Vida Urbana
EDUCAÇÃO
Ensino de educação financeira pode ajudar sociedade a ser mais controlada com dinheiro
Publicado: 11/10/2021 às 07:03

/Foto: Reprodução/Flickr
A educação financeira, ou melhor, a falta dela é um tema que está sendo discutido na sociedade atualmente, tendo em vista que seis em cada 10 brasileiros não se dedicam ao controle das suas finanças, neste caso, 58% da população não tem controle financeiro, de acordo com a pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em 2018. Segundo a pesquisa Estresse Financeiro do Brasileiro de 2020, 71% das pessoas consideram os problemas financeiros como a principal fonte de preocupação. Ou seja, pelo menos metade da população não sabe como controlar seus gastos e, tendo em vista o retrocesso econômico que o País vive atualmente, é preciso que cada vez mais pessoas saibam como usar o seu dinheiro.
Contudo, em julho deste ano, o Governo de Pernambuco fez adesão ao programa Aprender Valor, desenvolvido pelo Banco Central do Brasil, que tem como objetivo orientar e educar financeiramente estudantes do ensino fundamental de escolas públicas do País. O programa vem sendo implementado em caráter experimental para que as crianças e jovens aprendam a usar o dinheiro de forma mais consciente, com a oportunidade de planejar um futuro mais estável.
Contudo, em julho deste ano, o Governo de Pernambuco fez adesão ao programa Aprender Valor, desenvolvido pelo Banco Central do Brasil, que tem como objetivo orientar e educar financeiramente estudantes do ensino fundamental de escolas públicas do País. O programa vem sendo implementado em caráter experimental para que as crianças e jovens aprendam a usar o dinheiro de forma mais consciente, com a oportunidade de planejar um futuro mais estável.
Por sua vez, o Governo Federal também lançou, através do Ministério da Educação, em agosto de 2021, o Programa Educação Financeira nas Escolas, com o objetivo de oferecer cursos de formação financeira aos professores para que o tema esteja presente nas salas de aula. A expectativa do programa é capacitar 500 mil professores em três anos, com conhecimentos básicos sobre finanças pessoais de forma integrada nas disciplinas da grade curricular.
Com isso, o professor de matemática André Vieira relatou que o programa do Governo Federal tem um bom direcionamento. "Algumas atitudes serão bem aceitas pelos contribuintes, famílias, para um bem-estar desenvolvido e financeiro. A experiência dos professores serem formados para finanças produz algumas mudanças significativas na vida dos professores, e certos jovens e adultos com suas famílias. Desta forma, a educação financeira tem uma competência fundamental para o cidadão, não apenas fortalecendo sua proteção, como melhorando o comportamento individual tendo algumas características básicas, como fundo de reserva, de investimento, controle de gastos”.
De acordo com André Vieira, a educação financeira vai além de aprender, economizar, cortar gastos desnecessários, poupar e acumular quantias em dinheiro. "Esse programa faz com que as pessoas passem a buscar uma qualidade de vida melhor dentro de tantas outras vantagens. Ela contribui para que o cenário da educação no Brasil seja consciente e controlado", pontuou.
"Não podemos esquecer que o Brasil é um País de enorme desigualdade social. Na linha da pobreza, educação financeira é ter dinheiro; eles participam efetivamente de programas sociais que são fundamentais para eles. Já na classe média, a orientação é como utilizar o crédito de forma consciente, reserva emergencial e valorizar a educação financeira como um grande fator de processo social para melhor desenvolvimento. Esse projeto é desafiador para as classes sociais, mas não posso deixar de ser otimista com o futuro caminhando lentamente, mas numa situação correta”.
Impacto nos negócios
A falta de educação financeira também é refletida na graduação quando, mesmo em aulas de empreendedorismo que alguns cursos e universidades promovem, não há uma orientação de como gerir o negócio, precificar, noção de lucro. Sendo assim, o diretor de projetos da Delta Odontologia, uma empresa júnior da UFPE que presta consultorias para dentistas, com ensino voltado para educação financeira e outras áreas, explicou que a maioria dos cirurgiões dentistas saem da universidade para atender/abrir uma clínica ou consultório e a ausência do conhecimento em finanças gera um forte impacto negativo.
"Eles não sabem como precificar os serviços ou gerenciar o consultório. A gente não tem cadeira de gestão, um projeto de extensão que seja voltado ao ensino da educação financeira ou gestão de consultório na universidade, e a Delta nasce com esse principal motivo de trazer uma vivência empresarial para que os membros consigam executar funções básicas de uma empresa ou consultório, de gerenciar e precificar os serviços de forma assertiva", explicou.
"Eles não sabem como precificar os serviços ou gerenciar o consultório. A gente não tem cadeira de gestão, um projeto de extensão que seja voltado ao ensino da educação financeira ou gestão de consultório na universidade, e a Delta nasce com esse principal motivo de trazer uma vivência empresarial para que os membros consigam executar funções básicas de uma empresa ou consultório, de gerenciar e precificar os serviços de forma assertiva", explicou.
A empresa júnior acaba tendo que cumprir um papel que deveria ter sido feito pela universidade. De acordo com Moisés, a maioria dos cirurgiões dentistas não sabem gerenciar seu negócio. "A gente explica que ele está precificando o serviço de maneira incorreta, que não vai ter margem de lucro da forma que está sendo e nem remunerado da forma certa. A gente para pra rever todos os custos dele, do menor, como um par de luvas, ao maior, como uma cadeira odontológica. Explicamos isso passo a passo, que a finança do consultório é diferente da pessoal, que é preciso declarar imposto de renda e outros impostos para pagar sobre o serviço. A gente só sai da faculdade sabendo que para abrir uma clínica tem que ter CNPJ e, para abrir um consultório, CPF", relatou.
"A gente vai fazendo essa organização das finanças do consultório, trazer à luz de que, agora, ele precisa organizar a vida e a saúde. Segundo o Sebrae, 25% das empresas fecham portas por problemas de gestão, e 27% delas fecham as portas no primeiro ano de existência, segundo o IBGE. É importante saber os tipos de atendimento para cada classe social e o valor cobrado, o que também é discutido nas consultorias. Não adianta cobrar visando a classe A estando imerso em uma comunidade periférica", disse. O dado pode se dar pela falta do conhecimento em finanças.
De acordo com o diretor de projetos, os profissionais não sabem o que fazer para ter um direcionamento nas finanças e procuram consultorias online e mentorias "virada de chave". "Mas elas trazem apenas ideias do que devem fazer e como fazer, só que não colocam na prática junto com o dentista, e é onde está o grande problema. Trabalhar com números é trabalhar com práticas e não só com ideias, não se joga o que fazer, não é só a fórmula. De onde vem os valores, para onde eles vão?".
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