Vida Urbana
Urbanismo
Prefeitura cancela licença prévia do Atacado dos Presentes do Poço da Panela
Publicado: 20/07/2020 às 19:43

No ano passado, moradores do Poço da Panela protestaram contra empreendimento./Foto: Tarciso Augusto/Arquivo DP
Após pedidos da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e protestos de moradores do bairro, a Prefeitura do Recife cancelou a licença prévia do Atacado dos Presentes do Poço da Panela, na Zona Norte da cidade. No último dia 13, a Secretaria Executiva de Licenciamento e Controle Ambiental do Recife cancelou a outorga devido à "necessidade de uma análise mais aprofundada dos elementos urbanísticos, de mobilidade e histórico-culturais para a instalação do empreendimento em questão no Poço da Panela".
Morador do Poço da Panela, o estudante de direito Ricardo Bandeira de Melo disse que a suspensão da Prefeitura do Recife significa uma batalha vencida na "guerra" contra o empreendimento. "A suspensão representa um passo para o cidadão, que está tendo a sua voz ouvida. Começamos fazer um movimento há 15 dias e, nesse período, se não fizessemos isso, teriam continuado (as obras). Isso foi uma batalha. Teremos outras batalhas, outras brigas. É importante falar sobre esse espaço, pois ele fica muito próximo à zona de preservação do Poço da Panela. Esse empreendimento vai no sentido oposto do que prega a arquitetura e o urbanismo contemporâneos", argumentou.
Segundo ele, o objetivo dos moradores do bairro é transformar a área em um mercado público, com espaços culturais, que abrigariam exposições, esculturas e concha acústica. "Dizem que somos contra a geração de empregos, mas essa é a nossa resposta. Esse espaço tem que ser usado e tem que haver geração de empregos, pois estamos em uma crise pesada. Sem dúvidas, um mercado público é o que mais combina com o bairro e o que precisa ser construído ali", disse Ricardo Bandeira de Melo.
Carta
No dia 6 de julho, a Fundaj enviou uma carta ao secretário municipal de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, ratificando o posicionamento da instituição, sob argumento dos prejuízos que o empreendimento trará ao bairro e à fundação. No ofício a João Braga, o presidente da Fundaj, Antônio Campos, pedia o cancelamento da licença da obra em razão de ação judicial movida pela Ordem dos Agvogados do Brasil em Pernambuco (OAB/PE) ter repercussão no assunto do empreendimento. O Diario entrou em contato com o Atacado dos Presentes e aguarda retorno.
O presidente da Fundaj também argumentou que, enquanto não for definido o perímetro de influência do tombamento do campus Casa Forte, vizinho ao empreendimento, não se deve dar a licença para construção. “Não sou contra empreendimentos que geram emprego, renda e serviços. Mas o local escolhido não é adequado”, afirmou Antônio Campos. Nesta segunda-feira (20), a Fundaj lançou um abaixo-assinado virtual para que a população apoie o tombamento do campus Casa Forte.
A instituição já solicitou oficialmente ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no dia 13, e à Secretária Estadual de Cultura de Pernambuco, no dia 10, o tombamento dos edifícios Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, já classificado como Imóvel Especial de Preservação IEP nº 151; do Paulo Guerra, sua sede administrativa, e do Gil Maranhão, edifício sede do Museu do Homem do Nordeste.
LEIA MAIS:
Fundaj pede suspensão da construção de Atacado dos Presentes no Poço da Panela
Morador do Poço da Panela, o estudante de direito Ricardo Bandeira de Melo disse que a suspensão da Prefeitura do Recife significa uma batalha vencida na "guerra" contra o empreendimento. "A suspensão representa um passo para o cidadão, que está tendo a sua voz ouvida. Começamos fazer um movimento há 15 dias e, nesse período, se não fizessemos isso, teriam continuado (as obras). Isso foi uma batalha. Teremos outras batalhas, outras brigas. É importante falar sobre esse espaço, pois ele fica muito próximo à zona de preservação do Poço da Panela. Esse empreendimento vai no sentido oposto do que prega a arquitetura e o urbanismo contemporâneos", argumentou.
Segundo ele, o objetivo dos moradores do bairro é transformar a área em um mercado público, com espaços culturais, que abrigariam exposições, esculturas e concha acústica. "Dizem que somos contra a geração de empregos, mas essa é a nossa resposta. Esse espaço tem que ser usado e tem que haver geração de empregos, pois estamos em uma crise pesada. Sem dúvidas, um mercado público é o que mais combina com o bairro e o que precisa ser construído ali", disse Ricardo Bandeira de Melo.
Carta
No dia 6 de julho, a Fundaj enviou uma carta ao secretário municipal de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, ratificando o posicionamento da instituição, sob argumento dos prejuízos que o empreendimento trará ao bairro e à fundação. No ofício a João Braga, o presidente da Fundaj, Antônio Campos, pedia o cancelamento da licença da obra em razão de ação judicial movida pela Ordem dos Agvogados do Brasil em Pernambuco (OAB/PE) ter repercussão no assunto do empreendimento. O Diario entrou em contato com o Atacado dos Presentes e aguarda retorno.
