Pandemia

Detentos costuram 3,5 mil capotes o enfrentamento da Covid-19 no HC

Publicado em: 09/06/2020 17:30 | Atualizado em: 09/06/2020 18:29

 (Foto: Leandro de Santana/Esp.DP
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Foto: Leandro de Santana/Esp.DP
Detentos do sistema prisional de Pernambuco estão fazendo a confecção de cerca de 3,5 mil capotes impermeáveis de TNT, que serão utilizados por profissionais da linha de frente do tratamento de pessoas com a Covid-19 no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Os equipamentos estão sendo costurados por dez detentos da Penitenciária Juiz Plácido de Souza (PJPS), em Caruaru, Agreste do estado.

Do total, 500 unidades serão entregues nesta quarta-feira (10), às 10h, no HC. Os capotes se somarão a outros 600 entregues anteriormente. O trabalho dos detentos reforça a campanha coordenada pela chefe do Serviço de Endocrinologia Pediátrica do HC, Jacqueline Araújo, para a confecção de milhares de capotes. "Arrecadamos o dinheiro por meio de doações, compramos 5,5 toneladas de TNT, conseguimos o transporte gratuito desse material de São Paulo para o Recife (pelas empresas RC Sollis Conne, RPA, Pacífico Log e Pex Log) e o corte do material pelo Senai também gratuito. Na sequência, contratamos costureiras (algumas de forma voluntária, outras cobrando um valor abaixo do mercado) e, recentemente, recebemos esse apoio, com a mão de obra dos detentos acelerando a produção", afirma.

No total, a campanha entregará cerca de 7 mil capotes ao HC. Metade deles confeccionada pelo grupo de costureiras. "Temos pessoas com capacidade de trabalho e com experiência e estamos aproveitando todas as chances de colaborar nessa pandemia. A PJPS em Caruaru é multifuncional: faz protetores faciais, máscaras de TNT e agora está fazendo os capotes. Uma boa oportunidade para os nossos detentos se sentirem produtivos e diminuírem suas penas", diz o secretário-executivo de Ressocialização da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Cícero Rodrigues.

Além de ajudar a reforçar o estoque de capotes do HC, o trabalho traz vantagem também aos detentos que recebem o benefício da remição (liberação) de um dia na pena a cada três trabalhados. “Esse trabalho é muito importante para a gente aqui dentro e podemos mostrar à sociedade que temos vontade de voltar ao convívio social", afirma o detento Wagner Felício Lucena.

“Só temos a agradecer a essa grande rede de solidariedade. Com o dinheiro arrecadado compramos ainda uma máquina de costura profissional usada. Recebemos uma máquina nova do Instituto João Carlos Paes Mendonça (IJCPM). Elas vão ficar na fábrica do presídio para uso dos detentos. O IJPM também nos doou 714 capotes”, explica Jacqueline Araújo.

A campanha cresceu e, hoje, a médica do HC está auxiliando na coordenação da operação de confecção de capotes para outros hospitais, como o Oswaldo Cruz e Barão de Lucena, e para o grupo voluntário “Heróis da Saúde”. “Conseguimos o transporte, o corte do Senai e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos também colocou à disposição os detentos dos cárceres de Caruaru, Limoeiro e Santa Cruz do Capibaribe”, completa a médica.    
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