° / °

Vida Urbana
Cultura

Artesã cria lembrancinhas temáticas com materiais recicláveis e fuxico

Publicado: 17/06/2020 às 11:14

/Arquivo Pessoal

/Arquivo Pessoal


Todo mundo tem um talento que pode ser considerado uma habilidade especial ou até mesmo um dom. No caso da professora e artesã Maria de Socorro, de 63 anos, a vocação tem grande influência de objetos simples e uma mistura de cultura regional. Socorro vê inspiração em materiais reciclados e na técnica do fuxico para criar as suas peças que, geralmente, são temáticas e acompanham as festividades do ano.

Segundo a artesã, as ideias surgem de repente, com produtos simples como embalagens de leite em pó, que se transformam em fivelas de cabelo ou no recipiente de extrato de tomate, tornando a embalagem em um porta fósforo decorado. Mas o entusiasmo vai além, e tem artefatos feitos até de rolo de papel higiênico, que são repaginados até dar forma ao espantalho, feito para o período de São João. Os valores variam de R$ 2,00 a R$ 15,00.

“Ah, minha filha, acho que é questão de espiritualidade. Eu não sei explicar, a ideia surge e eu faço. Raramente eu olho algumas coisas na internet para me inspirar, mas não gosto de nada copiado porque não parece que eu fiz. Acho que a maioria das pessoas que trabalham com arte tem isso de receber a inspiração”, conta.

A ligação de Maria de Socorro com o artesanato vem da infância, e tem influência da mãe, que era bordadeira.

“Eu faço artesanato desde os meus 7 anos. Minha mãe era bordadeira e minha madrinha me incentivou a seguir por esse caminho quando ela notou que eu tinha talento. Aos 15 anos, uma professora da escola que eu estudava me estimulou a continuar criando as peças e por aí eu comecei”, explica.

Apesar de utilizar embalagens de alimentos e de produtos de higiene, Socorro conta que a ligação com o fuxico é mais forte.

“Eu gosto fazer minhas peças de fuxico porque com este material  dá para ter muitas ideias, com muitas cores e todas diferentes. Além do custo ser baixo. Eu faço três, quatros peças com uma pedaço pequeno de tecido. a história do fuxico em si é muito bonita, muito nossa”, relata.


A venda é feita no bairro, no boca a boca, entre os vizinhos, pais de alunos e familiares. Socorro já é conhecida entre os moradores da Mustardinha, na Zona Oeste do Recife.

“Aos domingos eu monto uma barraca com a minha amiga. O ponto fica na calçada da avenida principal. Ela vende os produtos dela e eu os meus. Mas eu também tenho encomendas. Os clientes já pedem uma quantidade certa para presentear os parentes ou conhecidos”. 

Durante o período de pandemia, Maria de Socorro se diz mais inspirada e focada em produzir os artigos que tanto ama.

“Eu produzo minhas peças quando a casa está vazia, no silêncio, aí passo horas e horas... Eu também sou professora, mas a escola está parada então eu tenho mais tempo para criar as peças”, informa.

As peças são feitas com carinho, de forma detalhada e muito pessoal. Cada costura, seja em colar, brinco ou prendedor de porta, demonstra todo o afeto e o amor que Socorro deposita na arte. Com cuidado e, sobretudo, com muita habilidade, de quem já tem intimidade com o ofício.

“A minha terapia é a arte. Você tem ideia de todo tipo. É uma cura trabalhar como artesã”, explica.

Mas Maria de Socorro não quer parar por aí. As ideias são muitas e a artesã pretende unir sua formação acadêmica com o talento.

“Eu quero criar um canal no YouTube para ensinar as pessoas a fazer fuxico e quero abrir minha lojinha. Vou começar de casa mesmo, vou fazer um banner com o nome do meu negócio, que vai se chamar Mundo Encantado do Artesanato. Eu escolhi este nome porque  fazer arte é um mundo de possibilidades. Você tem ideia de todo tipo. Você não fica rico, mas também não morre de fome”, contou a artesã. 



 





Mais de Vida Urbana