grako, detalhou como funcionava a compra e venda das armas. 

“Uma parte era feito de forma legal, e outra de forma ilegal. Eles (líderes da quadrilha) captavam pessoas, ou guardas municipais, ou policiais militares, que tinham uma certa facilidade no processo de aquisição das armas, junto à Polícia Federal e ao Exército Brasileiro. Essas pessoas serviam de laranjas para aquisição dessas armas e munições. As armas eram compradas e levadas até a quadrilha, que por sua vez, onde faziam a supressão da numeração da arma e posteriormente vendiam ao crime organizado. E, quando essas armas foram apreendidas em operações policiais, as pessoas que serviam como laranjas, posteriormente a apreensão, se dirigiam a uma delegacia e prestavam um boletim de ocorrência falso por roubo e furto numa forma de esquentar a situação e não pudessem ser responsabilizados”, explicou o investigador. 

Como foi a prisão da Rainha das Armas

Segundo o delegado Álvaro Grako, a prisão do casal suspeito de liderar a quadrilha foi feita na casa onde eles residiam, no bairro do Barro, na Zona Oeste do Recife. 

O investigador contou que o imóvel é fortemente cercado por câmeras e grades e, que, no momento da prisão, a mulher apontada como líder da quadrilha, estava de posse de 1.3 quilos de cocaína. 

“Encontramos os dois na casa. Ele já tem passagem pela polícia e usa tornozeleira eletrônica. Já havia sido preso em 2020 com a posse de 10 armas de fogo. No momento em que chegamos ao imóvel e anunciamos a prisão, ela jogou no telhado da casa uma sacola que tinha 1,3 quilos de cocaína. Ela, no momento da prisão, ficou surpresa, pois acreditava que não seria presa mesmo chefiando toda a quadrilha”, comentou o investigador. 

Ainda de acordo com o delegado, a mulher tem um perfil frio e calculista. 

“Ela é uma pessoa fria, calculista e articulada. É natural de São Paulo e já havia sido presa por estelionato. Veio para cá (Pernambuco) e se relacionou com um presidiário. Os dois lideravam a quadrilha. Ela era dona de uma casa de bronzeamento, mas tinha como principal atividade a prática de crimes”, destacou Grako. 
 
O que diz as autoridades  
 
A reportagem do Diario de Pernambuco procurou a PM para saber se a corporação iria se pronunciar sobre a suspeita de envolvimento de policiais militares no esquema criminosa. 
 
No entanto, até a última atualização desta matéria, a PM não quis se posicionar. 
 
Já a Prefeitura do Recife (PCR), por meio de nota, informou que: "A Prefeitura do Recife informa que os três guardas municipais foram afastados temporariamente das funções na Guarda Municipal Civil do Recife (GMCR) até que as investigações da Polícia Civil sejam concluídas. A Corregedoria da GMCR também vai abrir procedimentos administrativos disciplinares contra os suspeitos para apurar suas participações na Operação deflagrada pela PCPE. Durante o período em que os servidores estiverem presos deverão ser cortadas as eventuais gratificações e benefícios inerentes ao cargo. Ao final, após o devido processo legal, confirmado o desvio de conduta dos agentes envolvidos eles serão demitidos". 




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