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Vida Urbana
CASO TAMARINEIRA

Relembre os primeiros momentos do julgamento de João Victor Oliveira, réu do acidente na Tamarineira

Publicado: 15/03/2022 às 19:58

/Primeiro dia do julgamento de João Victor Ribeiro de Oliveira, réu por vitimar três pessoas e deixar outras duas feridas após dirigir alcoolizado e provocar uma batida entre dois carros no cruzamento da Avenida Rosa e Silva com a Cônego Barata, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife. Foto: Rafael Vieira/Esp.DP

/Primeiro dia do julgamento de João Victor Ribeiro de Oliveira, réu por vitimar três pessoas e deixar outras duas feridas após dirigir alcoolizado e provocar uma batida entre dois carros no cruzamento da Avenida Rosa e Silva com a Cônego Barata, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife. Foto: Rafael Vieira/Esp.DP


O primeiro dia do julgamento de João Victor Ribeiro de Oliveira, réu por vitimar três pessoas e deixar outras duas feridas após dirigir alcoolizado e provocar uma batida entre dois carros no cruzamento da Avenida Rosa e Silva com a Cônego Barata, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, foi tomado pelo aguardado depoimento do sobrevivente Miguel Arruda da Motta Silveira Filho e do encontro com João Victor. O réu é acusado de homicídio doloso (quando há intenção de matar) e tentativa de homicídio, e estava sob prisão preventiva desde 2017. 

A sessão teve início na manhã desta terça-feira (15), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, e foi ministrada pela juíza Fernanda Moura de Carvalho. O júri popular é formado por cinco mulheres e dois homens. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) esperava encerrar o julgamento na madrugada da quarta-feira (16), mas até às 18h30 o réu ainda não havia sido ouvido. A sessão da terça-feira foi finalizada por volta das 19h e será retomada na quarta-feira (16), às 9h.    
 
No primeiro momento, a acusação do Ministério Público de Pernambuco -baseada em laudos periciais e informações do processo- foi apresentada e afirmou que João Victor consumiu cerveja durante o início da tarde do dia 27 de novembro de 2017. Em seguida, de acordo com o MPPE, o réu foi ao encontro de amigos no Bar e Confraria Zé Perninha, localizado no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda. Lá, ele e outros dois amigos pediram um combo, que incluía whisky e energéticos. Por volta das 19h30, o veículo de modelo Ford Fusion, que João Victor Ribeiro de Oliveira dirigia, transitava em uma velocidade de 108km/h, quando a via permitia o limite máximo de 60 km/h. 

O carro -que pertencia ao pai do, na época, estudante universitário-, colidiu com o SUV importado e blindado de Miguel. No veículo, além do advogado estavam a esposa dele, Maria Emília Guimarães, de 39 anos; o outro filho do casal, Miguel Neto, de 3 anos, e a babá Roseane Maria de Brito Souza, 23 anos, que estava grávida e também era mãe de uma outra criança. A filha de Miguel, Marcela, também sobreviveu, mas vive com sequelas após um traumatismo cranioencefálico causado pelo impacto do acidente. Roseane trabalhava há cerca de um ano com a família. Parentes da babá preferiram não comparecer ao julgamento e ficaram no município de Aliança onde moram com a filha da vítima.  

A deposição de Miguel, na condição de vítima -que deveria ser a primeira do dia-, precisou ser substituída na ordem por uma testemunha. Miguel afirmou que não se sentiu bem para falar no primeiro momento. A testemunha trabalhava como motoboy e comunicou que viu o Ford Fusion atravessar o viaduto do supermercado Carrefour, no bairro da Torre, em alta velocidade. Em seguida, o motoboy informou que Victor quase perdeu o controle do carro em frente a um estabelecimento comercial. Após a colisão, a testemunha afirmou que populares queriam linchar o réu, mas foram impedidos porque havia policiamento no local. O motoboy  ainda relembrou que prestou ajuda aos envolvidos e que acreditava que Victor não utilizava cinto de segurança no momento da colisão.



Por volta das 11h15, Miguel Arruda da Motta Silveira Filho retornou à sala de audiência para prestar o depoimento. A declaração foi interrompida após João Victor, que ouvia o relato de Miguel, gritar que não queria ter matado os familiares do advogado. “Pelo amor de Deus, me perdoe. Me mate, me mate. Eu não queria machucar a sua família nem a de ninguém,  por favor me perdoe”, implorou o réu, aos prantos, que foi retirado da sala pelos policiais do tribunal. Os familiares de Miguel e de João Victor também precisaram se retirar do local. A sessão foi interrompida durante dez minutos. No retorno ao depoimento, Miguel informou que lembra do momento em que foi retirado do carro, pedindo para que ligassem para o seu cunhado, Marcos Alberico. O advogado lembrou do momento em que foi atendido e afirmou que tinha dificuldades para respirar. Quando acordou, após ser hospitalizado, Miguel questionou a mãe sobre a esposa e filho, e soube que ambos teriam morrido na batida. 

“Eu não sou forte, eu estou destruído por dentro. Eu me cobro muito por não ter evitado esse acidente. Ele [João Victor] precisa pedir perdão a Deus. Ele matou a minha esposa, meu filho, Roseane e o filho que ela carregava na barriga. Ele acabou com a minha vida. Todos nós temos que pagar pelo que fazemos. [Para a sociedade eu digo], cuidem dos seus filhos para que eles não se tornem criminosos”, concluiu Miguel. 

Em seguida, outras duas testemunhas de defesa do réu foram ouvidas. Uma delas afirmou que João Victor teria feito uso da maconha no bar em que estavam na noite do acidente. O amigo do réu ainda afirmou que João tinha problemas com drogas, principalmente maconha e cocaína, e que ele já foi internado outras vezes por causa do vício.


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