
/Arnaldo Sete/ DP
No último domingo antes do feriado de carnaval, Olinda se mostrou diferente do que o comum para época. Pela primeira vez, as ruas não estavam tomadas de foliões e as músicas reinavam em poucas esquinas. Apesar da pandemia, algumas pessoas insistiram em não deixar o momento passar sem uma visita à cidade.
Para o estudante Arthur Felipe, o que mais faz falta é a aglomeração e o calor das pessoas. “Estar aqui traz aquela sensação de um pouco de alegria e ao mesmo tempo tristeza, mas precisamos entender essa fase”, falou.

Apesar de todas as regras impostas pela pandemia, Carlos Castro, o Barão de Olinda, segue fazendo suas aparições todos os dias, usando a máscara de proteção como novo acessório de seu figurino. Bem vestido e prostrado em sua janela, o senhor que atua há 45 anos na cidade segue chamando atenção de quem passa. “Olinda sem carnaval é triste, no próximo ano, a gente vem com uma festa dobrada para compensar esse carnaval de covid”, comentou o Barão.
Para dona Iracema, moradora há 52 anos da cidade, o pouco movimento traz um clima muito mais calmo. “É muito mais tranquilo, passa uma pessoa ou outra, faz alguma pergunta e vai embora”, comentou a senhora. Iracema costuma acompanhar o movimento da rua de sua varanda, onde conversa com os foliões que passam periodicamente. “É um movimento mais gostoso, se fosse ano passado ia estar muito tumultuado, não daria nem para passar”, destacou.
Entretanto, alguns pontos contavam com movimentações maiores, como os quatro cantos, onde a foliã Laudiceia Cabral estava inconsolável de saudades de sua festa preferida. “Eu sou do carnaval, saber que domingo que vem não vai ter festa é muito triste. Fico aqui para pelo menos matar um pouco da saudade”, comentou.
Na Sé o movimento era intenso, mas não houve sinal de prévias e o fluxo não foi muito diferente de outros finais de semana no comércio de Olinda. Muitas pessoas passeavam em família e os protocolos de segurança estavam relaxados entre os transeuntes.
Em questão de comércio, o vendedor José Miguel, do Mercado da Ribeira, afirmou que o movimento está baixo, mas não é nulo. “Na parte da noite até tem gente, aglomeração, mas nada como no ano passado. Estou vendendo, mas não como 2020”, ressaltou o comerciante.
A enfermeira Iara também estava curtindo o domingo em Olinda, mas não deixou de destacar que é um momento crítico para a saúde. “É a época do ano mais esperada, mas trabalhar em saúde me fez ver o tempo todo o que esse vírus pode causar, só podemos esperar que no próximo ano a comemoração aconteça normalmente”, ressaltou.

