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Instituições públicas desenvolvem pesquisa para garantir acessibilidade a pessoas com esquistossomose

Publicado: 23/04/2021 às 12:40

/Foto: Arquivo/DP

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Um estudo que avaliou 378 pessoas com esquistossomose em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, validou o Índice Coutinho, uma relação entre dois exames simples de laboratório, que envolve dosagem de fosfatase alcalina e de plaquetas sanguíneas, como uma importante ferramenta para avaliar os estágios da fibrose periportal, principal consequência da esquistossomose.

De acordo com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a fórmula  ([ALP / limite superior da normalidade {ULN}] / contagem de plaquetas [106 / L] x 100), baseada no índice Coutinho e criada a partir da dissertação de mestrado de Ana Virginia Barreto, ajuda a detectar a fibrose periportal mais avançada em pacientes com esquistossomose e evitar as repercussões da doença.

A médica do Hospital das Clínicas e coorientadora dos trabalhos, Ana Lúcia Coutinho explicou a importância da fórmula para a acessibilidade das pessoas."Esse índice foi criado para separar nas áreas endêmicas pacientes com doença leve da grave, com dois exames de laboratório simples. Essa é a sua importância, pois vai ter aplicabilidade. É uma triagem inicial dos pacientes mais gravemente acometidos feita nas áreas endêmicas sem precisar fazer o exame de ultrassom, que nem sempre é disponível e é bem mais caro".

"É uma fórmula simples e precisa do resultado de dois exames de sangue, que podem ser realizados em laboratório simples, com baixo custo: 20% do valor de um exame de ultrassonografia do abdome. Ainda será uma economia para o município", ressaltou, destacando que a fórmula será divulgada para o Programa de Saúde da Família.

Segundo a UFPE, o estudo avaliou 378 pessoas com história prévia da doença ou um exame parasitológico positivo. A universidade ainda informou que foram realizados exames de ultrassom como padrão ouro para classificação da fibrose, bem como medidos os marcadores biológicos do Índice Coutinho. Além de Ana Lúcia e de Ana Virgínia, assinam o estudo George Diniz, Ana Cavalcanti, Edmundo Lopes, Silvia Montenegro e Clarice Morais.

O estudo The Coutinho index as a simple tool for screening patients with advanced forms of Schistosomiasis mansoni: a validation study (Índice Coutinho como uma ferramenta simples para triagem de pacientes com formas avançadas da esquistossomose mansoni: um estudo de validação) foi publicado na revista científica Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. O nome Índice Coutinho é uma homenagem ao médico, professor e pesquisador pernambucano Amaury Coutinho (1918-1995), que dedicou sua vida no estudo da esquistossomose e a filariose.

A pesquisa contou com a participação de profissionais do Hospital das Clínicas da UFPE, Centro de Ciências Médicas (CCM) da UFPE, Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz/Pernambuco e Laboratório Central de Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde.

Sobre a doença

A fibrose periportal é a principal consequência patológica da infecção pelo Schistosoma mansoni, o parasita causador da esquistossomose, e se caracteriza por uma lesão no fígado que provoca a hipertensão do órgão. O Índice Coutinho é uma fórmula que consegue prever a fibrose ao dosar a relação entre a fosfatase alcalina (ALP) e a quantidade de plaquetas sanguíneas, marcadores biológicos mensurados por testes simples de laboratório.

“Para a esquistossomose não há vacina, sendo o saneamento básico adequado e o não contato com água contaminada com as larvas infectantes, as cercárias do Schistosoma, a forma de evitar a doença. O diagnóstico se dá por exames simples de laboratório, e o tratamento é feito com medicações antiparasitárias, quando descoberto de forma rápida. Com a demora no diagnóstico ou tratamento, o caso pode evoluir e gerar internação e até cirurgias", concluiu em nota a UFPE.
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