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Transplantes em PE caíram 51,6% no primeiro semestre por causa da pandemia

Publicado em: 09/09/2020 15:20

'A Central de Transplantes de Pernambuco tem investido fortemente na formação de médicos sobre o diagnóstico de morte encefálica', explica a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco, Noemy Gomes. (Foto: Miva Filho/SES.)
'A Central de Transplantes de Pernambuco tem investido fortemente na formação de médicos sobre o diagnóstico de morte encefálica', explica a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco, Noemy Gomes. (Foto: Miva Filho/SES.)

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) está engajada na campanha Setembro Verde, que visa estimular a doação de órgãos. Entre janeiro e julho de 2020, foram realizados 455 transplantes em Pernambuco. O quantitativo é 51,6% menor que o mesmo período de 2019, quando foram realizados 940 procedimentos. A queda é atribuída à pandemia do novo coronavírus, que suspendeu alguns procedimentos, mas serve para reforçar a importância de manter o debate e, principalmente, o gesto de doar ao próximo. 

Dentre os pontos que contribuíram para a queda, há a suspensão dos transplantes eletivos de córnea pelo Ministério da Saúde (casos de urgência continuaram sendo realizados). Os de rim, em uma decisão colegiada dos centros transplantadores e o estado, também foram suspensos, já que o paciente tem um tratamento substitutivo (hemodiálise), mas já voltaram a ocorrer desde a segunda quinzena de julho. É preciso frisar, ainda, que, desde o início da pandemia, foram mantidos os transplantes de fígado, coração e medula óssea.

Em Pernambuco, de janeiro a julho, 109 famílias de pacientes em morte encefálica decidiram pela doação de órgãos. Outras 67 não deram a autorização. Atualmente, a fila de espera conta com 1.425 pacientes, sendo 1.152 aguardando um rim.

A Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) reforça a importância da doação de órgãos e tecidos e que este gesto de solidariedade pode salvar diversas vidas. É preciso continuar conscientizando a população sobre o tema e trazer o debate para o seio familiar, já que a doação, de acordo com a legislação brasileira, só pode ser autorizada por um parente de até segundo grau.

Capacitação
Aproveitando o Setembro Verde, o CT-PE retoma, nesta quarta-feira (9), com a programação presencial de treinamentos. Foram iniciadas três novas turmas de capacitação sobre morte encefálica. O curso, em parceria com o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), é voltado exclusivamente para médicos, da rede pública e privada do estado. 24 profissionais estão inscritos na capacitação - cada turma contará com até 8 alunos para  respeitar as regras de higiene e isolamento social para evitar o contágio pela Covid-19. A segunda e última parte da capacitação será na próxima quarta-feira, 16 de setembro. Os encontros acontecerão no Hospital da Restauração (HR), das 14h às 18h.

De acordo com resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) o diagnóstico de morte encefálica deve ser iniciado por profissional médico capacitado em todos os pacientes que apresentem coma não perceptivo, ausência de reatividade supraespinhal e apneia persistente. "A Central de Transplantes de Pernambuco tem investido fortemente na formação de médicos sobre o diagnóstico de morte encefálica. Já havíamos iniciado os treinamentos de 2020, que são obrigatoriamente presenciais, mas precisamos interromper a programação por causa da pandemia. Agora, com os devidos cuidados, voltamos com as aulas, que têm o objetivo principal de habilitar o profissional médico para realização do diagnóstico de morte encefálica, em cumprimento às exigências da legislação atual", explica a coordenadora da CT, Noemy Gomes.

A morte encefálica acontece quando o cérebro perde a capacidade de comandar as funções do corpo, como consequência de uma lesão conhecida e comprovada. Para que o diagnóstico seja fechado, são necessárias duas avaliações clínicas feitas por médicos capacitados para esse diagnóstico, com intervalo de tempo mínimo de uma hora. Também é exigido um exame gráfico que vai mostrar que o cérebro não tem mais função.

"A morte encefálica significa a morte efetiva do paciente. Para assegurar o diagnóstico, contamos com protocolo específico com todos os procedimentos e exames que devem ser realizados para confirmação do óbito. Vale destacar que todo o trâmite é baseado nas recomendações do Conselho Federal de Medicina, que são analisadas periodicamente, o que traz segurança tanto para o profissional médico que comanda o processo quanto para o paciente e sua família", reforça Noemy.  

Outras atividades
Além da capacitação, a Transplantes de Pernambuco está promovendo programação especial sobre o tema. Com o Cremepe, a Central preparou ciclo de webpalestras para os profissionais de saúde, com transmissão pelo YouTube do Cremepe (youtube.com/cremepe) - a última palestra acontece na próxima terça(15), às 20h. O cronograma já abordou como funciona a doação de órgãos e tecidos e como diagnosticar e comunicar às famílias a morte encefálica.

Já com a Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE), a Central está promovendo o curso livre Validação do potencial doador de órgãos e tecidos'. Dividido em cinco módulos (estudos), o treinamento já está disponível na plataforma da ESPPE (http://ead.saude.pe.gov.br/course/view.php?id=336). A formação é voltada para profissionais de saúde que atuam nos serviços envolvidos no processo de doação e transplantes de órgãos e tecidos como a Central de Transplantes (CT), Equipes de captação e transplantes, Organização de procura de órgãos (OPO) e Comissões intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos para transplante (CIHDOTT).
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