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Praias da Zona Sul do Recife praticamente vazias nesta segunda-feira de Carnaval
Publicado: 15/02/2021 às 14:24

/Foto: Peu Ricardo/DP

Estranheza, vazio e luto. Esses foram os sentimentos descritos por quem resolveu aproveitar a manhã desta segunda-feira (15) nas praias de Boa Viagem e do Pina, na Zona Sul do Recife. Diferente do que usualmente se vê, os locais amanheceram com pouca movimentação por parte dos banhistas, o que, de um lado, é motivo de comemoração por conta da pandemia da Covid-19, e, por outro, remete a tempos saudosos em que tomar banho de mar também fazia parte do roteiro de muita gente no período carnavalesco.
O professor de Educação Física, Alisson Veríssimo, 26, costuma transitar entre Recife e Olinda nos quatro dias de carnaval, e lembra com saudade das festividades do ano passado. "A gente se prepara o ano inteiro para brincar o carnaval, mas esse ano foi totalmente diferente. Nesse período, no ano passado, estávamos brincando todos os dias, de manhã, de tarde e de noite", relembrou. Ao chegar na praia de Boa Viagem, teve uma surpresa.
"Vim à praia, em pleno carnaval, com o sentimento de luto. Não imaginava encontrar a praia deserta, é um pouco triste. O povo pernambucano é muito raíz, carnavalesco e nunca imaginávamos chegar a esse ponto. Fica um vazio muito grande", completou.

Para seu José de Moura, que aos 87 anos de idade caminha 5 quilômetros todos os dias na praia, a dor de um ano sem carnaval está sendo grande, assim como ver a praia deserta, apesar de o contexto exigir tais medidas. “Não participo ativamente, mas adoro o Carnaval e observo a beleza. A sensação que fica é de um vazio. A praia está vazia e não ter visto as pessoas fantasiadas, indo para o Galo, foi um momento diferente. A nostalgia vai voltar no futuro”, disse, esperançoso.
Já vacinado contra a Covid-19, o aposentado destaca a importância do cancelamento dos quatro dias das festividades de momo no Estado, em meio à pandemia do novo coronavírus. “Faz-se necessário não ter carnaval, até para não abrir espaço para pessoas irresponsáveis. Com a chegada da vacina, estamos aguardando novos tempos”, pontuou.
Se a situação parece difícil para os que deixaram de cair na folia este ano, quem dirá para aqueles que dependem da receita gerada na praia também no carnaval. Caso de Nilson Cerqueira, que, aos 21 anos, trabalha como ajudante na Barraca do Luís, nas imediações do 2° Jardim. “Hoje o movimento está fraco devido ao tempo nublado, mas se Deus quiser, o tempo vai abrir e vai dar uma melhorada. Quando tem carnaval, vem mais gente, a diferença do ano passado para esse ano está sendo grande”, afirmou.
Por outro lado, a dona de casa Chris Lins, 54, fez bom proveito da pouca movimentação, e do tempo nublado para caminhar na faixa de areia. “Está tudo muito estranho, bem mais calmo. Eu aproveitei para vir hoje por estar mais vazia e para evitar aglomeração”.

O sentimento de estranheza não foi compartilhado apenas pelos frequentadores de Boa Viagem, e também ganhou espaço em locais usualmente mais agitados. Residente em Carpina, na Zona da Mata pernambucana, a professora polivalente Anna Rodrigues, 33, previu a pouca movimentação nas redondezas do Buraco da Velha, no bairro de Brasília Teimosa, e resolveu tirar um dia de descanso, mas ressaltou a diferença para os tempos normais.
"Muito diferente dos outros dias, também pelo fato de não ter tido feriado. Eu sabia que teriam poucas pessoas, por isso decidi vir e mudar o percurso”, disse, ao mesmo tempo em que projetou que a população seja vacinada o quanto antes. “Espero que a vacina chegue para todo mundo".
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