CASO MIGUEL
Pela memória de Miguel, ato estende faixa no Capibaribe e critica racismo estrutural
Por: Vítor Aguiar
Publicado em: 09/06/2020 16:47 | Atualizado em: 09/06/2020 18:35
![]() | |
Em barcos, manifestares estenderam faixa e pediram justiça (Tarciso Augusto/Esp. DP Foto) |
Em dois barcos, saindo do Píer do Ciclista, ao lado do edifício, a faixa foi estendida às 13h50 desta terça-feira e teve mais de uma hora de exibição no Capibaribe. Apesar do rio e da manifestação estarem “escondidas” de quem passava na rua, o alvo do protesto, dessa vez, era mais direto, como explicou o coordenador do coletivo, Pedro Stillo.
“A gente quer mandar um recado para quem mora nas Torres Gêmeas, para que elas vejam da varanda de casa, falar de racismo estrutural. É preciso que as pessoas brancas e privilegiadas também reflitam sobre como ele funciona na prática. O debate racial não é uma questão apenas dos negros. Mas de responsabilidade dos brancos e privilegiados também”.
Para os manifestantes, a queda de Miguel não pode ser resumida a um acidente, sendo um retrato do racismo estrutural e enraizado, como explica Stillo.
“O racismo estrutural não é só de um indivíduo para outro, ele é social. Mirtes (Renata de Souza, mãe de Miguel) era uma trabalhadora doméstica, não é um serviço essencial na quarentena, mas ela permanecia indo ao trabalho. Mirtes não teve direito a home office, não teve creche para colocar o filho, mesmo contaminada de Covid-19. Mirtes prestava um serviço particular e era remunerada com dinheiro público, como agora se sabe”.
Stillo ainda completou. “A Sarí Gaspar (Côrte Real, dona do apartamento) pagou fiança e foi liberada no mesmo dia, se fosse o contrário, certamente isso não teria tido o mesmo tratamento. Isso é um caso que tem vários elementos de racismo estrutural e é aí, exatamente, que a gente quer trazer esse debate”.
Esse não foi o primeiro ato após a morte de Miguel. Na última sexta-feira (5), manifestantes se reuniram no Cais de Santa Rita, em frente às Torres Gêmeas, e pediram justiça. Na oportunidade, co-organizada pelo Coletivo Pão e Tinta, desde familiares da criança a desconhecidos foram à rua, cobrar uma solução para o caso. No próprio edifício, inclusive, moradores estenderam uma faixa preta com os dizeres “justiça por Miguel”, que ainda persiste na fachada do Píer Maurício de Nassau.
Mais notícias
Mais lidas
ÚLTIMAS