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''Estimulação é ponto chave para evolução de crianças com Down", aponta especialista
Publicado: 21/03/2021 às 11:17

/Divulgação
No que tange atenção e cuidado, nenhuma criança vive em um espectro diferenciado. Todas merecem atenção. Contudo, umas possuem mais, outras um pouco menos, mas todas necessitam de estímulos para melhor aprimorarem o desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e de linguagem. No caso das com Síndrome de Down não é diferente. Entretanto, os incentivos quando iniciados já nos primeiros meses de vida e a participação ativa da família no processo podem minimizar os atrasos decorrentes da Síndrome.
Para a psicopedagoga e especialista em desenvolvimento Infantil crianças com Trissomia do 21 (Uma Trissomia genética no cromossomo 21, cujas células somam 47 cromossomos em vez de 46, como a maioria da população), Geórgia Feitosa, as crianças com essa condição podem apresentar necessidades específicas para alcançar os marcos do desenvolvimento motor, por exemplo. Entretanto, se bem estimuladas, os primeiros passos podem ocorrer pouco depois do primeiro ano ou só mais tarde. “Todas as crianças com a condição da trissomia do cromossomo 21 irão rolar, sentar, engatinhar, brincar, ler enfim, todo o repertório de uma criança.
A consolidação desses marcos precisa da afetividade da família e dos estímulos vivenciados que incluem a vida social familiar e a inserção nas creches e escolas”, diz.
Humberto Suassuna é o exemplo de que o estímulo adequado pode proporcionar uma vida produtiva às pessoas com as características desta Trissomia. Aos 40 anos, Beto (como é conhecido é carinhosamente chamado pela família e amigos) já concluiu a faculdade de educação física, uma pós graduação em saúde do idoso e continua a estudar. Agora, no curso superior de farmácia. Desde seus 27 anos mantém um relacionamento sério com Rafaela Cordeiro, sua namorada. Há 5 estão noivos. Ele também é músico e toca vários instrumentos por lazer, a exemplo de saxofone, bateria e violão. “Devo aos meus pais tudo que sou hoje. Tudo o que eles fizeram por mim desde pequenininho. Me sinto capaz de realizar tudo o que o meu coração desejar”, frisa.
Oferecer tratamentos lúdicos, através de ambientes favoráveis e de técnicas que fortifiquem as condições musculares e consequentemente as reações posturais destas crianças, são caminhos positivos para promover a autonomia das crianças com Down. “Tudo irá depender não somente das especificidades inerentes a esse público, como hipotonia muscular (musculatura mais flácida) e o comprometimento intelectual (aprende com velocidade mais reduzida), mas fundamentalmente dos estímulos oferecidos por uma equipe multidisciplinar, formada por pediatra, psicopedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, psicológos”, explica Geórgia.
A Síndrome não é uma doença e sim uma condição, apesar de carregar consigo algumas especificidades, também chamadas de comorbidades, como a cardiopatia, que acomete cerca de 50% dos casos, e, em algumas situações, deficiência auditiva, de visão, na linguagem e na fala. “Como qualquer outra criança, as diagnosticadas com Trissomia 21 podem e devem ser estimuladas em todas as áreas possíveis: afetivamente, alimentação, estudo, profissão, atividades laborais e de lazer. O que elas não podem é ficar paradas no tempo, pois são sujeitos de direito e de potencialidades como qualquer outra criança”, frisa a psicopedagoga.
Geórgia também destaca que o acompanhamento da família é fator crucial para que elas se desenvolvam e sigam seguras até a vida adulta. “A família é uma base indispensável nesse processo de quebra de barreiras, de quebra de preconceito. Trabalhar o empoderamento das pessoas acometidas pela Síndrome de Down desde a infância certamente irá resultar na formação de adultos mais autoconfiantes”, detalha.
Março é o mês da conscientização sobre a Síndrome de Down. O movimento visa dar visibilidade ao tema e ampliar a discussão quanto à importância da quebra de preconceito dirigida a esta camada da população. O dia 21 é o Dia Internacional da Síndrome de Down, mas durante todo o ano as ações de mobilização sobre a importância da luta pelos direitos desse público precisam ser reforçadas. “Precisamos rasgar os rótulos e respeitar as diferenças”, assinala Geórgia.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 300 mil brasileiros são acometidos pela síndrome no país. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU) assegura direitos às pessoas portadoras da Síndrome de Down, ratificado pelo Brasil através da Lei Brasileira de Inclusão, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, cujas normas visam “promover e assegurar, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”.
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