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Pernambucano perde 49 quilos em pouco mais de um ano e readapta rotina por causa da pandemia

Publicado: 08/04/2021 às 15:00

Mário Azevedo tinha 132 kg em março de 2020/Foto: Arquivo Pessoal

Mário Azevedo tinha 132 kg em março de 2020/Foto: Arquivo Pessoal

Mário Azevedo tinha acabado de surfar e correr quando recebeu nosso contato. Apesar de sempre ter gostado de esportes, o empresário se viu forçado pelo medo a incorporar as atividades de forma definitiva à rotina, ainda em março de 2020, quando a pandemia da Covid-19 se instalou em Pernambuco. Tuba, como também é conhecido na Ilha de Fernando de Noronha, onde reside há oito anos, pesava 132 kg, até resolver que os maus hábitos do dia a dia ficariam para trás.

Pouco antes da pandemia, em janeiro do ano passado, o pai de Mário teve um infarto fulminante e faleceu. O que ligou ainda mais o sinal de alerta para os cuidados que o empresário precisaria tomar com a saúde. Apaixonado por esportes, começou a correr e a surfar todos os dias. Aliado a isso, deu início a uma reeducação alimentar rígida, que passou desde a diminuição do consumo de carboidratos à interrupção do consumo de bebidas alcoólicas e refrigerantes.

Pouco mais de um ano depois, esse vem sendo o combo perfeito para a mudança de vida do pernambucano. Com 40 anos, Mário perdeu 49 quilos e hoje pesa 83 quilos. “Quando a pandemia chegou, surgiu toda a história de que a doença é um perigo imenso para quem é obeso e tem alguns problemas. Então,  radicalizei qualquer tipo de bebida, hoje em dia só tomo água. Depois de quatro meses, eu estava com a cabeça tão focada que se tornou fácil, e, desde então, não parei. Continuo correndo todos os dias. A pandemia foi o que me fez radicalizar e mudar. Eu pensei que poderia morrer se pegasse a doença”, explicou. 

Hoje, a pressão arterial do empresário está controlada e ele não faz mais uso da bombinha que utilizava para respirar melhor, devido ao problema de asma que tinha. Além disso, Mário corre entre 7 a 10 quilômetros por dia, e, uma vez por mês, avança para 21 quilômetros. A pretensão é de um dia concluir uma maratona completa.

Ainda assim, o recifense não se viu livre da Covid-19. Em janeiro deste ano, testou positivo para a doença após constatar a perda do olfato e do paladar. Mas, diferente de 2020, a preocupação que antes existia em relação ao contágio diante dos problemas de saúde, foi ressignificada.

"Depois de passar pelo período de isolamento, voltei a correr normalmente, não tive nenhum problema respiratório. Fiquei tranquilo, com zero medo desta vez, porque eu estava me sentindo muito bem, treinando todos os dias. A única coisa que eu me preocupei foi de não passar o vírus para ninguém", assegurou.

Mário corre e pratica surfe todos os dias
“A corrida, junto ao esporte, mudou minha vida mil por cento. Hoje tenho uma qualidade de vida totalmente diferente e é algo que não posso deixar cair de jeito nenhum. Fui recentemente para Recife e deu tudo certo com meus exames. Isso me motiva mais ainda. Recebo muitas mensagens de pessoas que se sentem incentivadas com a minha história e que se inspiram em mim", agradece. 

Obesidade: ponto complicador

Um relatório divulgado em março de 2021 pela Federação Mundial da Obesidade mostra que entre 2,5 milhões de mortes causadas pelo novo coronavírus, 2,2 milhões ocorreram em países com altos índices de obesidade. O estudo também revelou que a taxa de mortalidade em países onde as pessoas estão acima do peso ou obesas é dez vezes mais elevada, em comparação com países nos quais menos da metade da população se encontra nessa condição. No Brasil, a taxa de obesidade é de 22,1%.

O infectologista João Paulo França, explicou os motivos de pessoas obesas apresentarem um nível de vulnerabilidade maior para desenvolver a forma grave da Covid-19. "Tudo o que acontece no corpo da gente, até a agressão do pulmão, é derivado de uma resposta inflamatória desregulada. Quando nosso pulmão tem contato com a inflamação, ele tem uma reação e incha. Imagine essa reação multiplicada por cinco?", exemplificou.

De acordo com França, a pessoa com obesidade tem um pulmão menor que sua altura, o que acarreta em outra complicação. "Por possuir muita gordura literal dentro da barriga, o paciente obeso tende a se acomodar. Ele começa a empurrar a barriga para frente, para os lados e para cima, e acima da barriga está o pulmão, que, no caso dos obesos, é menor que a altura. Nesse sentido, o pulmão não tem espaço para expandir no processo de respiração. Esse paciente já entra na jogada do coronavírus em desvantagem e tende a ter uma resposta insatisfatória", diz.

Por conta do estado de inflamação do corpo, o infectologista também chama atenção para as células do tecido adiposo da pessoa com obesidade, que, segundo França, acaba servindo de reservatório para o coronavírus - uma espécie de casa a qual o vírus se sente confortável para se instalar. 

Em contraponto às complicações, a prática de atividades físicas diminui o grau de inflamação do corpo, além de melhorar a atividade pulmonar e cardíaca, aspectos favoráveis à pessoa infectada com Covid-19, conforme afirma o infectologista.

Em concordância, o professor de educação física, Eduardo Silva, relembrou a importância de incorporar a prática de exercícios físicos e boa alimentação diante do contexto de pandemia. "A Covid-19 afeta muito a questão cardiorespiratória. E nem sempre comer bem significa que aquela alimentação é adequada para o seu corpo. Mas a atividade física junto à boa alimentação acaba sendo a junção para gerar uma saúde completa, além de liberar endorfina, melhorar a autoestima, saúde mental e física".
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