MOBILIDADE
Metrô: Verba será usada para construir ponte, melhorar acessibilidade e trocar cobertas de estações
Por: Anamaria Nascimento
Publicado em: 22/06/2020 21:44 | Atualizado em: 22/06/2020 21:50
Tempo de espera pelo VLT no Cabo deve passar de 1 hora para 20 minutos. (Foto: Lucas Oliveira/Arquivo DP) |
Parte do valor será usada na construção de pontes sobre o Rio Pirapama, localizadas entre as cidades de Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR). O investimento integra o projeto de duplicação da Linha VLT do Metrô do Recife. Quando a obra for concluída, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) estima que o tempo de espera pelo veículo leve sobre trilhos passará de uma hora para 20 minutos. "A CBTU não tem investimento há anos. Essa é uma tentativa de mininizar questões que surgiram. O Metrô do Recife é um dos maiores do país e estava entre as nossas prioridades", afirmou o presidente da companhia, José Marques.
O superintendente da CBTU Recife, Carlos Ferreira, disse que o processo licitatório, em andamento, deve ser concluído em um prazo de 60 dias. Depois desse período, as obras devem se estender por um ano, ou seja, a previsão é de conclusão dos serviços anunciados é agosto de 2021. "Esse repasse vai ser referente à implementação de obras estruturais. Vamos fazer a reforma de cobertas em diversas estações que estão com cobertas bem deterioradas. Teremos uma obra de adequação da acessibilidade da estação do Cabo. Além disso, vamos investir na ponte sobre o Rio Pirapama", pontuou.
A conclusão da construção dos elevados sobre o Rio Pirapama deve quadruplicar o número de passageiros do VLT no Cabo. Atualmente, cerca de 5 mil usuários são transportados. A CBTU espera que, com a diminuição do tempo de espera, a quantidade salte para aproximadamente 20 mil passageiros. "Temos duas vertentes que vão ser impactadas com esse recurso: uma é a diminuição do tempo de espera para o pessoal que utiliza. Os usuários, que às vezes esperam mais de uma hora, vão aguardar 20 minutos. Há ainda o benefício do ponto de vista do conforto do usuário", afirmou Ferreira.
Ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e presidente da CBTU, José Marques, liberaram investimento nesta segunda. (Foto: Bruna Costa/Esp.DP) |
Após a visita à sede da Sudene, o ministro teve uma reunião, no Palácio do Campo das Princesas, na noite desta segunda, com o governador Paulo Câmara. "Historicamente, no mundo inteiro, o metrô tem um suporte por parte dos governos. É necessário equilibrar esse processo. Se o governo estadual tiver interesse em um consórcio na Região Metropolitana, o governo federal também tem. Os munícipes também, então todos temos que nos sentar e encontrar um processo de equilíbrio. Se tiver um aporte de qualquer ente federado, que isso esteja dentro de um processo de negociação. É isso o que queremos e estamos propondo ao governo do estado", afirmou Marinho, sobre a reunião com o governador.
Estação do Cabo terá acessibilidade adequada às normas atuais. (Foto: Anderson Freire/Arquivo DP) |
O metrô do Recife enfrenta vários problemas que afetam diariamente os passageiros, como superlotação e falhas elétricas. No dia 18 de fevereiro deste ano, ocorreu uma colisão entre dois trens. O acidente aconteceu na Estação Ipiranga, que faz parte da Linha Centro, e deixou mais de 60 pessoas feridas. Além dos problemas estruturais, de acordo com a CBTU, o sistema também é alvo de vandalismo, que provoca prejuízo financeiro e ocasiona panes.
O sistema de trens urbanos da capital pernambucana transporta cerca de 400 mil passageiros por dia. Esse número apresentou quedas durante o período da pandemia da Covid-19. O Metrô do Recife é composto por 71 quilômetros de trilhos e conta com 37 estações e passa pelas cidades do Recife, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Cabo de Santo Agostinho. No ano passado, os valores da passagem do metrô foram reajustados seguindo um escalonamento. A passagem, que custava R$ 1,60 até 4 de maio de 2019, foi reajustada para R$ 2,10 em 5 de maio. Em 7 de março deste ano, a tarifa do Metrô do Recife sofreu o sexto e último aumento e passou a custar R$ 4.
Cobertas
Cobertas de seis estações da Linha Centro serão trocadas. (Foto: Peu Ricardo/DP) |
O critério para a escolha das estações, segundo a CBTU, foi a situação das cobertas, que estão mais degradadas nessas plataformas. As cobertas, segundo a companhia, têm mais de 30 anos sem troca. Denúncias de passageiros de vazamentos de água em tetos de estações são recorrentes, situação que se intensifica nos períodos de chuva.
O repasse atual do governo federal não será usado para melhorias na Linha Sul do Metrô do Recife, que é composta pelas estações Recife, Joana Bezerra, Largo da Paz, Imbiribeira, Antônio Falcão, Shopping, Tancredo Neves, Aeroporto, Porta Larga, Monte dos Guararapes, Prazeres e Cajueiro Seco. Em relação a futuros repasses, o Metrorec ainda não definiu quais seriam as prioridadades e se a Linha Sul seria beneficiada. "Tudo depende das demandas e do fluxo financeiro. Analisaremos no futuro, pois as pautas são de acordo com as necessidades", afirmou o superintendente da CBTU Recife, Carlos Ferreira.
Histórico
Em 1982, o governo federal, por meio do Ministério dos Transportes, criou o consórcio Metrorec, constituído pela Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) e pela Empresa Brasileira de Transportes Urbanos, hoje extinta. A construção do Metrô do Recife foi iniciada em janeiro de 1983. Em março de 1985, teve início a circulação dos primeiros trens com passageiros. A partir de janeiro de 1988, a CBTU absorveu os trens de subúrbio da RFFSA em Maceió (Alagoas), João Pessoa (Paraíba), Natal (Rio Grande do Norte) e Recife. Em 2013, a antiga Linha Diesel/Trens Diesel passou a operar com VLT.
O Metrô do Recife é formado por duas linhas distintas, a Linha Centro - 1 (Camaragibe) e 2 (Jaboatão) - e Linha Sul. A partir de 1988, também passou a administrar a antiga Linha Cajueiro Seco–Cabo que era operada por locomotivas. Os trens da Linha Centro, que partem da estação Recife, possuem dois destinos distintos: a estação de Camaragibe e a de Jaboatão. Isso acontece devido ao fato de compartilharem a mesma via e estações no trecho entre as estações Recife e Coqueiral, graças ao traçado da antiga ferrovia onde o metrô foi construído. A distância média entre as estações é de 1,2 km e a velocidade média dos trens é 40 km/h.
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