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Primeira mestranda indígena do Campus Agreste da UFPE defende dissertação nesta sexta

Publicado: 12/02/2021 às 11:46

/Foto: Divulgação/UFPE

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Vai ocontecer, a partir das 14h30 desta sexta-feira (12), a primeira defesa de dissertação de Maria Roseane Cordeiro de Oliveira, a primeira estudante indígena do Campus Agreste da Universidade Federal de Pernambuco (CAA), localizada em Caruaru. A mestranda vai defender o trabalho pelo Programa de Pós-graduação em Educação Contemporânea (PPGEduc), com o tema "A prática pedagógica das/nas escolas xucuru: encontros com a pedagogia decolonial na comunidade-escola". A defesa será apresentada em formato virtual, em decorrência da pandemia da Covid-19.

De acordo com a UFPE, no momento da apresentação, os professores da banca examinadora estarão no CAA, junto ao orientador da pesquisa, o professor do PPGEduc, Saulo Feitosa, enquanto a estudante estará na aldeia xucuru, em Pesqueira, junto a um conselho de representantes indígenas presentes.

Ainda segundo a Universidade, a mestranda estudou na escola indígena na aldeia xucuru, onde reside até hoje. Quando se tornou adulta, se formou em Licenciatura Intercultural Indígena, no CAA, e, hoje, é professora da escola indígena onde estudou quando criança. Após a graduação, fez Especialização em História e Culturas Indígenas, também no Campus do Agreste, e agora está concluindo o mestrado em Educação Contemporânea.

Segundo o orientador Saulo Feitosa, toda a dissertação foi feita com base em autores intelectuais indígenas, trabalhos de conclusão de cursos de indígenas que fizeram 'lato sensu' e especialmente que discutem o pensamento decolonial. "O que significa que discutem exatamente a valorização do conhecimento tradicional autóctone, nativo, criticando a reprodução do conhecimento ocidental", explica. Para tanto, ela trouxe à discussão autores renomados como Aníbal Quijano (Peru), Catherine Walsh (Equador) e Walter Mignolo (Argentina).

O ponto alto do trabalho de Roseane se baseia na defesa de que o povo xucuru possui uma pedagogia própria de ensino, estabelecendo um diálogo entre a pedagogia tradicional e a indígena, alinhando o saber tradicional que é repassado de geração em geração com os saberes que são produzidos fora das aldeias.

Graduação
O curso de Licenciatura Intercultural Indígena foi uma grande conquista do povo indígena e do CAA e formou mais de 300 professores indígenas. A Especialização em História e Culturas Indígenas, por sua vez, formou 110. A reivindicação dos professores é que o curso se torne permanente, para que possa beneficiar ainda mais indígenas. De acordo com a UFPE, a PPGEduc também espera estabelecer um sistema de cotas para negros e indígenas em breve, pois ainda não possui.


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