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'Mensagem de esperança', diz médico que dançou forró com paciente recuperada do coronavírus

Publicado: 22/04/2020 às 17:16

O clínico geral Pedro Diniz dançou forró com paciente, para comemorar a melhora clínica dela./Foto: Reprodução/Twitter.

O clínico geral Pedro Diniz dançou forró com paciente, para comemorar a melhora clínica dela./Foto: Reprodução/Twitter.

O clínico geral Pedro Diniz dançou forró com paciente, para comemorar a melhora clínica dela.
Um vídeo de 16 segundos postado na manhã do feriado de 21 de abril no Twitter pelo clínico geral Pedro Carvalho Diniz  se transformou num símbolo de esperança para estes tempos de pandemia do novo coronavírus. O gesto do médico, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, foi simples, mas de profunda empatia: para comemorar a melhora da saúde de uma paciente com a Covid-19, dançou com ela Asa Branca, de Luiz Gonzaga. 

O fato aconteceu na UTI do Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf). A paciente de 30 anos deu entrada na unidade médica em 1º de abril duplamente doente - contraiu o novo coronavírus e o H1N1 ao mesmo tempo - e foi entubada. Somente no dia 14 voltou a respirar por conta própria. E nesta quarta-feira (22), um dia após comemorar com o médico sua recuperação, recebeu alta médica.

“A covid-19 é uma doença muito solitária. A coordenadora da UTI (que trabalho) já vinha adotando algumas medidas, como colocar televisão, liberar celular para ouvir música. Nas primeiras 24 horas depois que tiramos a ventilação mecânica, ela já estava animada, no leito. Aí ela foi melhorando e eu disse que iríamos dançar um forró para comemorar”, relembra Pedro.

Por coincidência, a paciente já estava bem melhor no plantão seguinte do médico. “Ela estava indo fazer um exercício de fisioterapia, para testar se conseguiria ficar sem o oxigênio que estava recebendo no catéter nasal. E aí filmamos, com autorização dela e da família”, prossegue.

Nascido em Belo Horizonte, Pedro ainda assimila a repercussão do gesto. “Foi muito bonito. Ela foi a primeira paciente de nossa UTI (do HU-Univasf), então teve um valor simbólico muito grande. Em momento algum imaginei que teria essa repercussão toda”, conta Pedro, que trabalha no sertão pernambucano há sete anos. “A gente vê as mortes, aumento de casos no Brasil e no mundo, a falta de leitos de UTI, a situação da Europa. Então (o vídeo) foi uma tentativa de mandar uma mensagem de esperança mesmo, para os pacientes, familiares, trabalhadores da saúde”, afirma.
Pedro antes e depois de se proteger completamente para cuidar dos pacientes com Covid-19.
Dureza
A pandemia deu um nó na rotina de todo o planeta. Pai de dois filhos pequenos - um de quatro anos e outro de cinco meses -, Pedro não pisa em sua casa há quase 20 dias. “A Covid-19 está nos obrigando a redefinir nossa forma de tratar as pessoas, de lidar com a saúde e a higiene pessoal. A doença nos deixa solitários, nos deixa anônimos por causa da quantidade de EPI, além da tensão por causa da alta transmissibilidade do vírus”, conta.

Para poder cuidar de um paciente infectado, Pedro, assim como todos de sua equipe, precisam ficar armados dos pés a cabeça: bota, capote (avental), luva, máscara n95, óculos de proteção, touca e viseira de acetato. “A gente praticamente não se vê. Passamos muito tempo expostos, cuidando das pessoas, e existe a tensão coletiva, o medo de se infectar”, pontua.
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