Diario de Pernambuco
Busca

Saúde

Problema na tireoide não é fator de risco para Covid-19, mas é preciso cuidado

Publicado em: 27/05/2020 18:00 | Atualizado em: 27/05/2020 22:01

Casos extremos de hipertireoidismo pode aumentar o risco de uma pessoa ser infectada. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.)
Casos extremos de hipertireoidismo pode aumentar o risco de uma pessoa ser infectada. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.)

Entre os dias 25 e 29 de maio, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) promove a Semana Internacional da Tireoide. E a pandemia do novo coronavírus entrou em pauta, tendo em vista a necessidade de dar prosseguimento aos tratamentos de problemas nessa glândula, responsável por produzir os hormônios T3 e T4, fundamentais para o metabolismo e o bom funcionamento do corpo humano. O hipotireoidismo (baixa produção) e o hipertireoidismo (alta produção), em si, não são fatores de risco para a Covid-19. Mas alguns detalhes precisam ser observados com atenção.

É o que conta o endocrinologista Gustavo Caldas, que trabalha no ambulatório do Hospital Agamenon Magalhães, localizado em Casa Amarela, Zona Norte do Recife. O alerta real que endocrinologistas fazem é para diabéticos e obesos: “Na obesidade, há muitos processos inflamatórios. E no diabetes, a glicose descontrolada pode servir de combustível para alimentar o vírus”.

Com a chegada da Covid-19, muitos começaram a questionar sobre os problemas na tireoide serem fatores de risco. Mas, de uma maneira geral, não há um aumento. Déficit ou excesso de hormônios tireoidianos não vão determinar se a pessoa irá contrair ou não a doença”, explica. *Apenas nos casos em que esteja presente o componentes da exoftalmia (os "olhos esbugalhados", que correspondem a 30% dos casos), poderá haver necessidade do uso dos corticoides "em doses elevadas, em casos graves da exoftalmia e com risco de perder a visão, pois nesta dosagem o corticoide pode ter efeito imunossupressor e diminuir a imunidade".

Hoje, o tratamento do excesso de produção hormonal pode ser feito de três maneiras: medicação, cirurgia ou aplicação de iodo radioativo. Cirurgias estão desaconselhadas neste período de pandemia. A necessidade deve ser discutida com o endocrinologista. O iodo radioativo também não é o melhor dos caminhos neste momento, já que é aplicado dentro de ambiente hospitalar. Então, o uso de medicação antitireoidiana  por ora, é o mais indicado. “Mais de 70% dos casos de hipertireoidismo são para controlar as taxas hormonais no sangue”, conta Gustavo.

“Há dois remédios muito utilizados para esse controle: o propiltiouracil e o metimazol. Devido a esta pandemia, estamos com dificuldade em encontrar no mercado o propiltiouracil, também chamado de PTU. Então, o paciente que usa ele pode tomar, por enquanto, o metimazol, nas doses que o endocrinologista prescrever, até que a produção do PTU volte ao normal”, aconselha.
'Déficit ou excesso de hormônios não vão determinar se a pessoa irá contrair ou não a Covid-19', explica o endocrinologista Gustavo Caldas, do Hospital Agamenon Magalhães. (Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.)
'Déficit ou excesso de hormônios não vão determinar se a pessoa irá contrair ou não a Covid-19', explica o endocrinologista Gustavo Caldas, do Hospital Agamenon Magalhães. (Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.)

Precauções
No caso do hipotireoidismo, o alerta fica para que os pacientes não mudem a marca da medicação utilizada. “É uma dose diária de hormônios, tanto que é contado por micrograma, e não miligrama, como as medicações comuns. E a mudança pode trazer uma variação de até 30% nas necessidades hormonais da pessoal”, discorre o médico.

Caso a pessoa se infecte com o novo coronavírus e seja internada, deve avisar à equipe médica qual a marca e a dosagem que toma, para que o tratamento não seja interrompido.

Nódulos
A presença de um nódulo na tireoide chama a atenção, tendo em vista que em 20% desses casos são malignos (cancerígenos). “Para saber da presença, precisa de ultrassonografia e, depois, da punção desse nódulo. Mesmo sendo um tumor maligno, a cirurgia para esses casos pode aguardar dois ou três meses, porque são nódulos muito estáveis, diferente de um câncer no fígado ou no estômago”, discorre Gustavo.

Mas a maior de todas as recomendações, para todos os casos, segue sendo a mesma aplicada à sociedade em geral: redobrar o isolamento social.

Campanha
Em 2020, a Semana Internacional da Tireoide está tendo ações virtuais, direcionadas ao público em geral com a divulgação de informações e esclarecimentos sobre tireoide e a Covid-19. O material é publicado nas redes sociais da SBEM, como os Instagrams @tireoidesbem e @sbemnacional; nas páginas de Facebook da SBEM e do Departamento de Tireoide da instituição; e no Twitter, em @sbem_tireoide e @endocrinologia.

Para a campanha, foram produzidos cards variados e quatro vídeos de esclarecimentos sobre os problemas da tireoide e o novo coronavírus, que estão sendo compartilhados nas redes sociais. Já no Instagram, endocrinologistas promovem lives, pontualmente às 18h.

Nesta quarta, o tema foi Orientações aos pacientes com câncer de tireoide em tempos da COVID-19, com a médica Fernanda Vaisman. Nesta quinta-feira (28), o assunto será Cirurgias de tireoide durante epidemia COVID-19: É melhor adiar?. Na sexta (29), Problemas de tireoide e diagnóstico de Covid-19 -Orientações e cuidados com internação. E finalizando, no sábado (30), Tireoidite de Hashimoto, oftalmopatia e uso de imunossupressores.
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL