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JOAQUIM NABUCO
Fundaj lança reedição de livro escrito por Joaquim Nabuco
Publicado: 30/11/2022 às 21:47

/Foto: Divulgação
Nesta quarta-feira (30), “Camões e os Lusíadas” do intelectual abolicionista Joaquim Nabuco, obra escrita há 150 anos, foi lançada na Academia Brasileira de Letras (ABL) após reedição da Editora Massangana, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
"Esse livro é de um jovem de 23 anos, claramente escrito com a paixão de um escritor. Essa reedição é fiel a Nabuco, mas o traz para o tempo de hoje, na ortografia e na tradução do latim. O deixamos legível para futuras gerações. Para os futuros Nabuco", disse o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj, Mario Helio.
O livro traça a biografia do português Luís Vaz de Camões, autor do poema épico "Os Lusíadas" - uma das obras mais importantes da literatura de língua portuguesa, publicada em 1572. Após ser lançado em Portugal, no dia 07 de setembro, o livro foi apresentado ao público nacional na presença do neto de Joaquim Nabuco, José Tomás Nabuco de Araújo.
"Uma alegria essa reedição. Digo isto em nome da família Nabuco. Só conhecia um único exemplar deste livro, o primeiro. Que vi lá em casa, na biblioteca. Ressalto que o prefácio, que já li, está fantástico", disse José Tomás em agradecimento à iniciativa da Fundaj.
A versão digital da obra foi liberada no aniversário de 173 anos do nascimento de Joaquim Nabuco, no dia 19 de agosto, durante a retomada das atividades do Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho.
Também estiveram presentes o presidente da Fundaj, Antônio Campos; o pernambucano, acadêmico da ABL, Joaquim Falcão; o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Victorino Coutinho; e o filho mais velho do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, José Almino.
"A edição dessa obra de Nabuco, escrita em seus 23 anos, não deixa de ser um paradoxo neste ano, do tal falado bicentenário. No momento em que um homem que combateu a escravidão, principal ganho do império português durante 350 anos de escravidão, seu pensamento é extremamente atual. A grande marca desse país, a marca dura e cruel, é a escravidão. Sabemos que Nabuco morreu inquieto com a forma como se deu o fim da escravidão no Brasil. E seu pensamento social está na pauta do dia", destacou o presidente da Fundaj, acrescentando, ainda, que o lançamento da publicação resgata o elo entre Portugal e Brasil.
Comparando Nabuco ao filósofo polonês Zygmunt Bauman, Joaquim Falcão citou uma passagem do livro "Minha Formação", de Nabuco, em que ele relata a primeira vez que viu o mar, afirmando: "Nabuco disse que de repente a terra se tornou líquida e movente. Como descreveríamos a sociedade hoje? Líquida e movente! Joaquim Nabuco foi Bauman, sem saber, e bem antes".
Fazendo as honras da casa, Joaquim Falcão saudou a Fundação e a família Nabuco, lembrando, em seu discurso, que quando a ABL foi criada haviam duas vertentes: a de Joaquim Nabuco, que enxergava a ABL como um espaço destinado a intelectuais de diversas áreas culturais, e a de Machado de Assis, que desejava restringi-la aos escritores.
"Após 125 anos, essas duas vertentes se mantêm. Às vezes ganha a de Machado, às vezes a de Nabuco. Atualmente, é a de Nabuco que está ganhando. Trouxemos para cá Fernanda Montenegro e Gil (Gilberto), por exemplo. Estamos ampliando para que abranja uma gama maior de expressões da nossa cultura. Tenho defendido um indígena na Academia", alegou o pernambucano.