O presidente da Fundaj também argumentou que, enquanto não for definido o perímetro de influência do tombamento do campus Casa Forte, vizinho ao empreendimento, não se deve dar a licença para construção. “Não sou contra empreendimentos que geram emprego, renda e serviços. Mas o local escolhido não é adequado”, afirmou Antônio Campos. Nesta segunda-feira (20), a Fundaj lançou um abaixo-assinado virtual para que a população apoie o tombamento do campus Casa Forte.
A instituição já solicitou oficialmente ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no dia 13, e à Secretária Estadual de Cultura de Pernambuco, no dia 10, o tombamento dos edifícios Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, já classificado como Imóvel Especial de Preservação IEP nº 151; do Paulo Guerra, sua sede administrativa, e do Gil Maranhão, edifício sede do Museu do Homem do Nordeste.
LEIA MAIS:
Fundaj pede suspensão da construção de Atacado dos Presentes no Poço da Panela
Fundaj aciona OAB contra Atacado dos Presentes do Poço da Panela
Sobre os aspectos jurídicos processuais da obra do Atacado, a Fundaj informou que tem acompanhado a ação judicial realizada pela OAB-PE, com condenação do município, ainda não julgado recurso especial. "Esse acompanhamento acontece no intuito de comprovar o cumprimento das decisões judiciais já impostas ao antigo proprietário do terreno, responsável pelos crimes ambiental e patrimonial causado pela demolição da Casa de Saúde São José, localizada no mesmo endereço visado para o empreendimento em questão", destacou a Fundaj, em nota.
Sobre os aspectos jurídicos processuais da obra do Atacado, a Fundaj informou que tem acompanhado a ação judicial realizada pela OAB-PE, com condenação do município, ainda não julgado recurso especial. "Esse acompanhamento acontece no intuito de comprovar o cumprimento das decisões judiciais já impostas ao antigo proprietário do terreno, responsável pelos crimes ambiental e patrimonial causado pela demolição da Casa de Saúde São José, localizada no mesmo endereço visado para o empreendimento em questão", destacou a Fundaj, em nota.
Em janeiro deste ano, a fundação enviou ao prefeito do Recife, Geraldo Julio, um pedido de ampliação da atual Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural do Poço da Panela, onde está localizado o campus Casa Forte da instituição. Além de questões de natureza legal, a Fundaj diz se solidarizar com a comunidade residente no Poço da Panela e Casa Forte, as quais vêm empenhando esforços para evitar a implantação do citado empreendimento. "A construção de um empreendimento comercial de impacto vem contrariar a maioria da opinião pública, que já manifestamente demonstrou sua indignação pela imposição da obra à comunidade, que declaradamente o desaprova", disse Campos.
Projeto
O Poço da Panela está inserido dentro da Área de Reestruturação Urbana (ARU), de acordo com a lei municipal número 16.719/2001 (conhecida como a Lei dos 12 Bairros), que prevê restrições para novas edificações. Mas esse trecho onde está localizado o terreno 2069 não está na faixa do setor de preservação rigorosa nem de preservação ambiental, embora esteja muito próximo ao Rio Capibaribe e abrigue antigas construções.
O projeto do Atacado dos Presentes prevê a construção de cinco pavimentos, sendo dois deles no subsolo e três para cima do terreno. A altura do prédio será de 12 metros, a máxima permitida para esse trecho do Poço da Panela. Dos 12,1 mil m² de terreno, 60% (7,3 mil m²) será de solo natural, também dentro do que diz a Lei dos 12 Bairros. Apesar disso, segundo o projeto, três árvores serão retiradas. Os cinco pavimentos terão uma área total construída de 21 mil m². O Atacado dos Presentes deu entrada no projeto em março de 2019.
O Poço da Panela está inserido dentro da Área de Reestruturação Urbana (ARU), de acordo com a lei municipal número 16.719/2001 (conhecida como a Lei dos 12 Bairros), que prevê restrições para novas edificações. Mas esse trecho onde está localizado o terreno 2069 não está na faixa do setor de preservação rigorosa nem de preservação ambiental, embora esteja muito próximo ao Rio Capibaribe e abrigue antigas construções.
O projeto do Atacado dos Presentes prevê a construção de cinco pavimentos, sendo dois deles no subsolo e três para cima do terreno. A altura do prédio será de 12 metros, a máxima permitida para esse trecho do Poço da Panela. Dos 12,1 mil m² de terreno, 60% (7,3 mil m²) será de solo natural, também dentro do que diz a Lei dos 12 Bairros. Apesar disso, segundo o projeto, três árvores serão retiradas. Os cinco pavimentos terão uma área total construída de 21 mil m². O Atacado dos Presentes deu entrada no projeto em março de 2019.
Últimas

Mais Lidas
