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A importante missão dos profissionais de serviços funerários durante a pandemia

Publicado em: 03/06/2020 10:49 | Atualizado em: 03/06/2020 16:39

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Durante a pandemia do novo coronavírus, profissionais ligados às atividades funerárias se reiventaram diante de um cenário incomum. A precarização do sistema de saúde e grande número de mortes também enfatizaram a necessidade dos serviços fúnebres para as famílias e amigos das vítimas da Covid-19, que não poderão realizar cerimônias.

No enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, a atuação dos profissionais precisou se adaptar à nova realidade. Nas mortes suspeitas ou confirmadas pela Covid-19, não há velório. A família pode contar com uma palavra rápida da cerimonialista antes do sepultamento. Já nos casos de morte por outros motivos, o tempo de velório é reduzido e a cerimônia conta com a presença de poucas pessoas.

Iraquitan Fernando é agente funerário e Sheila Lima trabalha como cerimonialista fúnebre. Ambos fazem parte das equipes do cemitério Morada da Paz, no município de Paulista, Região Metropolitana do Recife.

Iraquitan, de 41 anos, atua nesta função há quase dois anos e há seis meses trabalha no Morada da Paz. O agente é um dos responsáveis por abordar a família logo após o falecimento do parente, e iniciar os trâmites para liberação e translado do corpo para preparação para o velório e sepultamento ou cremação.

O profissional conta que começou a trabalhar na área depois de passar 11 meses desempregado e que se identificou com a profissão.

“Sempre lidei bem com a morte. Atendo os clientes com carinho, como se eu tivesse perdido um ente querido. É um momento muito difícil em que precisamos de muito equilíbrio para dar suporte e lidarmos com as emoções dos clientes”, relata.

Apesar das diferentes funções exercidas entre os profissionais de atividades funerárias, Iraquintan informa que a maioria das pessoas não sabem qual é o papel exercido pelos agentes funerários.

"Confundem com a profissão de coveiro, que também não tem sua importância reconhecida. Exerço com tanto amor e respeito que não tenho com o que me constranger. Sempre explico o que faço e mostro qual o meu papel nesse momento tão difícil na vida das pessoas”, declara.

A cerimonialista fúnebre Sheila Lima, de 42 anos, encontrou a profissão sem saber sobre a função que os profissionais exerciam. Antes de trabalhar no cemitério, Sheila atuou na área comercial.

“Eu tinha o desejo de voltar ao mercado numa atividade em que me sentisse realizada. Não sabia qual e como era a função para a qual tinha me candidatado quando soube da vaga. Pesquisei e topei o desafio. Minha atividade é ouvir, cuidar e amenizar a dor de pessoas de todas as idades e poder aquisitivo que perderam um ente querido”, descreve.

Apesar de estar na profissão há quase dois anos, Sheila conta que um dos momentos mais difíceis é quando as histórias das famílias se misturam com as experiências vividas por ela na vida pessoal, e que agora teve que transformar os sentimentos em cuidados.

"Compenso os abraços de alento que não posso dar com palavras ainda mais calorosas de conforto e pesar. Não me sinto menos realizada do que se tivesse continuado a trabalhar com vendas. Antes eu morria de medo de cemitério. Passava pela frente fazendo o sinal da cruz. Hoje acho que nasci para isso”, desabafa.

De acordo com Paulyana Beltrão, supervisora do Morada da Paz, o cerimonialista precisa ter características diferenciadas para atuar nesta função. Entre elas é necessário controle emocional, empatia, sensibilidade e ser muito criativo.

“É preciso gostar muito de pessoas, saber ouvir e acolher. São eles que recebem a família para o velório, preparam e conduzem toda a cerimônia que antecede o sepultamento ou cremação, dando todo o suporte necessário”, explica.

Aumento no número de mortes
De acordo com a assessoria do cemitério Morada da Paz, durante o mês de maio houve um aumento de 143% no número de atendimentos de serviços funerários. Deste total, 50% foram de casos suspeitos ou confirmados da Covid-19. Os dados foram comparados com o mesmo período do ano passado.

Contaminações
Em comunicado, o Morada da Paz informou que no mês de maio, do total de colaboradores que atuam na operação, 20 funcionários foram afastados em decorrência de suspeita do coronavírus, que apenas dois casos foram confirmados.

 
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