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Projeto para erradicação das arboviroses é desenvolvido em Brasília Teimosa

Publicado: 15/07/2021 às 12:56

/Foto: Rômulo Chico/Esp.DP

/Foto: Rômulo Chico/Esp.DP


A aplicação, no Recife, do projeto de controle dos mosquitos Aedes aegypti através do uso de insetos estéreis, foi apresentada na manhã desta quinta-feira (15) à Agência Internacional de Energia Atômica, que criou a técnica. O encontro aconteceu no bairro de Brasília Teimosa, na Zona Sul. O programa, já em testes por aqui, tem o objetivo de erradicar doenças como dengue, zika vírus e febre chikungunya.

O método consite na liberação de grandes quantidades de insetos inférteis -geralmente os machos-, impedindo a procriação  de novos mosquitos após o cruzamento com as fêmeas. O macho é escolhido também por não se alimentar de sangue humano. Os insetos podem ser liberados com uso de drones.

“Três países estavam no estágio mais avançado no uso de insetos estéreis: Brasil, México e Cuba. O México suspendeu as atividades com a técnica, Cuba concluiu o experimento e o Brasil, que deu sequência à liberação dos insetos estéreis. Foi um desafio muito grande porque Brasília Teimosa e o Brasil vivem uma situação muito delicada do ponto de vista de proliferação dessas doenças causadas pelos Aedes aegypti, as arboviroses. Durante a pandemia continuamos o monitoramento dessas doenças”, afirmou o Diretor Presidente da Moscamed, Jair Virginio.

De acordo com Jair Virginio, 500 mil mosquitos são liberados duas vezes por semana, durante o período diurno. O projeto foi implantado em outubro do ano passado e a fase inicial tem duração de dois anos.

“Começamos a liberação desses insetos em outubro do ano passado. 500 mil mosquitos são liberados duas vezes por semana, no período da manhã. Conseguimos uma redução de 60% na taxa de desenvolvimento dos óvulos, ou seja, a proliferação não aconteceu. Nos dias em que os insetos são liberados a comunidade é avisada e é solicitado a suspensão do uso de inseticidas neste dia para que não mate os insetos estéreis”, explicou. 

Reconhecida por sua eficiência na erradicação e controle de diversos insetos e pragas ao redor do mundo, a Técnica do Inseto Estéril (TIE) é pioneira para controle do Aedes Aegypti. 


Para Rafael Grossi, diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica, as expectativas de um resultado positivo do projeto são importantes para os estudos na América Latina.  

“Aqui temos um projeto que dá certo. É muito importante ter um programa desses na América Latina porque é diferente de importar um modelo da Europa ou dos Estados Unidos. Para nós é muito melhor apoiar um projeto local. Estamos demonstrando o que podemos fazer. Não são necessários muitos recursos, essa é a beleza dessa tecnologia. Não precisamos de orçamentos ambiciosos. Aqui já temos dados interessantes que, com continuidade, chegaremos a uma erradicação completa. No Senegal conseguimos fazer com que a população ficasse completamente livre dessas doenças”, 

Para Cássio Peterka, Coordenador do Programa Nacional de Arboviroses do Ministério da Saúde, o projeto é importante para desenvolver estratégias de combate às arboviroses. 

“A solução para as arboviroses não está só na saúde. O saneamento é fundamental, o abastecimento de água contínuo, para que as pessoas não precisem armazenar. Estamos trabalhando para que as tecnologias venham complementar as ações e para que nós consigamos diminuir o uso de inseticidas químicos. Esse projeto é muito importante porque as realidades do Brasil são muito distintas, então não vai ser uma única estratégia que nós vamos conseguir aplicar em todo o Brasil, mas a ideia é trabalhar com várias tecnologias”, declarou. 


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