Vida Urbana
Pandemia
Várzea se torna o segundo bairro com mais casos confirmados da Covid-19
Publicado: 20/05/2020 às 19:47

Avenida Professor Arthur de Sá, na Várzea./Foto: Leandro de Santana/DP

Com 183 casos confirmados, o bairro da Várzea, na Zona Oeste, passou a ser o segundo do Recife com maior índice do novo coronavírus nesta semana, ficando atrás apenas de Boa Viagem (444), na Zona Sul - que lidera o índice desde o início da pandemia em Pernambuco. Até a última sexta-feira (15), por exemplo, a Várzea apresentava 129 casos, uma quantidade inferior a bairros como Madalena (que tinha 142, agora tem 151), ou Casa Amarela (que apresentava 138, mas subiu para 154), na Zona Norte. Desde o início da semana, no entanto, a área vem apresentando esse crescimento mais veloz que algumas localidades vizinhas. As informações são do boletim epidemiológico da Prefeitura do Recife da última terça-feira (19). A Várzea ainda aparece com 23 vítimas fatais da Covid-19.
Na tarde desta desta quarta-feira (20), a reportagem do Diario foi até o bairro, conhecido pela atmosfera interiorana, grande dimensão territorial e por abrigar o campus da Universidade Federal de Pernambuco, o Instituto Ricardo Brennand e a Oficina Cerâmica de Francisco Brennand. Mesmo com o decreto das medidas mais rígidas de quarentena no último sábado (16), aglomerações foram registradas em diferentes pontos, como Praça da Várzea, Avenida Afonso Olindense, Rua General Polidoro e na área residencial da Avenida Professor Arthur de Sá, próxima do Cemitério da Várzea.

Idosos rodeavam barracas de bebidas da Praça da Várzea, que estavam funcionando mesmo que mantivessem janelas e portas aparentemente fechadas. Alguns deles sequer usavam máscaras. Contamos cerca de 15 idosos, mas nenhum quis dar entrevista. “Eu acho errado, pois estão correndo risco de contaminação”, opinou Ana Marta, 62 anos, que esperava o ônibus da linha Barro/Macaxeira após terminar o expediente na Lafepe (Laboratório Farmacêutico de Pernambuco). “Agora que soube que a Várzea está com tantos casos, acho mais errado ainda”, continuou.
"A gente se previne, mas tem gente que não está fazendo o mesmo. Eu só saio para trabalhar, quem faz os demais serviços fora é meu filho. Também não acho o comércio informal correto", concluiu. Ela se referia às tendas que vendiam alimentos como marmitas, lanches e queijo na área pela tarde. Uma comerciante de 43 anos, que preferiu não ter o nome mencionado, trabalha na Praça da Várzea há dois anos. "Semana passada eu não vim porque estava muito apreensiva, mas soube que a galera continuava vindo então decidi voltar", admite. "Queria estar em casa, mas existe a necessidade financeira. Tenho medo de que apareça algum fiscal a todo momento. Eu moro em Camaragibe, mas escolhi trabalhar aqui pela movimentação, que agora está bem fraca".

Outro ponto de intensa movimentação é a Avenida Afonso Olindense, que dá acesso à praça. Daiana Vitória, 20, e Williams Silva, 21, são casados e moram na Rua Padre Henrique, próxima do Rio Capibaribe. Eles caminhavam na avenida após realizar compras em um mercado - uma das atividades permitidas na quarentena. "Só saímos para ir ao mercado e à farmácia. Ela só veio hoje porque a compra era no cartão de crédito, mas geralmente não sai porque tem anemia crônica e hipertensão”, disse Williams. "Essa área da Várzea está menos movimentada comparada ao dia a dia comum, mas ainda está muito agitado para o que deveria ser", disse Daiana.
Comércio informal, pessoas sem máscaras e idosos sentados na calçada foram vistos na Rua General Polidoro, que costuma ser movimentada em época de aulas na UFPE. No entorno do campus da universidade, pessoas praticavam cooper - algumas em dupla ou trio - usando máscaras. Jovens também passeavam com cachorros encoleirados. Ao lado do Hospital das Clínicas, barradas próximas ao ponto de ônibus ainda funcionavam. No Campo do Banco, cerca de 15 adolescentes jogavam uma partida de futebol. Nenhum deles usava máscara.
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