Vida Urbana
RECLAMAÇÃO
Após quatro dias, abastecimento de água é regularizado no Ipsep
Publicado: 23/02/2021 às 12:58

Edson de Menezes, 73, precisou comprar garrafões d´água para manter a higiene/Foto: Peu Ricardo/Esp.DP
A instalação da Covid-19 em Pernambuco evidenciou um discurso essencial, mas na agitação do dia a dia, às vezes pouco colocado em prática: a importância de manter os cuidados básicos de higiene como uma das formas de prevenção ao contágio do novo coronavírus. Entre os tantos elementos que ganharam notoriedade ao longo da pandemia, o acesso à água sempre foi estebelecido como o principal pilar de proteção, embora esse direito não seja efetivamente garantido a toda a população. Até a manhã desta terça-feira (23), os moradores da rua Hélio Brandão, no bairro do Ipsep, sentiam o gosto amargo da falta de abastecimento no local, que já durava quatro dias. Contudo, após dias de reclamações, no período da tarde, as toneiras voltaram a ficar cheias novamente.
Foram mais de 96 horas sem água no local até o abastecimento ser restabelecido. De acordo com os moradores, a dor de cabeça teve início no sábado (20), como conta a jornalista Érica de Paula, 30. "Eu só queria uma resposta digna da Compesa. Minha mãe ligou ontem, a vizinha também e eles disseram que a água havia sido restabelecida sábado. Problemas acontecem, mas qual é a resposta? A gente não sabe o que aconteceu", cobrou, na espera por explicações sobre o que teria ocasionado a falta d´água. No último domingo (21), o Diario entrou em contato com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), que, em nota, afirmou que uma obra de reparo em um trecho do abastecimento foi efetuada e que a distribuição de água foi normalizada na tarde do sábado.
Na manhã desta terça-feira (23), entretanto, fomos até o local conferir se o abastecimento havia sido normalizado, conforme disse a Companhia. E o que encontramos foi indignação por parte dos moradores e torneiras vazias. Situação que também atingiu o aposentado Edson Menezes, 73, que precisou se virar como pôde em meio à pandemia para cozinhar e manter a casa higienizada. “Essa falta de água é séria, principalmente por conta da pandemia. Quando o pessoal vê que está faltando água, aumenta o valor do garrafão, e o sentimento é só de impotência", lamentou, ao passo em que relembrou os dias em que precisou comprar água mineral para cozinhar, beber e tomar banho.
Para outros moradores, a falta de abastecimento aparece como um empecilho ainda maior, principalmente sob a ausência de explicações claras. Caso de Kayres Carvalho, 37 anos. A técnica em segurança do trabalho conta que fez uma cirurgia para a retirada de um abscesso na mama esquerda, na última quinta (18), e, ao longo dos quatro dias sem água em sua casa, vinha higienizando o local cirurgiado apenas com álcool. "A Compesa disse que houve um problema com outra válvula, que eles consertaram ao longo da madrugada, e que a água chegaria hoje de manhã", descreve, antes de se queixar do longo período sem abastecimento. "O sentimento que fica é de negligência, porque eu pago as contas em dia".

