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Vida Urbana
LIÇÃO

Bruno Santos, o ambulante que decidiu higienizar os ônibus durante a pandemia

Publicado: 30/03/2021 às 17:30

/Foto: Cortesia/WhatsApp

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Ônibus lotado, longo tempo de espera nas paradas e terminais, além da redução da frota veicular. A batalha diária dos passageiros dos transportes públicos continuou durante a pandemia com mais um agravante: o medo da contaminação pelo coronavírus. O pedido de distanciamento social é impossível em um ambiente coletivo como esse. Somado à falta de oportunidades, Bruno Santos, de 21 anos, vendia água e pipoca nos ônibus da Região Metropolitana do Recife e viu a compra de suas mercadorias despencarem durante o ano de 2020, quando a pandemia de Covid-19 assolou o país. Em uma das viagens achou uma flanela debaixo do banco e decidiu atuar em outra frente: na limpeza dos transportes públicos.

Com o destino incerto, Bruno sai todas as manhãs do bairro de Beberibe, onde mora, e volta no final da tarde. Ele tem pressa para embarcar em outro coletivo e conscientizar os passageiros sobre o risco da pandemia. O jovem só aceitou conversar depois que limpou os bancos, catracas, cadeiras e oferecer álcool em gel para os usuários e motorista.

“Primeiro eu subia nos transportes vendendo água e pipoca, só que as vendas caíram muito. Um dia eu entrei em um ônibus e achei uma flanela. Pensei que só poderia ser uma mensagem de Deus para eu começar a higienizar os transportes. Juntei um dinheiro, comprei álcool e iniciei a ação”, contou.

Sempre com a máscara de proteção facial no rosto, Bruno traz a imagem que esperávamos de representantes populares diante de uma crise sanitária que ceifou a vida de mais de 300 mil brasileiros. Apesar dos cuidados, o jovem teme a infecção por Covid-19. 

Bruno, na verdade, segue na esperança de virar a página e sair da estatística que já soma 13,9 milhões de desempregados no país. O ambulante também se alia à uma luta paralela para não se tornar mais uma vítima da Covid-19. Em Pernambuco, 12.118 vidas foram interrompidas. 

“A gente fica com medo desse vírus, né? tem muita gente morrendo e o pessoal não se cuida. Passo o álcool nos bancos, nas barras e pergunto se os passageiros também querem. A maioria recusa. Depois que eu limpo todo o transporte é que conto a minha situação e peço ajuda porque não está fácil. Recebo alguns trocados e é com eles que eu levo o pão pra casa, com o dinheiro honesto. Na verdade eu queria mesmo arrumar um emprego”, relata o jovem.
 

   







 

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