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Oficiais de justiça enfrentam pandemia para cumprir mandados e garantir segurança

Publicado em: 06/05/2020 13:55 | Atualizado em: 06/05/2020 14:13

 (Paulo Paiva/DP Foto )
Paulo Paiva/DP Foto
Cumprindo mandados presenciais durante a pandemia, os oficiais de justiça de Pernambuco têm vivenciado uma rotina diferente do habitual. O período de plantão vem se mostrando desafiador para os profissionais, que relatam um número crescente de intimações no decorrer do isolamento e redução de profissionais em atuação, que foram afastados por fazerem parte do grupo de risco.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Oficiais de Justiça de Pernambuco, Roberto Soto, apesar do receio do contágio da Covid-19, o trabalho dos oficiais é fundamental para garantir a segurança da população.

“Nós estamos receosos por estar na rua, em contato com várias pessoas, claro. Mas sabemos que o nosso trabalho é essencial para garantir que todos estejam bem e seguros. Temos trabalhado com todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e estamos nos prevenindo ao máximo durante os plantões”, conta Roberto.

O diretor também informou que o número de intimações para casos de agressão contra mulher cresceram no decorrer da quarentena.

“É notável que houve um aumento gigantesco de casos de violência contra a mulher. Das 20 ordens que recebemos em média por plantão, 18 são direcionados para estes casos. É muito importante que as mulheres continuem denunciando porque estamos tomando as medidas cabíveis, temos atuado bastante neste aspecto”, comunica Roberto.

O oficial de justiça Lueuny Luiz informou que além da Lei Maria da Penha, intimações para pensão alimentícia e ordens direcionadas para problemas na saúde também cresceram.

“Temos realizado mandados com bastante urgência para hospitais e farmácias. Muitas pessoas tem pedido leitos, medicamentos e, realmente, tem sido complicado. No caso de pensão alimentícia varia com diversas questões, como redução de salário do pagante, por exemplo”, explica.

Lueuny também explicou que algumas medidas estão sendo alteradas constantemente. De acordo com o oficial, no inicio do decreto do isolamento as ordens de despejo seguiam normalmente, mas passaram a ser flexibilizadas e, em parte, suspensas.

“Os decretos foram readequados de acordo com as situações específicas. Nós passamos a analisar melhor situação de cada um porque não podemos pedir para que as pessoas fiquem em casa se, em alguns casos, as pessoas não terão mais casas”, conta.

Segundo Roberto Coto, mais de 15 mil mandados foram expedidos desde o início do mês de março, e as intimações tem crescido.

“Além do trabalho externo temos o home office também. Quando não estamos no plantão, estamos em casa declarando certidões, enviando o cumprimento das ordens”, explica. 

Lueuny e Roberto enfrentam o medo e a pandemia todos os dias para realizar serviços essenciais para a população. Apesar do comprometimento, os oficiais confessam que o reconhecimento da profissão é mínimo.

“Nós servimos diretamente aos magistrados. Eles enviam os mandados e nós executamos. Estamos ligados diretamente ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Nós somos parte da segurança da população mas não somos policiais”,desabafa Roberto.

Lueuny também confessou que as medidas tomadas em relação à categoria são generalizadas.  

“Nós somos invisibilizados e as pessoas nos confundem com todos os outros profissionais de segurança. Cada um tem sua função, mas nós não somos reconhecidos”, desabafa. 
 
 
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