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'Querem transformar o meu filho em um demônio', diz mãe de Miguel Otávio

Publicado em: 03/12/2020 20:34 | Atualizado em: 03/12/2020 21:40

 (Foto: Divulgação
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Foto: Divulgação
Após a primeira audiência do caso do menino Miguel Otávio, de cinco anos, realizada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, no bairro da Boa Vista, a mãe da vítima, Mirtes Renata, participou de uma coletiva de imprensa junto com seu advogado e representantes da Articulação Negra de Pernambuco (Anepe), Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop).

"Querem transformar o meu filho em um demônio e Sari em uma santa. Querem transformar o meu filho na pior criança do mundo", disse Mirtes Renata, sobre a audiência que aconteceu nesta quinta-feira (03). O menino morreu em 2 de junho ao cair do nono andar de um condomínio do Recife quando estava sob a responsabilidade de Sari Gaspar Corte Real, que é ré por abandono de incapaz com resultado em morte.

O advogado Rodrigo Almendra, representante de Mirtes, informou que a audiência foi de instrução. Ele explicou que foram ouvidas as testemunhas escolhidas pelo Ministério Público de Pernambuco e também as que foram escolhidas pela defesa (Mirtes), e a acusada (Sari). As testemunhas que não residem na comarca de Recife serão escutadas por cartas precatórias. As testemunhas que estiveram presentes na reunião não tiveram suas identidades reveladas pela Justiça. 

Segundo o defensor, o que se desenvolveu na sessão foi um processo de infantilização da acusada. A defesa descreveu Sari como uma pessoa psicologicamente incapaz de fazer mal ao menino. Rodrigo ainda falou que talvez o caso seja solucionado no segundo semestre de 2021. Ainda serão marcadas outras audiências.

"Quais são as crianças que nós escolhemos proteger? Essa é uma tentativa de colocar Miguel, uma criança de cinco anos, negra, como responsável pelos seus atos", disse o advogado do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Eliel Silva. Para ele, hoje se deu um passo muito importante para que Mirtes e seus familiares tenham Justiça sobre o caso.

"A morte de Miguel Otávio é um exemplo explicito de como o racismo opera na vida da população negra, especialmente na vida das mulheres negras. Jamais Sari Corte Real teria abandonado uma criança branca, filha de suas amigas", disse a representante da Articulação Negra de Pernambuco (Anepe), Mônica Oliveira. 

Relembre o caso
Miguel que caiu do nono andar de um prédio de luxo na área central do Recife, no dia 2 de junho, foi deixado sozinho no elevador por Sari Corte Real, ex-patroa da mãe do menino, Mirtes Renata, que era empregada doméstica. Mirtes teria descido para passear com a cadela da família. Ele saiu do elevador no nono andar e acabou caindo do compartimento onde são mantidos os condensadores de ar.

Sari foi presa em flagrante, acusada de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, mas pagou uma fiança de R$ 20 mil e responde o processo em liberdade.

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