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PANDEMIA

Praia de Olinda têm cenas de desrespeito a medidas de segurança no primeiro dia de flexibilização das atividades

Publicado: 01/04/2021 às 19:52

/Arnaldo Sette/DP

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Pernambuco inicia nesta quinta-feira (1º), um dia antes do feriado da Sexta-Feira Santa, uma nova fase de flexibilização das atividades, após o estado adotar medidas mais restritivas durante 14 dias para tentar diminuir a elevada ocupação dos leitos de UTI. Ainda assim, nesta tarde, na Praia de Casa Caiada, em Olinda, na Região Metropolitana, o Diario flagrou nos calçadões, ciclofaixas e faixa de areia o desrespeito por parte de algumas pessoas que insistem em não utilizar a máscara de proteção facial, item essencial na prevenção a Covid-19. A Prefeitura de Olinda informou que tem monitorado a operação dos estabelecimentos comerciais e a movimentação nas praias e espaços públicos da cidade.

Para a estudante de medicina Vitória Fernandes, 22 anos, e seu companheiro Raul Rocha, 25 anos, estudante de direito, que caminhavam na orla da praia, é preciso consciência por parte da população. “Nos outros dias havia policiamento por aqui, para ver se tinha gente aglomerando. Mas hoje, com a reabertura, já está bem movimentado. Há muitas pessoas sem máscara. Mesmo sendo exercício físico, a gente entende, por estar em ar livre. Mas mesmo assim, a gente deve manter o uso de máscara, porque previne. As pessoas sabem que não podem andar sem. É preciso a consciência de cada um. Dá muita raiva ver pessoas que não usam, principalmente agora com esses dados”, relata Vitória.

“Acho que deveria ter uma fiscalização mais rígida. É muito difícil eu, como civil, chegar e fazer a abordagem para outra pessoa que estiver sem máscara. Até posso fazer isso, mas não tenho autoridade para mandar colocar. Mas um policial, por exemplo, tem essa autoridade. Não faz sentido as pessoas colocarem a máscara no queixo”, complementa Raul.

De acordo com os últimos dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) novos 2.987 casos da Covid-19 foram registrados. No total, o estado possui 352.218 casos confirmados da doença, sendo 36.277 graves e 315.941 leves. São 298.206 pacientes recuperados da doença. Em contrapartida, em apenas um ano de pandemia, 12.249 pessoas morreram pelo coronavírus somente em Pernambuco até o momento.


Sentado sozinho num banco em um dos quebra-mar da praia de Olinda, o segurança Manoel Francisco, 44 anos, contemplava o oceano sem o uso da máscara de proteção facial. “Eu estou respirando um pouco de ar puro. É melhor do que estar o tempo todo com essa máscara. A dificuldade maior é quando temos que sair para trabalhar. Pegar metrô e ônibus que estão sempre lotados. Como você pode ver, estou sozinho aqui, exceto por você. É mais de trinta metros de distância das pessoas. Eu preciso respirar um pouco de ar também. Então, vim pra cá e fiquei distante de todo mundo”, explica o homem.

Questionado sobre a adoção das medidas sanitárias, o segurança Manoel explicou que concordava, mas que deveria haver fiscalização igual em todos os locais. “Os nossos políticos não estão nem aí. Fazem ações pouco eficazes. Mas o ônibus e o metrô estão cheios. Somos nós que sofremos as consequências no final. Eu preciso pegar esse ar, se não fico maluco. Eu acredito que tem que ter o distanciamento, o uso da máscara, do gel, e principalmente, fiscalização em todo o lugar. E não apenas nos bairros nobres”.

Alguns metros de distância, num trecho da beira-mar conhecido popularmente como Praia do Quartel, o administrador de empresas André Luiz Torres, de 41 anos, disse ser contra ao novo Plano de Convivência com a Covid-19, liberado na quarta-feira (31), que flexibiliza as atividades sociais e econômicas. “Eu sou contra essas determinações do governo. Para mim, só serve para quebrar o comércio. Eu sou a favor de um lockdown rochedo, severo. Acho que já chegou o ponto de fazer um lockdown para dar uma aliviada nas UTIs. Mas essas medidas meia-boca que há, só fazem quebrar o empresário e não resolve a situação. Pelo contrário, acredito que vai aumentar. Agora sim, eu me cuido, estou sempre de máscara, evito os lugares cheio de gente, mas não concordo com essas determinações”.

O Diario também flagrou um grupo de jovens que jogavam uma partida de futebol na areia da praia, todos sem máscara, além de dezenas de pessoas que não utilizavam o item de prevenção, tanto no calçadão quanto na ciclofaixa.


Com o novo plano de flexibilização, podem funcionar na orla até o dia 25 abril, nos dias de semana, das 5h às 20h, os serviços de alimentação, como bares, restaurantes e lanchonetes, assim como também as ciclofaixas destinadas a atividades de lazer ou recreativas. Nos finais de semana e feriados, funciona das 9h às 17h. A determinação permite o acesso a praias marítimas e fluviais, em todo o Estado, desde que não haja aglomeração.

Em nota, a Prefeitura de Olinda informou que tem monitorado a operação dos estabelecimentos comerciais, assim como a movimentação nos parques, praias e demais espaços públicos da cidade, em cumprimento às medidas previstas no decreto estadual vigente. “Neste período da Semana Santa, incluindo o fim de semana entre os dias 2 e 4 de abril, as ações se intensificam com o trabalho ampliado do efetivo da Guarda Municipal, fiscais do Controle Urbano, técnicos da Vigilância Sanitária, entre outros órgãos. O acompanhamento se estende também nas feiras livres, demais vias urbanas e equipamentos do município, observando o atendimento aos protocolos de saúde necessários para o enfrentamento a pandemia da Covid-19”.
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