Presépio vivo encanta cinco hospitais do Recife

A turnê terminou com uma apresentação no Teatro do Parque (Francisco Silva/DP Foto)

Mês de dezembro e os presépios estão espalhados em grandes tamanhos pelos espaços da cidades, nas igrejas católicas ou em menores tamanhos nas casas das pessoas. É a representação do nascimento do Menino Jesus, que comemora-se no dia 25. Na freguesia de Priscos, na cidade de Braga, em Portugal, existe um presépio vivo, o maior da Europa com 600 figurantes. Aqui no Recife, também existe um presépio vivo mas com uma peculiaridade. É formado por palhaços.

Eles conseguem fazer emocionar e rir contando a história do nascimento de Jesus com uma Maria bem atrapalhada, um José nada corajoso, os animais do presépio, anjos, a estrela de Belém e os três Reis Magos. Um destaque é o músico Dudu do Acordeon, que voluntariamente participa da trilha sonora, executada ao vivo durante o espetáculo. Eles fazem interpretações de músicas como Mary Cristo, dos Tribalistas, e a versão em português da canção francesa Mon Vieux Joseph (meu bom José), que foi gravada por Ria Lee, em 1970.

Todos (exceto Dudu) fazem parte do elenco dos Doutores da Alegria, um grupo de atores profissionais que existe há 20 anos em Pernambuco, levando alegria duas vezes por semana aos pacientes internados em cinco hospitais da capital.

Durante a semana passada a apresentação passou pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no Hospital das Clínicas, Procape, na Restauração e no Barão de Lucena. A turnê terminou com uma apresentação no Teatro do Parque para alunos de escolas públicas municipais e para crianças e idosos atendidos por Organizações Não Governamentais (ONG). Uma plateia que interage com o elenco e deu gargalhadas em muitos momentos.

A dona de casa Jamilles da Silva Santos acompanha a filha Eloá, de 8 anos, que está internada no Hospital Barão de Lucena e foi com a pequena conferir a apresentação. “É um negócio para entreter as crianças que vivem aqui. Praticamente estão morando aqui, porque a minha menina está aqui há 10 dias, mas outros que fazem um mês, dois meses. Eu achei muito importante para as crianças e para os pais também. Querendo ou não é um alívio para gente né? Conforto ver os nossos filhos feliz”, disse.

Eloá destacou que achou muito engraçado o momento que em que o burrinho que carregou Maria grávida, conseguiu falar na sua língua própria.  Quem interpreta o burrinho na peça é o Dr. Marmelo, personagem de Marcelo Oliveira. Quem também adorou o espetáculo foi a pequena Núbia, também internada no Barão do Lucena. Ela disse que gostou mais do “palhaço que tinha uma árvore na cabeça, eu achei ele muito engraçado”, contou a menina se referindo ao Dr. Lui, interpretado por Luciano Pontes, que faz o narrador da história.

O administrador do Teatro do Parque, Marcelino Dias, também é ator e interpreta o Dr. Micolino, que na apresentação de Natal faz um dos três Reis Magos. Dias está nos Doutores da Alegria desde a chegada da instituição ao Recife, há 20 anos. Ele cuida logo de esclarecer uma dúvida quase que geral da população: “ninguém dos Doutores é médico, pelo menos até hoje, quem sabe um dia”.

Enquanto se maquiava para se transformar no Dr. Micolino, Dias conversou sério com a reportagem do Diario. Ele nos contou que ao chegar aos hospitais os Doutores da Alegria são responsáveis por cuidar de uma característica que fica adormecida nas crianças durante a internação “A gente chega lá para pinçar nas crianças o lado criança delas. Aquele lá que está saudável, dentro dela. E uma coisa muito impressionante é como as crianças são capazes de reagir. E faz isso de uma forma brilhante. Qualquer estado de melhora, com nossa visita, ela já acende um olhinho, porque a essência dela é a brincadeira e é isso que a gente faz”, comemorou Dias.