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DRAGAGEM

Relatório isenta Porto do Recife da responsabilidade por lixo na costa pernambucana em janeiro

Publicado: 22/06/2022 às 10:47

Chuvas e mudança no sentido dos ventos levaram grande quantidade de resíduos para as praias/Divulgação

Chuvas e mudança no sentido dos ventos levaram grande quantidade de resíduos para as praias/Divulgação

Um relatório da Agência Estadual de Meio Ambiente, divulgado na última segunda-feira (20), foi excluída a hipótese de que a obra realizada no Porto do Recife provocou o impacto ambiental nas praias de Pernambuco no mês de janeiro. De acordo com o documento, as chuvas incomuns daquele período e uma mudança no sentido dos ventos foi que levaram a grande quantidade de resíduos sólidos para as praias.
 
A dragagem do Porto do Recife, que começou no dia 22 de janeiro, foi apontada como a possível origem do acúmulo de lixo encontrado no litoral sul da Região Metropolitana do Recife, no início deste ano. 

De acordo com o documento, "os rios litorâneos, especialmente, os Rios Capibaribe, Beberibe e Pina são a origem do lixo encontrado nas praias, no período. As chuvas com índices pluviométricos acima do normal acarretaram em alagamentos por toda a RMR que lavaram vastas áreas, carregando grande quantidade de dejetos indevidamente dispostos em ruas, terrenos baldios e lixões para as galerias de águas pluviais e consequentemente para canais de drenagem, desembocando no mar".

Ao chegarem ao oceano, o direcionamento dos resíduos sólidos foi então influenciado pelas forças altamente favoráveis das correntes marinhas e do sentido dos ventos, até que voltassem ao continente, através da dispersão em faixas de areia, segundo o levantamento.

Em fevereiro, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que realizou uma vistoria na obra de dragagem do ancoradouro, já havia constatado que o aparecimento de resíduos sólidos nas faixas de areia foi causado por um conjunto de fatores atípicos que aconteceram no verão: chuva intensa nas cabeceiras dos rios e uma anomalia hidrológica que afetou correntes marítimas e ventos. O vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo, que acompanhou a equipe, reforçou esse pensamento à época. "Por mais intensa que esteja sendo a obra de dragagem, a fiscalização e o cuidado com a operação é grande. O bota-fora fica a 11 km da linha de costa e existe também uma triagem do material sólido antes do descarte. Portanto, esse excesso de resíduo de plástico não é oriundo da dragagem. É muita coisa para vir só daquele lugar, é um problema maior que ficou muito mais evidente por conta desses dois fatores meteoceanográficos, o excesso de chuva no verão e a virada dos ventos. Muito provavelmente, esse lixo vem dos rios, é um resíduo com características de atividade urbana", disse.

Para chegar a conclusão do relatório, equipes de fiscalização realizaram vistorias e monitoramento de acompanhamento da operação de dragagem, desde a etapa de coleta do material, separação de resíduos sólidos, até o despejo do material dragado em alto-mar em local pré-definido através do processo de licenciamento.

A Agência também acompanhou a etapa de retirada de resíduos sólidos provenientes do processo de dragagem, que após a coleta foram submetidos a uma fase de peneiramento, sendo em seguida estocados em bolsões de acondicionamento temporário na própria embarcação até posterior envio para destinação final ambientalmente adequada, o aterro sanitário.

"Desde as primeiras denúncias, o Porto do Recife colaborou para a realização das fiscalizações e esclarecimento dos fatos. Nossa equipe de gestão ambiental, junto com os órgãos competentes e empresa contratada para realizar o monitoramento ambiental da obra, supervisionaram todas as etapas da operação e já haviam constatado que a dragagem não estava gerando esse aparecimento de lixo nas praias. Mas foi o trabalho de mergulho, realizado em parceria com o Corpo de Bombeiros, que comprovou a inculpabilidade da nossa obra", reforçou o presidente do Porto do Recife, José Lindoso.
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