A autônoma Marilene de Melo, 60, contou que no último mês pagou cerca de R$ 612 na conta de água. A moradora, que tem uma loja de produtos variados, aguardou aflita o abastecimento da água ser restabelecido. Assim como o cuidador de uma clínica terapêutica do bairro, Euclimar Vasconcelos, que atende pessoas com deficiência intelectual e em vulnerabilidade social. Para ele, a pior sensação era a de incerteza sobre a normalização do abastecimento.
"No sábado, tivemos que levar os pacientes para tomar banho na clínica da Lagoa do Araçá. Temos uma cisterna e caixa d'água, que juntas, somam 10 mil litros, e não foi suficiente para suprir esses dias sem água". Ao todo, ele conta que, ao longo dos quatro dias sem água, a clínica gastou cerca de R$ 300 com comida e água mineral para os oito pacientes atendidos pelo local.
Apesar de quatro dias ser considerado pouco, dentro dos parâmetros de falta d´água nos bairros da Região Metropolitana do Recife, a falta de abastecimento não deve ser normatizada, uma vez que o acesso a esse serviço é um direito básico da população.
"A época que havia racionamentos aqui no bairro eu era criança. Foi a primeira vez que senti na pele a falta de água, e saindo só um pouco da minha redoma, eu paro para pensar: 4 dias sem água...E tantos outros lugares que a Compesa deixa a população mais de 15 dias sem água? É um privilégio ter água na torneira todo dia", disse. E continuou. "É preciso políticas públicas eficazes que não só evitem transtornos “pequenos” como esse de aconteceram, mas, principalmente, garantir aos demais esse bem tão precioso".
Vale lembrar que o Ipsep não está incluso na lista dos bairros afetados pelo novo calendário de rodízio de água anunciado pela Companhia no dia 22 de janeiro. A reportagem entrou em contato novamente com a Compesa, mas não obteve retorno até a atualização deste texto.
Foram mais de 96 horas sem água no local até o abastecimento ser restabelecido. De acordo com os moradores, a dor de cabeça teve início no sábado (20), como conta a jornalista Érica de Paula, 30. "Eu só queria uma resposta digna da Compesa. Minha mãe ligou ontem, a vizinha também e eles disseram que a água havia sido restabelecida sábado. Problemas acontecem, mas qual é a resposta? A gente não sabe o que aconteceu", cobrou, na espera por explicações sobre o que teria ocasionado a falta d´água. No último domingo (21), o Diario entrou em contato com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), que, em nota, afirmou que uma obra de reparo em um trecho do abastecimento foi efetuada e que a distribuição de água foi normalizada na tarde do sábado.
Na manhã desta terça-feira (23), entretanto, fomos até o local conferir se o abastecimento havia sido normalizado, conforme disse a Companhia. E o que encontramos foi indignação por parte dos moradores e torneiras vazias. Situação que também atingiu o aposentado Edson Menezes, 73, que precisou se virar como pôde em meio à pandemia para cozinhar e manter a casa higienizada. “Essa falta de água é séria, principalmente por conta da pandemia. Quando o pessoal vê que está faltando água, aumenta o valor do garrafão, e o sentimento é só de impotência", lamentou, ao passo em que relembrou os dias em que precisou comprar água mineral para cozinhar, beber e tomar banho.
Para outros moradores, a falta de abastecimento aparece como um empecilho ainda maior, principalmente sob a ausência de explicações claras. Caso de Kayres Carvalho, 37 anos. A técnica em segurança do trabalho conta que fez uma cirurgia para a retirada de um abscesso na mama esquerda, na última quinta (18), e, ao longo dos quatro dias sem água em sua casa, vinha higienizando o local cirurgiado apenas com álcool. "A Compesa disse que houve um problema com outra válvula, que eles consertaram ao longo da madrugada, e que a água chegaria hoje de manhã", descreve, antes de se queixar do longo período sem abastecimento. "O sentimento que fica é de negligência, porque eu pago as contas em dia".

A autônoma Marilene de Melo, 60, contou que no último mês pagou cerca de R$ 612 na conta de água. A moradora, que tem uma loja de produtos variados, aguardou aflita o abastecimento da água ser restabelecido. Assim como o cuidador de uma clínica terapêutica do bairro, Euclimar Vasconcelos, que atende pessoas com deficiência intelectual e em vulnerabilidade social. Para ele, a pior sensação era a de incerteza sobre a normalização do abastecimento.
"No sábado, tivemos que levar os pacientes para tomar banho na clínica da Lagoa do Araçá. Temos uma cisterna e caixa d'água, que juntas, somam 10 mil litros, e não foi suficiente para suprir esses dias sem água". Ao todo, ele conta que, ao longo dos quatro dias sem água, a clínica gastou cerca de R$ 300 com comida e água mineral para os oito pacientes atendidos pelo local.
Apesar de quatro dias ser considerado pouco, dentro dos parâmetros de falta d´água nos bairros da Região Metropolitana do Recife, a falta de abastecimento não deve ser normatizada, uma vez que o acesso a esse serviço é um direito básico da população.
"A época que havia racionamentos aqui no bairro eu era criança. Foi a primeira vez que senti na pele a falta de água, e saindo só um pouco da minha redoma, eu paro para pensar: 4 dias sem água...E tantos outros lugares que a Compesa deixa a população mais de 15 dias sem água? É um privilégio ter água na torneira todo dia", disse. E continuou. "É preciso políticas públicas eficazes que não só evitem transtornos “pequenos” como esse de aconteceram, mas, principalmente, garantir aos demais esse bem tão precioso".
Vale lembrar que o Ipsep não está incluso na lista dos bairros afetados pelo novo calendário de rodízio de água anunciado pela Companhia no dia 22 de janeiro. A reportagem entrou em contato novamente com a Compesa, mas não obteve retorno até a atualização deste texto.
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