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SEMANA SANTA

Após dois anos, procissão do Senhor Morto retoma as ruas do Centro Histórico de Olinda

Publicado: 15/04/2022 às 18:56

/Foto: Sandy James/DP

/Foto: Sandy James/DP

Dando continuidade aos ritos da Semana Santa, nesta sexta-feira da Paixão foi realizada a Celebração do Senhor Morto, em Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR). A procissão, iniciada por volta das 17h, reuniu diversos fiéis que, em um cortejo silencioso, saíram da Catedral da Sé, no Centro Histórico da cidade Alta, em direção à Igreja de São Francisco. Conduzida pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, a celebração é a primeira realizada após o início da pandemia da Covid-19.

Ruas do Centro Histórico de Olinda foram tomadas por fiéis que acompanharam presencialmente a celebração do Senhor Morto, pondo fim a um período de dois anos consecutivos acompanhando de forma virtual. A retomada foi motivo de comemoração para Dom Fernando Saburido que fez questão de frisar o papel fundamental das vacinas no processo de retomada das atividades religiosas. "É um sentimento de alegria, emoção porque as pessoas estavam muito carentes disso, foram dois anos sem a participação do povo", comentou o arcebispo em entrevista ao Diario. "Esse ano, graças a Deus e à vacina a gente pôde retomar as nossas celebrações", comemorou. 

Entre os fiéis que acompanhavam o cortejo, quatro andores chamavam atenção. O primeiro, que iniciava a procissão, carregava a imagem do corpo de Jesus morto, e os outros, em sequência, as imagens de Maria, mãe de Jesus, o apóstolo João e Maria Madalena. Durante a caminhada entre as ruas do Centro Histórico, também foram montadas estações para rememorar as quedas de Cristo durante o caminho até o Calvário. Nas pausas eram feitas leituras e reflexões bíblicas.

Participante assídua da procissão, Socorro Costa, 60 anos, falou sobre a felicidade em estar presencialmente na celebração. "É muito bom estar de volta, é um momento de fé que me reporta à minha infância, porque acompanho a procissão desde pequena, quando vinha com minha mãe", relembra Mônica que agora reúne toda a família para participar. "Trago minhas filhas, netos, genros, é um momento divino". 

Luan Rodrigues, 32 anos, também esteve presente na celebração e falou sobre a importância em o cortejo ocupar as ruas novamente. É uma grande graça estarmos de volta, mostrar à sociedade que somos uma igreja viva e que celebramos um Cristo que deu a vida por nós", frisou. "É emocionante.”, completou.

A procissão foi encerrada na Igreja de São Francisco, também localizada no Centro Histórico de Olinda. Ao final da celebração foi realizada o concerto Paixão de Jesus segundo São João.  

Paixão de Cristo 
 
Antes da realização da procissão do Senhor Morto, ocorreu na Catedral da Sé a celebração da Sexta-Feira da Paixão.  O rito, iniciado às 15h - horário em que, de acordo com a crença cristã, Jesus morreu - foi conduzido pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e pelos padres João Bosco e Neilson Pereira.

A celebração foi marcada por leituras e ritos que relembraram os últimos momentos de vida e a morte de Jesus Cristo. "Somos chamados a refletir sobre o Evangelho de São João que narra com detalhes o que aconteceu com Jesus na sua Paixão e morte", explicou.

Em uma analogia aos sofrimentos vividos por Cristo, a homilia realizada pelo arcebispo destacou a necessidade em refletir os sofrimentos que atravessam a sociedade atualmente.  

"Quando refletimos a Paixão de Jesus na sexta-feira, também somos convidados a trazer essa experiência para nossa realidade", disse.  "É uma ocasião oportuna pra gente rever um pouquinho nossas diferenças sociais para poder, então, abrir os olhos de quem tem poderes sobre a sociedade", completou. 

Com o intuito de evitar a disseminação da Covid-19, um dos momentos mais simbólicos da celebração, o beijo à cruz, só pôde ser feito pelo arcebispo e pelos padres presentes, não havendo a fila tradicional de fieis para o acesso ao artefato religioso.

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